Artigo recentemente publicado pelo Manuel Azinhal, fez-me reflectir uma vez mais sobre os factores que enformaram decisivamente o Integralismo Lusitano e, em especial, a obra de António Sardinha.
A meu ver, não é possível compreender tal movimento sem se considerar a influência fulcral que sobre ele exerceu a doutrina católica tradicional, matizada pela luta antiliberal e contra-revolucionária que a Igreja se viu compelida a travar, desde finais do século XVIII, contra o jacobinismo iluminista e os seus frutos, os quais se consumaram na Revolução Francesa e no espírito do século que dela derivou, impondo a ditadura totalitária do relativismo ético-moral.
Assim sendo, tendo sempre em conta esse circunstancialismo, constata-se que o influxo dos pensadores tradicionalistas católicos é causa de primeira grandeza na formação do património ideológico integralista: este último é imperceptível, se não se sopesar o contributo que para o mesmo deram figuras comos os portugueses Frei Fortunato de São Boaventura, Padre José Agostinho de Macedo ou o Visconde de Santarém, o espanhol Donoso Cortés, os franceses Maistre, Bonald, Louis Veuillot, ou Cardeal Pio, mais até do que o próprio Maurras; mesmo no interior da Action Française, convém relembrar que Sardinha estimava particularmente Jacques Maritain - por suposto, o bom Maritain de "Antimoderne", antes de ter sido pervertido ao personalismo e à democracia cristã de Mounier… Tudo isto, claro, sem olvidar o papel determinante desempenhado em tal processo pelo magistério dos Papas Pio IX, Leão XIII e São Pio X.
E se as influências ideológicas do Integralismo, e em particular de Sardinha, não se cingem ao Catolicismo tradicional - aquele não esconde uma notória simpatia, entre outros, por Vacher de Lapouge, autor dos célebres livros "Les Selections Sociales" e "L'Aryen" -, a verdade é que o Integralismo é intrínseca e fundamentalmente animado por um espírito católico tradicional, antiliberal, contra-revolucionário e, por conseguinte, antimodernista, conforme se infere das palavras do próprio António Sardinha quando, no artigo "Testemunho duma Geração", publicado no seu "A Prol do Comum - Doutrina & História", executa o retrato da geração integralista:
"Geração de sacrifício e de resgate, já nós sabemos o que vale, tanto nas suas predilecções mais caracterizadas, como nas suas figuras representativas. É católica e monárquica. E é-o pelo coração e pela inteligência, realizando assim o acordo dessas duas ordens de conhecimentos do homem, - a ordem do coração segundo Pascal, e a ordem da inteligência segundo Descartes. Proclamemo-lo bem alto, numa hora em que as forças negativas da sociedade julgam chegado o seu triunfo! É antes a sua derrota que se aproxima, porque se aproxima o advento daqueles que, na expressão iluminada do neto de Renan, tomaram o partido dos avós contra o partido de seus pais. A guerra não acabou - a guerra continua! É uma guerra espiritual, de que sairão vitoriosos os direitos de Deus, e, mais nobre e mais invencível, a autoridade esquecida do sangue. Quem não nasceu para vítima, nasceu para apóstolo.
Apóstolos da Esperança, não é só o Portugal-Maior que nós haveremos de restituir à sua grandeza perdida. É também o Portugal cristão, - o Portugal cuja vocação histórica foi dilatar a Fé e o Império.
São calcinados e cheios de redes os caminhos que nos conduzem lá. Mas nem por isso o desfalecimento consegue aninhar-se-nos no peito. Se os Mortos mandam, os Mortos marcham connosco, ressuscitados da treva inferior do sepulcro pelos nosso votos de libertação.
Silêncio! Numa vigília atenta passam os cavaleiros da Grei. É Portugal que passa com eles para uma outra manhã de Ourique que já se anuncia tão gloriosa como a primeira!"
A meu ver, não é possível compreender tal movimento sem se considerar a influência fulcral que sobre ele exerceu a doutrina católica tradicional, matizada pela luta antiliberal e contra-revolucionária que a Igreja se viu compelida a travar, desde finais do século XVIII, contra o jacobinismo iluminista e os seus frutos, os quais se consumaram na Revolução Francesa e no espírito do século que dela derivou, impondo a ditadura totalitária do relativismo ético-moral.
Assim sendo, tendo sempre em conta esse circunstancialismo, constata-se que o influxo dos pensadores tradicionalistas católicos é causa de primeira grandeza na formação do património ideológico integralista: este último é imperceptível, se não se sopesar o contributo que para o mesmo deram figuras comos os portugueses Frei Fortunato de São Boaventura, Padre José Agostinho de Macedo ou o Visconde de Santarém, o espanhol Donoso Cortés, os franceses Maistre, Bonald, Louis Veuillot, ou Cardeal Pio, mais até do que o próprio Maurras; mesmo no interior da Action Française, convém relembrar que Sardinha estimava particularmente Jacques Maritain - por suposto, o bom Maritain de "Antimoderne", antes de ter sido pervertido ao personalismo e à democracia cristã de Mounier… Tudo isto, claro, sem olvidar o papel determinante desempenhado em tal processo pelo magistério dos Papas Pio IX, Leão XIII e São Pio X.
E se as influências ideológicas do Integralismo, e em particular de Sardinha, não se cingem ao Catolicismo tradicional - aquele não esconde uma notória simpatia, entre outros, por Vacher de Lapouge, autor dos célebres livros "Les Selections Sociales" e "L'Aryen" -, a verdade é que o Integralismo é intrínseca e fundamentalmente animado por um espírito católico tradicional, antiliberal, contra-revolucionário e, por conseguinte, antimodernista, conforme se infere das palavras do próprio António Sardinha quando, no artigo "Testemunho duma Geração", publicado no seu "A Prol do Comum - Doutrina & História", executa o retrato da geração integralista:
"Geração de sacrifício e de resgate, já nós sabemos o que vale, tanto nas suas predilecções mais caracterizadas, como nas suas figuras representativas. É católica e monárquica. E é-o pelo coração e pela inteligência, realizando assim o acordo dessas duas ordens de conhecimentos do homem, - a ordem do coração segundo Pascal, e a ordem da inteligência segundo Descartes. Proclamemo-lo bem alto, numa hora em que as forças negativas da sociedade julgam chegado o seu triunfo! É antes a sua derrota que se aproxima, porque se aproxima o advento daqueles que, na expressão iluminada do neto de Renan, tomaram o partido dos avós contra o partido de seus pais. A guerra não acabou - a guerra continua! É uma guerra espiritual, de que sairão vitoriosos os direitos de Deus, e, mais nobre e mais invencível, a autoridade esquecida do sangue. Quem não nasceu para vítima, nasceu para apóstolo.
Apóstolos da Esperança, não é só o Portugal-Maior que nós haveremos de restituir à sua grandeza perdida. É também o Portugal cristão, - o Portugal cuja vocação histórica foi dilatar a Fé e o Império.
São calcinados e cheios de redes os caminhos que nos conduzem lá. Mas nem por isso o desfalecimento consegue aninhar-se-nos no peito. Se os Mortos mandam, os Mortos marcham connosco, ressuscitados da treva inferior do sepulcro pelos nosso votos de libertação.
Silêncio! Numa vigília atenta passam os cavaleiros da Grei. É Portugal que passa com eles para uma outra manhã de Ourique que já se anuncia tão gloriosa como a primeira!"
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