Há já algum tempo que pretendia escrever este artigo, embora
houvesse evitado fazê-lo até agora; porém, o facto é que os meus leitores merecem-me
esta explicação, a qual não pode mais ser adiada.
É óbvio para todos os que visitam este espaço que há muito
deixei de actualizá-lo com um nível mínimo de assiduidade e regularidade
admissíveis. Tal não sucede por acaso: correntemente, o acto de escrever
tornou-se-me penosíssimo, havendo perdido o ânimo para concretizá-lo de que beneficiei
- melhor ou pior - nos últimos dez anos. Por isso, neste momento, confesso-o,
sinto necessidade de interromper o trabalho aqui desenvolvido, ao menos por um
tempo razoavelmente longo.
Não poucos factores contribuíram para esta minha situação de
enorme desânimo e sensação de grande desencantamento. Passo a enunciá-los: o
bloqueio total e selvagem que a aplicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum”
sofreu em Portugal; o golpe brutal da abdicação do Papa Bento XVI; a proibição
dos Franciscanos da Imaculada de celebrarem a Missa Tradicional de rito
latino-gregoriano, com o consequente fim da Missa que oficiavam em Fátima, o
que me perturbou espiritualmente não pouco; enfim, a notória desorganização e falta
de militância empenhada do campo tradicionalista também em Portugal. Num plano
mais pessoal, ajudaram também muito a
este estado de coisas, a doença grave e o falecimento de um familiar próximo e
querido, e uma vida profissional com um grau de exigência
impiedosa que me priva de todo o tempo necessário para que um blogue com estas
características possa ser mantido com um grau de qualidade aceitável perante os
leitores.
Por todos estes motivos, como já disse, interrompo por tempo
indeterminado o meu trabalho neste espaço. Não digo que não o volte a fazer,
mas por ora não (de resto, o que eu aqui escrevia, outros escreviam-no e
escrevem-no com muito mais qualidade, por exemplo, no “Rorate-Caeli”, no “Fratresin Unum”, no “Panorama Católico”, no “Caminante” ou no “InfoCaotica”). Ao Rafael,
deixo-lhe a liberdade de manter a sua inestimável colaboração com esta “Casa”,
aqui podendo continuar a publicar, caso o queira e deseje, os seus sempre magníficos e
acutilantes artigos.
Por mim, termino, agradecendo a todos aqueles que foram meus
leitores ao longos destes anos, pelo tempo e atenção que me dispensaram e
dedicaram, o que me honrou muitíssimo.
Enfim, faço apenas mais um voto: que Deus e a Sua Mãe
continuem a proteger a tradição católica por esse mundo fora!