segunda-feira, setembro 10, 2007

A lei do número e a defesa da tradição


O nosso amigo da "Gazeta da Restauração" mostra-se desolado pelo facto de a sua iniciativa "Tradicionalistas em Portugal" estar a correr mal, dado haver obtido até ao momento apenas vinte e uma respostas positivas.

Pessoalmente, não encararia com tal negativismo esse resultado: sem prejuízo de reconhecer que a ignorância religiosa é extrema em Portugal, estribando-se a fé da maior parte dos católicos portugueses exclusivamente numa piedade natural sem qualquer aprofundamento em termos doutrinários (passando, assim, a muitos desapercebida a importante questão dos ritos e da "lex orandi, lex credendi"), e também de saber que a iniciativa foi publicitada num meio - os blogues - acessível apenas a uma minoria activa, que antes de ser activa é minoria, a realidade é que a defesa da tradição católica nunca foi papel desempenhado por maiorias.

Efectivamente, um dos maiores gozos que a tradição me dá é o total desprezo que a mesma nutre pela lei do número e pelo reino da quantidade, ou seja, pela mentalidade democrática contemporânea que supõe ser a verdade definida pela vontade de cinquenta por cento mais um, e não pela adequação da inteligência à revelação, à consciência e à realidade.

Não fora assim, e como compreender que apenas dois bispos do episcopado do mundo então cristianizado - Santo Atanásio e Santo Hilário de Poitiers - se tenham oposto com determinação à heresia ariana que negava a natureza divina de Cristo, em matéria na qual até o próprio Papa - Libério - tergiversou? Ou que de todos os bispos ingleses, tão-só São João Fisher haja contrariado os erros de Henrique VIII? Ou ainda que somente a intervenção providencial de outros dois bispos - Monsenhor Marcel Lefebvre e Dom António de Castro Mayer - tenha impedido que, na segunda metade do século XX, os hereges modernistas e progressistas destruíssem a doutrina tradicional católica e a pedra angular que a corporiza em toda a plenitude - a Santa Missa de rito latino-gregoriano?

Não, vinte e uma pessoas interessadas na Santa Missa parece-me um número muito bom, e que se torna tanto melhor sabendo que alguns sacerdotes católicos portugueses já se começam a acercar da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, manifestando o desejo de aprenderem a celebrar segundo o rito tradicional.

Por esta razão, estou em condições de informar que a mesma Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, a exemplo do que já sucedeu em outros países europeus, vai iniciar nos próximos dias a distribuição de um DVD, com narração em língua portuguesa - ver fotografia a cima -, a cada um e todos os sacerdotes nacionais, onde se ensina a oficiar em conformidade com o rito latino-gregoriano, tridentino ou de São Pio V.

Desejo para esta iniciativa o máximo sucesso, e que a mesma possa contribuir para a efectiva implantação a curto-prazo no nosso País, do Motu Proprio "Summorum Pontificum", de Sua Santidade o Papa Bento XVI.

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