segunda-feira, fevereiro 25, 2013

O caso D. Carlos Azevedo

Acerca do caso envolvendo D. Carlos Azevedo - que já ganhou relevância internacional -, concordo com o Padre Nuno Serras Pereira: até prova em contrário, a prudência manda presumir inocência. Trata-se de um caso clássico de palavra do acusador contra a do acusado, no qual a prova é sempre muito difícil de ser feita e em que, dependendo das simpatias ou antipatias pessoais que os envolvidos nos mereçam, a tendência natural é crer na palavra de um ou de outro.

Por mim, após haver lido a reportagem da “Visão”, que quanto a factos concretos é efectivamente muito pobre, fico até convencido de que a sua publicação - numa revista de notória inspiração mundialista e jacobina, sublinhe-se - só foi possível por o seu autor, revelando a ignorância característica dos jornalistas em matéria religiosa, ter partido da suposição errónea de que D. Carlos Azevedo seria um bispo conservador.

Ora, D. Carlos Azevedo não é um bispo conservador, muito pelo contrário é um progressista e bem radical, como se pode comprovar pela leitura destes três artigos (I, II e III) publicados neste espaço. Assim, é notório que o tiro acaba por sair pela culatra à “Visão”, que com tal reportagem terá eliminado definitivamente as hipóteses que ainda restariam ao mesmo D. Carlos Azevedo de vir a ser o futuro Patriarca de Lisboa (cargo para o qual, pela sua postura doutrinária heterodoxa, é manifesto não servir, independentemente de ser ou não homossexual e culpado ou não de assédio sexual). 

terça-feira, fevereiro 12, 2013

A abdicação de Bento XVI analisada por Michael Voris

A abdicação do Papa Bento XVI

Saio do torpor a que me remeti, fruto de um misto de cansaço decorrente de uma actividade profissional exigente e de desânimo derivado do estado de coisas do mundo que me rodeia, para escrever um breve comentário sobre a anunciada abdicação de Sua Santidade o Papa Bento XVI.

Trata-se de uma notícia que me causou, num primeiro momento, profundo espanto. Subsequentemente, deixou-me triste, muito triste, tristíssimo, com uma intensa vontade de chorar. Confesso-o. Racionalizando, é verdade que pela ordem natural das coisas, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou outra, este dia - o do fim do pontificado do Papa Ratzinger - acabaria sempre por chegar. Mas a sua concretização dói. Bastante.

Com Bento XVI, pela primeira em quarenta anos, a Igreja institucional deixou de ser para os católicos tradicionais, se não motivo de escândalo, pelo menos causa de perplexidade, para passar a ser também razão de legítimo orgulho. Momentos como o discurso de Natal à cúria romana, datado de 22 de Dezembro de 2005, sobre a hermenêutica da continuidade, ou a promulgação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” ficarão como pontos altos de um pontificado que, com todas as falhas que se lhe possam apontar, inverteu uma tendência de degeneração progressista que se verificava desde os anos 60. Por isto, nesta hora, não hesito em dizer: muito obrigado, Santidade!

Quanto ao mais, o futuro próximo do Papado não se me afigura especialmente brilhante. No conclave que se anuncia participarão vários cardeais eleitores absolutamente imprestáveis, impróprios para consumo e com prazo de validade há muito esgotado: Daneels (emérito de Malines), Mahoney (emérito de Los Angeles), Bergoglio (Buenos Aires), Policarpo (Lisboa), Lehmann (Mainz) ou Meisner (Colónia). Sem pretender especular, e na certeza de que quem entra Papa num conclave sai de lá cardeal, Schönborn (Viena) será o candidato natural do progressismo. As esperanças da Catolicidade recairão sobre os ombros de Burke (Tribunal da Assinatura Apostólica) e Ranjith (Colombo), que poderão ser secundados por Scola (Milão) ou Cañizares (Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos).

Repito, humanamente falando, o panorama não é brilhante; porém, a Igreja Católica é uma instituição de origem divina, com auxílios e garantias divinas. Nessa certeza, só nos resta rezar e pedir a intercessão de Nossa Senhora para que o próximo conclave, iluminado pelo Espírito Santo, tenha a capacidade de eleger um Papa que seja um autêntico defensor da ortodoxia da fé e moral católicas, venha ele de onde vier.

Enfim, para terminar, um motivo de não pequena esperança: Bento XVI continua entre nós e vai andar por aí…