sexta-feira, maio 30, 2008

Monges Cistercienses de Stift Heiligenkreuz



Ontem ao final do dia, certamente para compensar uma semana que está a ser extenuante (não falta razão ao meu amigo FSantos), ao abrir a caixa de correio, tive a grata surpresa de nela encontrar à minha espera uma encomenda da Amazon inglesa contendo o belíssimo "Chant - Music For Paradise", dos monges cistercienses de Stif Heiligenkreuz, disco que os catapultou para o topo das tabelas de vendas no Reino Unido. Sobre a qualidade deste trabalho, deixo aos meus leitores a crítica que dele foi feita no magnífico "New Liturgical Movement", ademais do excelente sítio promocional de que o mesmo dispõe na rede.

Recordo que a Abadia de Stif Heiligenkreuz (Santa Cruz), situada nos arredores de Viena, remonta aos começos do século XII (é portanto contemporânea de Alcobaça) e foi visitada pelo Santo Padre Bento XVI durante a viagem que efectuou à Áustria, no passado mês de Setembro de 2007, e não por acaso certamente. Como é possível constatar pelas imagens supra, a Abadia está na vanguarda da "Reforma da Reforma" tão querida ao Papa, e no pleno trilho do espírito com que este pretende que a Liturgia católica seja celebrada.

segunda-feira, maio 26, 2008

Clovis Diffusion











À imagem do que sucede há muito com a sua congénere Angelus Press, de língua inglesa, está finalmente disponível em linha a "Clovis", a editora de língua francesa da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, responsável pela edição de obras absolutamente fulcrais para a prossecução do bom combate da tradição.

Recordo que todos os católicos tradicionais, na medida das suas capacidades e disponibilidades, têm o dever de cultivar, aprofundar e esclarecer a sua fé com recurso ao estudo e leitura dos melhores autores, sob pena de tal fé ficar reduzida a uma mera piedade natural respeitável mas incapaz de resistir aos ataques dos lobos modernistas com pele de cordeiro que lhe possam surgir ao caminho.




Da excelência do traje eclesiástico


"Siete Excelencias de la Sotana", um interessante artigo publicado no blogue "Crux et Gladius" sobre o porte do traje eclesiástico, um dos acessórios da tradição mais odiados pela turba modernista e progressista.

Aproveito a ocasião para lamentar, uma vez mais, o abandono quase total do uso deste traje por parte da maioria do clero português, indício exterior da sua gravíssima laicização, sem paralelo em qualquer outro país europeu, talvez com a excepção de França.

sábado, maio 17, 2008

Ainda o Papa e a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X


Causou evidente comoção entre alguns bons leitores deste espaço, especialmente do Brasil, merecendo mesmo reacção crítica de alguém que muito admiro, o último artigo que o meu amigo Rafael Castela Santos escreveu sobre o ponto da situação das relações entre o Vaticano e a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. Não irei agora analisar esse artigo, tanto mais que o Rafael já prestou as suas explicações na caixa de comentários respectiva, mas antes dar a minha opinião sobre o tema de fundo que lhe subjaz.

Primeiramente, mentiria se dissesse que não fiquei desiludido com o facto de a FSSPX ainda não ter conseguido chegar a um acordo - que tanto desejo - com Roma; porém, se bem li o comunicado de Monsenhor Fellay, permanecem abertas todas as portas a um diálogo com vista à consecução de tão almejado fim.

É verdade que logo após a publicação do "Summorum Pontificum" defendi aqui o seguinte: "(…)incumbe agora aos tradicionalistas cerrarem fileiras à volta do Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, e protegerem-no das investidas selvagens dos lobos modernistas e progressistas"; contudo, não posso deixar de compartilhar as preocupações manifestadas por alguns dos nossos leitores na caixa de comentários, tendo sempre presente que a prudência é por excelência uma virtude cristã. A este respeito, relembro o que o próprio Rafael escreveu em Outubro de 2007, também n'"A Casa de Sarto", e que subscrevo na íntegra:

"Santo Padre: si Su Santidad no nos protege y ampara, quedaremos una vez más a la intemperie, y no por nuestra voluntad, sino por la terquedad y empecinamiento de muchos miembros del Alto Clero y algunos Sacerdotes enfangados en el modernismo –y quién sabe si a veces en cosas peores-. Nosotros no somos católicos tradicionalistas para estar contra Roma o contra el Papa. Todo lo contrario: somos tradicionalistas para estar más con Su Santidad y para ser más romanos si cabe. Santo Padre: le necesitamos. Necesitamos su paternal y providencial tutela. Necesitamos que nos defienda y que impida el socavamiento activo y pasivo del apostolado de la Tradición.Yo no soy canonista, pero estoy seguro de que Su Santidad puede blindar la Tradición. Blindarla para que no sea atacada, erosionada y disminuida. Y blindarla, también, para que no sintamos esa intemperie que a nadie beneficia. ¿Qué hijo pequeño no quiere estar con su madre? ¿Qué madre solícita dormiría tranquila sabiendo que uno de sus pequeñuelos está amenazado, solo y en peligro? ¿Cree que nosotros, simples católicos tradicionalistas de a pie, no añoramos la presencia cálida y maternal, la protección y el amparo de la Santa Madre Iglesia? ¿Quién soy yo para decirle a Su Santidad si una Prelatura Personal, un Patriarcado especial u otra institución canónica es el mejor modo de conseguir esto? Lo que sí me atrevo, humildemente, a expresar a Vuestra Santidad es, precisamente, que queremos estar dentro de la Iglesia pero no para ser hostigados, sino para aportar nuestro grano para que la Fe sin mancha vivifique de nuevo a toda la Iglesia.Su Santidad sabe mejor que nadie, porque el Vicario de Cristo en la tierra sigue gozando de Gracias que nadie más tiene, que el tiempo se nos acaba. No sólo nuestro tiempo personal, pues la Hermana Muerte Corporal puede estarnos esperando a la vuelta de la esquina más próxima, sino el tiempo de este mundo que se precipita hacia el Juicio de las Naciones sin katechon alguno que lo frene. Su predecesor Pablo VI dijo que “el humo de Satanás” había entrado en la Iglesia como consecuencia del Vaticano II. ¿No será entonces mejor motivo para mejor servir a Dios en este mundo y darle Gloria aquí y en el más allá el que la Tradición disipe esos vapores tóxicos y malignos como la luz del amanecer disipa las tinieblas? Como hijo fiel que respeta y venera profundamente a Su Santidad me atrevo a preguntarle con confianza filial, ¿no contribuiría ese blindaje de la Tradición, un blindaje que sólo nos puede dar hoy por hoy el Vicario de Cristo en la tierra, al bien común de la Iglesia?"

Ora, é meu humilde juízo que uma vez garantida por Sua Santidade o Papa Bento XVI a pretendida "blindagem da Tradição", a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X deverá colocar imediatamente um ponto final ao litigio que a opõe a Roma, dado que não é cismática, nem sedevacantista. Assegurada pela pessoa do Sumo Pontífice a salvaguarda da obra de defesa da tradição que a Fraternidade ergueu nestes últimos quase quarenta anos e asseverado que a mesma não será estiolada, nem cairá sob a jurisdição dos hereges modernistas que ao nível episcopal continuam a ser legião, o estado de necessidade que a FSSPX invoca para justificar a sua situação excepcional terá cessado, devendo esta assumir em pleno a sua nova situação jurídica de total regularidade canónica, através da qual se verá definitivamente livre dos rótulos injustos e infames de "excomungada" e "cismática" que ainda a atormentam, pesem todas as clarificações prestadas nos tempos mais recentes por Sua Eminência o Cardeal Castrillón. Desta maneira, permitirá que o combate de defesa da tradição ganhe redobrado alento e dinamismo, atraindo para o seu seio novos fiéis desiludidos com o modernismo e progressismo, em especial jovens.

Contrapor-me-ão alguns leitores que a crise na Igreja continua, que o Papa persiste na defesa do falso ecumenismo do pós-V2 (o que até nem é totalmente correcto), bem como de outras posições doutrinariamente menos claras, ao que eu replico insistindo:

I) Monsenhor Lefebvre fundou a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, no ano de 1970, para servir a Igreja num momento de crise gravíssima, tendo em vista a ordenação de bons sacerdotes com sólida formação católica tradicional que a pudessem socorrer durante a feroz tormenta que na altura já atravessava; porém, nunca foi sua intenção criar uma igreja paralela, mas antes incardinar tais sacerdotes pelas dioceses do mundo inteiro;

II) A Fraternidade não é cismática, nem sedevacantista, tendo sempre reconhecido o Primado de Pedro e, como tal, a obediência legítima que a este é devida;

III) Em 1988, Monsenhor Lefebvre não hesitou em negociar um acordo com Roma, mau-grado o gravíssimo escândalo que o Papa João Paulo II havia provocado dois anos antes com a realização do encontro ecuménico de Assis.

É certo que a crise na Igreja subsiste, e com que enormidade!

Atente-se ao infame caso português. Missas celebradas segundo o rito tradicional latino-gregoriano fora das capelas da FSSPX, nenhuma! Abusos litúrgicos no "Novus Ordo" paulino, uma constante! Episcopado cismontano, hostil em maior ou menor grau ao Papa, e indigente ao nível doutrinário! Seminários diocesanos que ministram uma deficientíssima formação de pendor totalmente modernista e progressista! Sacerdotes que de teologia conhecem tão-só hereges notórios e perversos como Teilhard de Chardin, Karl Rahner ou Leonardo Boff, que repudiam a obra de São Tomás de Aquino à revelia do recomendado pelos Papas Leão XIII e São Pio X, que tomam como bispo exemplar o apóstata francês Jacques Gaillot, e que se comportam sem o decoro que o seu especialíssimo estado exigiria! Enfim, leigos que se afirmam praticantes, mas que não passam de "católicos" de letreiro e cismáticos "de facto", pelo modo público, reiterado e raivoso como desprezam o magistério eclesial, renegando-o com a defesa que fazem do divórcio, da anticoncepção artificial, do aborto, da eutanásia, da ordenação sacerdotal de mulheres e do desdém da lei natural, quando não arremetem com raiva infernal contra dogmas de fé como a infalibilidade papal, a natureza propiciatória do Santo Sacrifício da Missa, ou mesmo a Imaculada Conceição, a Virgindade Perpétua de Nossa Senhora e a Ressurreição de Cristo!

É óbvio que o Santo Padre Bento XVI não corrobora este estado de coisas, o qual não é um exclusivo português, e, desde que subiu ao Trono de Pedro, tem vindo a dar sinais crescentes de ser sua firme intenção pôr-lhe um cobro. Demonstram-no a sua condenação da hermenêutica da ruptura inerente ao "espírito do V2"; o discurso de Regensburg; a promulgação do "Summorum Pontificum"; a prossecução da reforma da reforma litúrgica de 1969 com os altares decorados em estilo beneditino e as celebrações oficiadas "ad orientem", em latim e com recurso ao gregoriano, num ambiente perfeitamente tradicional de grande reverência, sacralidade e elevação espiritual; a publicação da encíclica "Spe Salvi", recordando aos homens os novíssimos - Morte, Julgamento, Céu ou Inferno - como nenhum Papa o havia feito no pós-V2; ou a clarificação de que a Igreja de Cristo é a Igreja Católica; tudo factos que já diferenciam grandemente o seu pontificado dos desastres que foram os de Paulo VI e João Paulo II, como de resto o reconhece um ilustre tradicionalista que bastante prezo.

Contudo, um Papa isolado nada pode, mau-grado todo o discernimento que o Espírito Santo lhe conceda. Há dois anos, o Padre Domenico Bartolucci, maestro da Capela Sistina, dizia que o Santo Padre era um Napoleão sem generais. Creio que tais declarações não se podem tomar completamente à letra, pois é impossível ignorar o precioso auxílio que o Cardeal Castrillón, Monsenhor Malcolm Ranjith, Monsenhor Guido Marini ou até o Bispo Athanasius Schneider têm prestado a Bento XVI. Mas estes, por si sós, não bastam. O Papa, conforme o presenciaram as Beatas Isabel Canori Mora ou Jacinta de Fátima nas suas visões, continua cercado por quase todos os lados por lobos rapaces, inimigos de Cristo, que se empenham em sabotar as intenções pontifícias, precisando assim de mais generais fiéis que se saibam manter firmes no combate sem tréguas nem quartel que é a defesa da Santa Igreja Católica.

Em face do que disse, que melhores ajudantes de campo poderia ter nesta luta o Sumo Pontífice, que não Monsenhores Bernard Fellay, Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta, secundados por todos os sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis leigos da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, mais o seu poderoso arsenal doutrinário não poluído pela heresia modernista e solidamente ancorado na tradição? Para que os consagrou Monsenhor Lefebvre, se não para o momento crucial que se aproxima? Portanto, se Pedro blindar a tradição e lhes pedir auxílio para a luta, não deverão em hesitar acorrer-lhe pronta, diligente e pressurosamente. "Se o Papa me chama, eu vou, aliás eu corro. Isto é certo. Por obediência. Por filial respeito para com o chefe da Igreja."

Viva a FSSPX! Viva o Papa!

segunda-feira, maio 12, 2008

Tradição sem cedências


Grande e importante entrevista do Cardeal Castrillón, Presidente da Pontifícia Comissão "Ecclesia Dei", sobre todo um conjunto de questões respeitantes à Missa Tradicional de rito latino-gregoriano. Em Roma, há de novo quem saiba falar em termos de sim, sim, não, não!

sábado, maio 10, 2008

Instruções em DVD sobre o modo de se celebrar o Santo Sacrifício da Missa



Através de um correio electrónico da "Una Voce", recebo a notícia de que Fraternidade Sacerdotal de São Pedro acaba de lançar um DVD destinado à instrução dos sacerdotes católicos que pretendam aprender a celebrar o Santo Sacrifício da Missa segundo o rito tradicional latino-gregoriano. Editado numa primeira fase em inglês e espanhol, o DVD pode ser encomendado neste sítio, sendo as suas imagens promocionais supra exibidas excelentes.

É justo recordar que no ano transacto, também a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X publicou um óptimo DVD com igual desiderato, que foi inclusive distribuído gratuitamente a todos os sacerdotes portugueses. De tal facto, dei conta aqui em devido tempo; recordo agora também, abaixo, algumas imagens desse DVD.

quinta-feira, maio 08, 2008

¿Cordura?

Las últimas declaraciones públicas de Monseñor Fellay me parecen no desafortunadas, sino desafortunadísimas. No quiere decir esto que un servidor se “enfrente” ahora a la Hermandad Sacerdotal de San Pío X (HSPX), porque ya hay –incluído en el círculo próximo a Monseñor- quien le dirá semejante estupidez, cualesquiera que sean las voces críticas –sensatas o insensatas, fundamentadas o no, cabales o enloquecidas- que puedan surgir alrededor. De mi defensa de la HSPX ya di cuenta desde esta misma atalaya, así que no voy a insistir.
Como no soy ningún religioso, ni miembro de ninguna Orden Tercera, ni estoy inscrito en ninguna tenida, ni soy cliente de tugurios y antros de mal vivir, ni tengo sarpullidos aparicionistas ni sarampiones modernistas, ni nada ... y encima soy algo anticlerical, me voy a permitir llamar ciertas cosas por su nombre. Y como quiero a la HSPX, no voy a permanecer callado.
De hecho mi crítica es más por forma que por fondo.
Cierto, en materia de fondo la Hermandad de San Pío X ha mantenido una postura tan sólida doctrinalmente como aburrida y falta de originalidad. La Tradición de siempre, sin virajes ni adulteraciones, ha sido el bastión sobre el que descansa la postura de la HSPX. A Dios gracias. Y que así sea muchos años. Y no menos cierto ha sido que la Jerarquía, Roma misma, ha actuado de una manera tan injusta como cruel en ocasiones contra la Tradición. De esto último las pruebas son contundentes porque la travesía en el desierto durante los Pontificados de esos dos tahúres eclesiásticos de Pablo VI y de Juan Pablo II ha sido durísima.
Sin embargo decir, o insinuar, que en Roma no han cambiado las cosas es no darse cuenta de lo obvio. Si hasta en las formas ha habido cambios. Ahora en los alrededores de Roma se puede entrar en tiendas de objetos religiosos y ver una orfebrería y unas ropas litúrgicas dignas de dicho nombre, por decir algo de menor calibre; cuando estos mismos sitios durante el Pontificado de Juan Pablo II eran antros lóbregos de feísmo. Negar por otro lado que el Motu Proprio no cambia el status quo, no es ya negar: es ser refractario a la realidad.
¿Dónde está el cambio? Pues pura, lisa y llanamente en el Papa. Que Su Santidad Benedicto XVI no es perfecto, ya lo sabemos. Que no es el Papa que en puridad se podría soñar, no lo es menos. Pero es el Papa. Es el Vicario de Cristo y la Piedra sobre la que se edifica la Iglesia. ¿Cree acaso Fellay que el próximo Papa estando como está el mundo va a ser como Benedicto XVI? Que no lo sueñe. Benedicto XVI es lo mejor que le ha podido pasar a la Tradición en los tiempos que corren y sólo pertenece a los arcanos del Espíritu Santo la fortaleza que tuvo que insuflar al Santo Padre para que pudiera acometer el Motu Proprio con la pléyade de enemigos tan formidables que tiene la Tradición dentro de la Iglesia. ¿Cree honestamente Monseñor Fellay que una crisis de 40 años, como poco, se va a resolver en un abrir y cerrar de ojos?
¿Qué pasa con el Santo Padre? ¿Qué sería mejor que optase por una filosofía más escolástica y se dejase de monsergas fenomenológicas? Sin duda. ¿Qué sería mejor –si es que puede y está de su mano, pues Roma está desbocada- que hubiera hecho otros nombramientos de los que ha hecho? Sin duda. ¿Qué sería mejor que fuera más alto, más guapo, más joven, más fornido y con menos problemas de corazón? También; sin duda. Etcétera.
Pero el quicio de esta cuestión no radica es querer un Santo Padre hecho a nuestra medida. El hecho es analizar con realismo, objetividad y un mínimo de frialdad lo que el Santo Padre ha hecho. Para empezar del Ratzinger de 1965 tiene, a Dios gracias, muy poco que ver con Benedicto XVI. Ha habido un camino de Damasco del Santo Padre y él lleva clavadas dos espinas en su haber, espinas de las que tardando no mucho habrá de responderle a Dios: su dudoso comportamiento en Fátima en relación al Tercer Secreto y su participación en la inicua “excomunión” de Lefebvre. Añádase su terca voluntad, como buen teutón. Fellay no puede negar que el Papa mira con simpatía la Tradición. No es sólo el Motu Proprio. Son montones de hechos. Sus libros, queriendo volver a los esquemas de la Liturgia de siempre (p. ej., su insistencia en decir la Misa mirando hacia el Sagrario, lo cual lo ha materializado). Su empeño en mantener un diálogo abierto con la Tradición. Sus Encíclicas, que revelan una fundamentación tradicional y ya no son aquellos tochos infumables escritos por algún plumífero chikilicuatre cuyas únicas referencias eran al Vaticano II (¡malditos tautólogos!). Etc.
Con todo ese bagaje la peregrina idea de Monseñor Fellay de insinuar que las puertas están cerradas con Roma resulta en una afrenta a la razón y una temeridad culpable. Parece participar Fellay de ese sentimiento tan frecuente en la Tradición de que la solución a todo este problema es divina, cuasi-mística. En todo caso, es una solución súbita. Pues no. En primer lugar ayudémonos nosotros mismos, que Dios nos ayudará. La crisis de la Iglesia, mejor comprendida por la HSPX que por ningún otro sector de la Tradición, tiene ya 40 años como poco y pensar que la solución a la misma va a ser fulminante es pueril.
No sé si todo esto obedece a una especie de táctica ad hoc, quizás estrategia, por parte de Monseñor Fellay. Si así fuera, está tensando la cuerda con Roma en exceso. Peligrosamente diría. Tengo para mí que si esto es un juego táctico Fellay está sobreestimando sus cartas. Como los clérigos cuando dicen “caramba” en realidad quieren decir “coño” dar la callada por respuesta equivale a mandar a tomar por saco. Y eso, mi querido Monseñor Fellay, equivale en diplomacia a una declaración de guerra. Estoy seguro que la siempre admirable nación suiza está contentísima de que Monseñor Fellay no decidiera hacer carrera diplomática. A juzgar por los hechos uno acaba por inferir que si Fellay decidiera secularizarse -¡líbrenos Dios!- su status en la diplomacia sería no sólo el de desempleado, sino el de desempleable. Desempleable vitalicio, debiera añadir.
Que nadie se engañe. El Papa es muy listo. Tiene una mente académica privilegiada y penetrante. Y tiene no sólo conciencia de autoridad sino que sabe cómo ejercerla, con autoritarismo incluso. No va a tolerar en asuntos de su jurisdicción directa, y la situación de la Tradición es uno de ellos, que la gente haga lo que le dé la gana, como le dé la gana y cuando le dé la gana. Para eso es Papa y para eso es bávaro.
Han de darse situaciones muy graves, gravísimas, para que uno tenga que optar por desafiar al Papa. A San Marcel Lefebvre (sí, Santo, aunque no lo quieran canonizar por el momento) no le quedó más remedio. Y bien a su pesar. Porque Monseñor Lefebvre, formado como estaba en un Seminario de Roma, y no en un tugurio jansenista de esos que proliferan en Francia, sí tenía absolutamente clara la necesidad de la Romanitas, virtud que en mayor o menor medida debe adornar a todo católico. Sin excepción.
A muchos tradicionalistas nos gustaría que nos explicaran los prebostes de la HSPX cómo es posible seguir con una posición frente a Roma idéntica a la que –muy a su pesar- tuvo que ejercer Monseñor Lefebvre cuando es posible que las peticiones del Santo Obispo de entonces puedan ser atendidas hoy día. ¿Por qué no se hace el saludable ejercicio de ver qué quería concreta y específicamente Monseñor Lefebvre en 1988 –cuando le negaron todo, hasta el aire- y qué se ofrece por parte de Roma a la Tradición hoy día? A ver si va a resultar que lo que el Fundador de la Hermandad de San Pío X quería en 1988 sí es plausible conseguirlo hoy.
¿O es que Monseñor Fellay quiere montar la fiesta por su cuenta? Ya sé que la HSPX no es herética. Ni cismática. Pero maldita la gracia que nos hace a algunos una actitud, una forma, más en concordancia con lo cismático que con lo verdaderamente católico.
Algunos de nosotros estamos ya hartos (y, ¡vive Dios!, que el cuerpo me pide expresar esta idea de un modo mucho más castizo) de que aquí se dé por zanjada la cuestión. ¿No es también tradición de la Iglesia el solucionar mediante el diálogo esta cuestión? ¿Puede decir Monseñor Fellay con el corazón en la mano si ha encontrado acaso una recepción y una disposición por parte de Roma mejor que las actuales no ya sólo durante sus mandatos como Superior de la HSPX, sino durante toda la historia de la HSPX?
De los Obispos de la HSPX no sabe uno ya qué pensar. Monseñor de Galarreta, un hombre de oración y garra contemplativa como pocos, desaparecido en combate. Monseñor Tissier de Mallerais, profundo y con una gravitas que ya quisiéramos para todo el Episcopado, subido en el ficus, como de costumbre. Y Monseñor Williamson (me disculparán si tengo una debilidad especial por éste por lo listo, lo listísimo que es) haciendo de las suyas, de enfant terrible, últimamente más de enfant que de terrible, para orgullo suyo, vergüenza de muchos y desgracia de todos.
Y todos ellos haciendo mutis por el foro.
Y yo sigo preguntándome: ¿Cómo se explica que un hombre de naturaleza afable y que rezuma amabilidad como Fellay se nos haya vuelto autista? ¿Por ventura es mudo? ¿O simplemente su última Carta es un ejercicio de gilipollez sublime? ¿O acaso un farol de póker de poca monta?
¡Señores Obispos de la Tradición! ¡Despierten! ¿Nos oyen? Hello! Estamos aquí. Somos fieles de a pie que estamos en la Tradición porque queremos ser romanos, cien mil veces -infinitamente- más romanos que los modernistas, no porque queramos permanecer en el limbo del no man’s land por toda la Eternidad. Si somos católicos, Roma es nuestro sitio. Queremos estar bajo la férula de Roma porque como católicos tradicionales que somos queremos joder desde dentro, no obligados a estar jodidos y fuera.
Me temo que uno no puede dar la callada por respuesta a Roma. Quizás en circunstancias excepcionalísimas. Y ahora no se dan. Por tanto, con el debido respeto (pero si hace falta sin ningún respeto también), me atrevo a invitar a Monseñor Fellay a que hable con quien sea menester y a que se llegue –con todas las seguridades y garantías, que eso es el oficio de Fellay- a una solución para que la Tradición esté regularizada dentro de la Iglesia oficial (pues de la Iglesia Mística algunos se tendrían que preguntar quién está dentro y quién fuera). Y que no sobrestime sus bazas ni minusvalore el poder del Vicario de Cristo.
No habrá muchas posibilidades en el futuro de poder regularizar la situación con Roma. Vienen tiempos duros, de hierro.
Ni Monseñor Fellay ni ningún Obispo ni clérigo de la Tradición puede dejar a los simples fieles tirados. Por culpa de esta circunstancia algunos llevamos padeciendo lo indecible. Lo natural para un católico es estar bajo el manto protector de Roma. Lo contranatural es estar a la intemperie, particularmente si no hay necesidad grave de estarlo.
¡Viva la Hermandad de San Pío X! ¡Viva el Papa!

Rafael Castela Santos