terça-feira, agosto 26, 2008

Um sacerdote como a Igreja precisa muitos

Recentemente em Fátima, fiz parte de um pequeno grupo de católicos tradicionais que teve a graça de poder trocar umas breves palavras com um sacerdote brasileiro, amigo da tradição e responsável por uma paróquia na área do Estado de São Paulo, depois de aquele haver assistido à Missa na Casa do Menino Jesus de Praga.

Declarou-nos tal sacerdote, cujo discurso e aprumo irreprensível muito positivamente me impressionaram, que na sua paróquia, num autêntico espírito de reforma da reforma litúrgica, passou a celebrar parte da Missa (rito de Paulo VI) em latim, baniu a comunhão na mão e reintroduziu a comunhão de joelhos e na boca, tendo também erigido dois altares laterais onde já oficia "ad orientem".

Contou-nos também que, no seguimento da promulgação do "Summorum Pontificum", está a aprender a rezar a Missa tradicional de rito latino-gregoriano, recorrendo para o efeito, entre outro material, ao DVD que a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X distribuiu em assinalável número de países, entre os quais o Brasil. Disse-nos ser um devoto da tradição católica desde os seus tempos de seminarista, facto que durante muito tempo teve de ocultar aos seus superiores para não colocar em risco a sua ordenação como padre. Presentemente, não esconde a sua pública admiração pelas pessoas de Monsenhor Lefebvre e Dom António de Castro Mayer, sendo sua intenção oferecer a Missa tradicional de rito latino-gregoriano aos seus paroquianos tão breve quanto seja possível, isto é, logo que domine o respectivo rito.

Encontrando-se em Fátima de passagem para Roma, mostrou-se admirado com certos pormenores sintomáticos que pôde constatar no Santuário lusitano tais como a irreverência com que vários fiéis a quem distribuiu a Sagrada Comunhão a receberam (alguns tiraram-lhe literalmente as hóstias consagradas da mão e meteram-nas à boca, numa absurda inversão de papéis), o trajar grotesco de fato e gravata de muitos padres portugueses, e sobretudo a atroz fealdade arquitectónica da nova Igreja da Santíssima Trindade, merecendo-lhe especial reprovação o inestético crucifixo existente no interior desta.

Após o termo da nossa curta conversa, confesso que me senti orgulhoso da pessoa deste corajoso sacerdote católico e também pelo facto de o mesmo fazer parte de uma Igreja que teve na sua génese o esforço missionário português, levado a cabo num tempo em a Igreja do meu país tinha orgulho de ser Católica. E desejei: "Meu Deus, dai ao Brasil, a Portugal, a toda a Igreja, muitas vocações como esta!"

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