quinta-feira, dezembro 30, 2010
Pelos seus frutos os conhecereis
segunda-feira, dezembro 27, 2010
Da correcta hermenêutica do Vaticano II
Isso significa, portanto, que o progresso é inegável, mas todo progresso, no entanto, marca também um certo regresso, em razão das falsidades e erros que se pode ocultar. Trata-se de examinar de modo crítico os pontos onde estas falsidades podem ter se infiltrado, para depois fazer um atento exame hermenêutico do Vaticano II à luz da fé sempre. É isso o que nos propomos fazer com o nosso congresso.
Pe. Serafino M. Lanzetta, FI (Franciscano da Imaculada)
Admiro cada vez mais os Franciscanos da Imaculada
domingo, dezembro 26, 2010
Leitura obrigatória
sexta-feira, dezembro 24, 2010
Causa finita est
Algumas interpretações apresentaram as palavras do Papa como afirmações em contraste com a tradição moral da Igreja; hipótese esta, que alguns saudaram como uma viragem positiva, e outros receberam com preocupação, como se se tratasse de uma ruptura com a doutrina sobre a contracepção e com a atitude eclesial na luta contra o HIV-SIDA. Na realidade, as palavras do Papa, que aludem de modo particular a um comportamento gravemente desordenado como é a prostituição (cf. «Luce del mondo», 1.ª reimpressão, Novembro de 2010, p. 170-171), não constituem uma alteração da doutrina moral nem da praxis pastoral da Igreja.
Como resulta da leitura da página em questão, o Santo Padre não fala da moral conjugal, nem sequer da norma moral sobre a contracepção. Esta norma, tradicional na Igreja, foi retomada em termos bem precisos por Paulo VI no n.º 14 da Encíclica Humanae vitae, quando escreveu que «se exclui qualquer acção que, quer em previsão do acto conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação». A ideia de que se possa deduzir das palavras de Bento XVI que seja lícito, em alguns casos, recorrer ao uso do preservativo para evitar uma gravidez não desejada é totalmente arbitrária e não corresponde às suas palavras nem ao seu pensamento. Pelo contrário, a este respeito, o Papa propõe caminhos que se podem, humana e eticamente, percorrer e em favor dos quais os pastores são chamados a fazer «mais e melhor» («Luce del mondo», p. 206), ou seja, aqueles que respeitam integralmente o nexo indivisível dos dois significados – união e procriação – inerentes a cada acto conjugal, por meio do eventual recurso aos métodos de regulação natural da fecundidade tendo em vista uma procriação responsável.
Passando à página em questão, nela o Santo Padre refere-se ao caso completamente diverso da prostituição, comportamento que a moral cristã desde sempre considerou gravemente imoral (cf. Concílio Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n.º 27; Catecismo da Igreja Católica, n.º 2355). A recomendação de toda a tradição cristã – e não só dela – relativamente à prostituição pode resumir-se nas palavras de São Paulo: «Fugi da imoralidade» (1 Cor 6, 18). Por isso a prostituição há-de ser combatida, e os entes assistenciais da Igreja, da sociedade civil e do Estado devem trabalhar por libertar as pessoas envolvidas.
A este respeito, é preciso assinalar que a situação que se criou por causa da actual difusão do HIV-SIDA em muitas áreas do mundo tornou o problema da prostituição ainda mais dramático. Quem sabe que está infectado pelo HIV e, por conseguinte, pode transmitir a infecção, para além do pecado grave contra o sexto mandamento comete um também contra o quinto, porque conscientemente põe em sério risco a vida de outra pessoa, com repercussões ainda na saúde pública. A propósito, o Santo Padre afirma claramente que os preservativos não constituem «a solução autêntica e moral» do problema do HIV-SIDA e afirma também que «concentrar-se só no preservativo significa banalizar a sexualidade», porque não se quer enfrentar o desregramento humano que está na base da transmissão da pandemia. Além disso é inegável que quem recorre ao preservativo para diminuir o risco na vida de outra pessoa pretende reduzir o mal inerente ao seu agir errado. Neste sentido, o Santo Padre assinala que o recurso ao preservativo, «com a intenção de diminuir o perigo de contágio, pode entretanto representar um primeiro passo na estrada que leva a uma sexualidade vivida diversamente, uma sexualidade mais humana». Trata-se de uma observação totalmente compatível com a outra afirmação do Papa: «Este não é o modo verdadeiro e próprio de enfrentar o mal do HIV».
Alguns interpretaram as palavras de Bento XVI, recorrendo à teoria do chamado «mal menor». Todavia esta teoria é susceptível de interpretações desorientadoras de matriz proporcionalista (cf. João Paulo II, Encíclica Veritatis splendor, nn.os 75-77). Toda a acção que pelo seu objecto seja um mal, ainda que um mal menor, não pode ser licitamente querida. O Santo Padre não disse que a prostituição valendo-se do preservativo pode ser licitamente escolhida como mal menor, como alguém sustentou. A Igreja ensina que a prostituição é imoral e deve ser combatida. Se alguém, apesar disso, pratica a prostituição mas, porque se encontra também infectado pelo HIV, esforça-se por diminuir o perigo de contágio inclusive mediante o recurso ao preservativo, isto pode constituir um primeiro passo no respeito pela vida dos outros, embora a malícia da prostituição permaneça em toda a sua gravidade. Estas ponderações estão na linha de quanto a tradição teológico-moral da Igreja defendeu mesmo no passado.
Em conclusão, na luta contra o HIV-SIDA, os membros e as instituições da Igreja Católica saibam que é preciso acompanhar as pessoas, curando os doentes e formando a todos para que possam viver a abstinência antes do matrimónio e a fidelidade dentro do pacto conjugal. A este respeito, é preciso também denunciar os comportamentos que banalizam a sexualidade, porque – como diz o Papa – são eles precisamente que representam a perigosa razão pela qual muitas pessoas deixaram de ver na sexualidade a expressão do seu amor. «Por isso, também a luta contra a banalização da sexualidade é parte do grande esforço a fazer para que a sexualidade seja avaliada positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano na sua totalidade» («Luce del mondo», p. 170).
segunda-feira, dezembro 20, 2010
O livro "Luz do Mundo" e a hipocrisia dos progressistas
Numa primeira impressão resultante dessa leitura, não pode deixar de me causar espanto que todos os progressistas que embandeiraram em arco com as afirmações que o Santo Padre proferiu em tal entrevista sobre o uso de preservativos - deturpando o sentido das mesmas com habitual desonestidade intelectual que lhes é característica, já que as referidas afirmações mantêm inalterado o magistério oficial da Igreja acerca do assunto -, não hajam tido idêntica reacção de embandeiramento quanto às considerações emitidas pelo Papa, também na dita entrevista, sobre matérias como a liturgia, a Missa Tradicional, a comunhão de joelhos e na boca, a mensagem de Fátima ou os novíssimos.
Por que terá tal sucedido? A resposta é óbvia: uma vez mais, encontramo-nos perante uma manifestação da hipocrisia e do farisaísmo tão tipicamente progressistas. As afirmações públicas do Santo Padre, mesmo quando intervém apenas na qualidade de doutor privado, só lhes interessam se passíveis de contribuir para a demolição do Catolicismo, ainda que para esse efeito tenham de ser convenientemente deturpadas e falsificadas. Cumprida essa condição, tais afirmações são dignas de realce e até susceptíveis de se transformar num pseudo-magistério, que um grotesco ultramontanismo progressista pretende impor como indiscutível aos católicos dignos desse nome. Caso contrário, não!
segunda-feira, dezembro 13, 2010
O drama existencial do católico de letreiro, commumente conhecido por progressista
A este propósito, convém não esquecer que o progressista é hipócrita, é fariseu: gosta que no seu meio, na sua paróquia, na sua cidade, o apontem como católico exemplar, modelo a seguir. Aprecia as vaidades do mundo moderno, sente-se bem nos lugares da frente e sabe mostrar-se - sobretudo com os católicos dignos desse nome - um irritante moralista de pacotilha, apontando argueiros nos olhos dos que o rodeiam, mas olvidando-se da trave monstruosa que tapa a sua própria vista. Pela calada, contudo, à maneira do lobo com pele de cordeiro e do sepulcro com paredes caiadas que autenticamente é, numa embriaguez de perfídia e traição, trama com fúria de réprobo a destruição do Catolicismo: escarnecendo de todos os dogmas de fé, e de modo muito significativo dos relacionados com Nossa Senhora, ousa afrontar o Santo Padre e promover a desobediência ao magistério constante da Igreja sobre matérias como o divórcio, a regulação artificial da natalidade, o aborto, a eutanásia, o emparelhamento de homossexuais e a ordenação de mulheres. Tudo debalde, porque as portas do inferno não prevalecerão, sem prejuízo de ser ele o primeiro que as atravessará, se porventura não arrepiar antes do caminho de destruição que se propôs percorrer.
sábado, novembro 27, 2010
quinta-feira, novembro 25, 2010
Assino por baixo
Eu não diria melhor.
Sugiro ainda a leitura destes três textos, todos do mais interessante sobre o assunto, e que igualmente não hesitaria em assinar por baixo:
- “A camisinha do “prostituto” e o Papa”, no “Contra Impugnantes”;
- “Un magisterio off the record !!! ???”, no “Ex Orbe”;
- “Much ado about Vatican latest gaffe”, no “Athanasius Contra Mundum”.
segunda-feira, novembro 22, 2010
Muito barulho por nada
Sem prejuízo, parece-me oportuno deixar sublinhados dois pontos de carácter mais pessoal sobre esta questão.
Primeiro, percebendo o real sentido que Bento XVI pretendeu dar às suas palavras (concordo com o que se escreve na “A Tribuna”), julgo que as mesmas foram infelizes e imprudentes. Infelizes, porque não é função papal determinar em que termos um prostituto se há-de relacionar sexualmente com os seus clientes e estes com aquele: uma relação sexual nestes moldes é sempre imoral e pecaminosa, independentemente de ser consumada com ou sem a utilização de um preservativo. Imprudentes, porque ambíguas, dando um novo fôlego à contestação dos “progressistas” ao magistério oficial e espalhando a confusão e a dúvida entre todos os católicos dignos desse nome - valerão a pena todos os sacrifícios, trabalhos e canseiras que estes suportam por causa da defesa da fé e moral católicas, e pela conformação quotidiana das suas vidas pessoais com essa mesma fé e moral?... Deploravelmente, nesta ocasião, foi o próprio Vigário de Cristo na Terra que se esqueceu do seguinte conselho evangélico: Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto procede do espírito do mal. (Mt 5, 37)
Segundo, mas não menos importante, ainda que Bento XVI porventura desejasse alterar neste ponto concreto o ensinamento da Igreja - e não o deseja! -, tal intento seria completamente contrário à tradição, não vinculando em consequência qualquer fiel católico. Mesmo que por hipótese se aceitasse o absurdo de que uma opinião privada emitida com esse fito numa entrevista concedida a um jornalista constitui um acto oficial de magistério, este acto, porque contrário ao ensinamento constante da Igreja, não gozaria da presunção de infalibilidade que é própria do magistério ordinário quando conforme à tradição. Como tal, jamais seria susceptível de produzir o efeito almejado, ao contrário do que supõem jornalistas analfabetos e hereges “progressistas” ignorantes, dominados que estão pelos erros evolucionista e imanentista.
domingo, novembro 14, 2010
Novo livro de Monsenhor Nicola Bux
Ora, ainda há pouco mais de dez anos, seria impensável que um livro com tal título pudesse ser editado fora dos então restritos círculos tradicionalistas. Hoje, o seu autor é um consultor da oficialíssima Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. A isto se pode chamar com propriedade o factor Bento XVI.
Abaixo, transcrevo a tradução espanhola (feita pelo excelente “La Buhardilla de Jerónimo”) da entrevista concedida por Monsenhor Nicola Bux ao sítio “Rinascimento Sacro”, por ocasião do lançamento da edição italiana deste seu último livro. Espera-se que o mesmo seja rapidamente vertido, senão para português, ao menos para espanhol pela “Buey Mudo”.
***
Monseñor, este segundo libro es todavía más explícito que el primero, “La reforma de Benedicto XVI. La liturgia entre innovación y tradición”. ¿Qué ha cambiado desde entonces?
También en este tiempo de escándalos, el Papa insiste en el hecho de que el mal viene desde dentro de la Iglesia. Por eso, continúa siendo el tiempo de aquella grave crisis que el Cardenal Ratzinger indicaba imputable en gran parte al derrumbamiento de la liturgia, a aquel “hazlo por ti mismo” que ya no la hace “sagrada” y que haría perder la fe a cualquiera. No ha cambiado mucho: “litúrgicamente, en nuestros días la Iglesia es un gran enfermo” porque la liturgia habría perdido su sentido, estaría sin reglas, olvidada del derecho de Dios.
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El derecho de Dios… Usted, de hecho, en todo esto propone como eje de la nueva reforma litúrgica el redescubrimiento de un concepto poderoso y fascinante, el ius divinum. ¿Qué significa?
El concepto es muy sencillo. El Cardenal Ratzinger dice en Introducción al espíritu de la liturgia, en el primer capítulo, que la liturgia no existe si Dios no se muestra, es decir, en pocas palabras, si Él no revela Su Rostro. Más aún, en Jesús de Nazareth, en un cierto punto, él dice que la liturgia es la continuación de la Revelación; por lo tanto, si Dios se muestra, indica quién es y qué rostro tiene, dice también cómo quiere ser adorado, cómo quiere que se le rinda culto.
La antítesis es la célebre historia del becerro de oro, es decir, del hombre que se inventa a Dios y se inventa la liturgia: una danza vacía en torno al becerro de oro que somos nosotros mismos. Dios tiene un derecho en el Antiguo Testamento, cuando dijo cómo debía ser celebrada la Pascua, y habló de prescripciones y mandamientos. Así es también en el Nuevo. En otras palabras, la liturgia es inmanipulable.
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La liturgia es inmanipulable para el hombre pero el arte es obra del hombre. Para el arte sagrado, que atraviesa un período de decadencia estructural extremadamente similar, ¿qué se puede decir?
¡El arte es lo mismo! La representación de Dios, tanto para la Iglesia de Oriente como para la Iglesia de Occidente, siempre ha estado sometida a los cánones. Lo mismo vale para la disciplina de la música sacra. El principio es siempre el mismo: no somos nosotros quienes decidimos, en base al prurito que tenemos encima, cómo debe pintarse al Señor, o cómo debe componerse un canto, o qué canto debo hacer en la liturgia. La Iglesia ha establecido los cánones para que pudieran estar en consonancia con el culto divino, para que no se diera una imagen o una idea distorsionada y deformada de Dios. Entre liturgia, arte y música, hay una unidad profunda que no permite afrontarlos separadamente.
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El Santo Padre lo ha nombrado recientemente también consultor para Culto Divino, signo de la atención y de la competencia de su trabajo. Díganos: si tres años atrás Summorum Pontificum revolucionó la “cuestión litúrgica”, volviendo a traer al plano de la discusión elementos “incómodos” y esenciales como la liturgia gregoriana, ¿qué debemos esperar, en el futuro próximo, de este nuevo movimiento litúrgico que está naciendo?
En primer lugar, hablar de “nuevo movimiento” no quiere decir necesariamente que estamos hablando de otro movimiento respecto al conocido con un cierto fruto en el siglo XX. La Iglesia es semper reformanda: a quien no le gusta el término reforma de la reforma, hable también de continuación del movimiento litúrgico pero sepa que se trata siempre “de la renovación en la continuidad del único sujeto-Iglesia, que el Señor nos ha donado”, como dice Benedicto XVI. Con el Motu Proprio han sido puestas las bases del trabajo: confiamos tener pronto nuevos impulsos. Este Papa, manso y resuelto, quiere ir adelante y nosotros estamos con él. Con la misma mansedumbre y con la misma firmeza.
As três leis de uma verdadeira arquitectura eclesiástica católica
Uno de los principios básicos generalmente aceptados por los arquitectos, al menos durante un milenio, es que el entorno edilicio tiene la capacidad de afectar profundamente a la persona —la forma en que actúa, la manera en que siente y el modo en que ella es—. Los arquitectos eclesiásticos del pasado y del presente entienden que la atmósfera que genera el templo afecta no sólo el culto, sino también la fe. En última instancia, lo que creemos afecta la forma en que vivimos nuestras vidas. Es difícil separar la teología y la eclesiología del entorno de culto, sea una iglesia tradicional o una iglesia moderna. Si un templo católico no refleja la teología y eclesiología católica, si la construcción debilita y desprecia las leyes naturales de la arquitectura eclesiástica, los fieles arriesgan acepar una fe distinta al catolicismo [continuar a leitura aqui].
Do tempo em que a Espanha tinha reis católicos
segunda-feira, novembro 08, 2010
As acções são mais importantes do que as palavras
terça-feira, novembro 02, 2010
A passagem da Festa de Todos os Santos...
… é a ocasião ideal para lembrar a figura exemplar de bispo católico que foi Monsenhor Marcel Lefebvre.
segunda-feira, novembro 01, 2010
Cristo-Rei
No tengo tiempo de hablar sobre la otra herejía que niega la Reyecía de Cristo quizás más radicalmente; el modernismo que nació del Liberalismo; y es la herejía novísima, que está luchando ahora en el seno del Concilio Ecuménico. Debo decir algo sobre los malos soldados del Rey Cristo, es decir, los cristianos cobardes. Nada aborrece tanto un Rey como la cobardía de sus soldados; si sus soldados son cobardes, el Rey está listo.
No hacen honor al Rey Cristo los cristianos que tienen una especie de complejo de inferioridad de ser cristianos.
(…)
No de balde el pecado de San Pedro fue de cobardía. Cristo reprendió de “cobardes” a los Apóstoles durante la tempestad; y sintió tanto la cobardía de San Pedro que lo obligó a arrepentirse públicamente. “Pedro - le dijo con ironía - me amas tú más que todos estotros?”, porque Pedro antes del pecado había dicho: “Aunque todos éstos te abandonen, yo no te abandonaré!” Pedro se guardó muy bien de repetir su bravata y decir : “Sí, te amo más que todos éstos!”, aunque puede que entonces fuese verdad. Dijo humildemente: “Señor, Tú lo sabes todo; Tú sabes que yo te amo…” - punto.
Para que Cristo sea realmente Rey, por lo menos en nosotros, hemos de vencer el miedo, la cobardía, la pusilanimidad; no ser “hombres para poco”, como decía Santa Teresa, y pobre de aquél a quien ella se lo aplicaba! Y como podemos vencer al miedo? El miedo es un gigante!
“Os olvidasteis que Yo estaba con vosostros?”
Leonardo Castellani, in “Domingueras Prédicas I - Ediciones Jauja, Mendonza, 1997.
domingo, outubro 31, 2010
Castellani inédito
Depois da publicação de “Como sobrevivir intelectualmente al siglo XXI”, trata-se de mais uma iniciativa merecedora de todo o elogio e apoio, pois torna acessível ao grande público o conhecimento do trabalho de um autor que é, e sê-lo-á cada vez mais, uma figura essencial do pensamento católico tradicional contemporâneo e do combate contra a heresia modernista.
quarta-feira, outubro 27, 2010
Cristo Pantocrator
Nicolás Gómez Dávila
segunda-feira, outubro 25, 2010
Gabriel's Oboe
De autoria de Ennio Morricone, da banda sonora do filme "The Mission". Para terminar por hoje.
Barretes vermelhos ao alto!
Num outro plano, merece também destaque a subida ao cardinalato de Monsenhor Domenico Bartolucci, com a veneranda idade de noventa e três anos. Como não ver em tal subida um acto de justiça tardia e de desagravo papal feito a um homem que os progressistas, quando puderam, não hesitaram em achincalhar e humilhar em virtude das suas posições de defesa da tradição? De facto, é em pequenos gestos como este que se confirma onde é que o Papa Bento XVI tem as suas simpatias.
Agora, só resta esperar que num próximo consistório, aos recém-nomeados cardeais, se juntem Monsenhor Athanasius Schneider e… Monsenhor Bernard Fellay!
À atenção de políticos "católicos de letreiro"
domingo, outubro 24, 2010
Um Primeiro-Ministro com prazo de validade esgotado
José Sócrates é um Primeiro-Ministro com prazo de validade esgotado. E é-o por haver tido sempre uma relação muito difícil com a verdade, por ele entendida como uma grandeza de dimensão indefinida, moldável aos seus caprichos de cada momento. Como tal, não me causa qualquer surpresa o conteúdo do pequeno - e, num certo sentido, divertido - filme supra (protagonizado também pelo indizível Ministro das Finanças), sendo certo que os exemplos aí retratados até nem constituem o essencial do desprezo socrático pela verdade.
Entendamo-nos: um Primeiro-Ministro que faz tábua-rasa da lei natural como José Sócrates o fez, que aceita que um ser humano inocente e indefeso possa ser assassinado próprio no ventre materno através da prática iníqua do aborto a simples pedido ou que admite que duas pessoas do mesmo sexo se possam casar, é necessariamente um primeiro-ministro que não hesitará em faltar à verdade numa matéria instrumental - ainda que hipertrofiada na sua importância pelo materialismo decadente imperante - como é a da situação das contas públicas nacionais. Quem não é fiel aos grandes princípios enformadores de toda a vida em sociedade, também não o será às coisas menores…
Enfim, quanto ao projecto de Orçamento de Estado para 2011 que a parelha de terror retratada no filme pretende impor ao país, se o mesmo não for alvo de profundas alterações, não haverá outra solução que não seja a de reprová-lo liminarmente: trata-se de um Orçamento muito mau, profundamente anticristão, que viola de modo flagrante o direito de propriedade privada pressupondo que o património particular de todos os cidadãos tem de responder pessoal, solidária e ilimitadamente pelos desvarios do poder político socialista, que esmaga os mais fracos e humildes, que proletariza a classe média, que não acaba com o saque generalizado que a clique socrática tem vindo a fazer da coisa pública, e que não põe cobro à marcha para o Estado Servil - tal como Belloc o descreveu - que a mesma clique tem como objectivo final. E se tal reprovação levar a que José Sócrates deixe de ter condições para governar e abandone o poder, tanto melhor para Portugal!
quarta-feira, outubro 06, 2010
Monsenhor Nicola Bux em Portugal
Melhor mesmo, porém, é saber que o ilustre sacerdote católico regressará brevemente ao nosso país, para efectuar um ciclo de conferências a desenrolar em Lisboa, Fátima e Braga, por ocasião do lançamento da edição portuguesa do seu “A Reforma de Bento XVI: a liturgia entre a inovação e a tradição”, a ser publicado com a chancela da “Caminhos Romanos”, editora de inspiração tradicionalista merecedora de todo o apoio, que previamente já facultou ao público nacional um título tão importante como “Dominus Est”, de Monsenhor Athanasius Schneider.
Tais conferências serão uma óptima ocasião, tanto para sacerdotes como leigos, de travar contacto com o pensamento daquele que é actualmente uma das figuras de proa do novo movimento de restauração do sagrado na liturgia católica. Quanto ao livro “A Reforma de Bento XVI”, trata-se de obra de leitura obrigatória para todos os que se interessam por esta temática: a tal respeito, remeto para o que aqui escrevi depois de haver lido a tradução espanhola do mesmo.
domingo, setembro 26, 2010
A Inglaterra que eu amo
Con la única teología inglesa con la que me quedo es con la del Cardenal Newman. Y con ese otro Cardenal, Manning, que siempre me fascinó. Las comemierdeces de medio pelo de anglicanos y metodistas (salvo el movimiento de Oxford, que siempre pareció cuando menos interesante) me dejan con viento fresco. Hubiera querido ir a Misa en alguna parroquia de irlandeses emigrados a principios de siglo en Glasgow. Quizás incluso en la desolación de East London. Siempre me dijeron mucho más estas cosas que las ceremonias anglicanas, tan suntuosas como vacías, que presencié en la Catedral de Peterborough o en la no menos bella de Wells.
Con la única política británica que me quedo es con la de TS Elliot (anglicano de la High Church de acepción, católico de corazón). Con esos tibios de los “Tories”, advenedizos de los “Whigs”, con esos hijos bastardos de los “levellers” y los “diggers” que son los laboristas, no tengo nada que ver. Ni me interesa. Esos gustos y regustos por esos tipejos como Lord Disraeli (conservador) o por JS Mill (utilitarista) me traen bastante al pairo. Wilson me parece artificialmente ensalzado y de sujetos como la Thatcher, Blair o Cronwell prefiero ni hablar. Me dan demasiado asco.
Sigo pensando que Rommel era infinitamente mejor que Montgomery, que Wellington no fue un gran estratega. Admiro a Nelson, profundamente, sin duda alguna un genio. Por cierto (curioso), también católico. Y a mi militar y Rey favorito de Inglaterra, Alfred the Great, en cuyo Wantage natal se me quedaron ancladas tantas memorias.
No me acaba de convencer el Imperio británico, estructura primariamente comercial y –mucho me temo- poco civilizadora a juzgar por los resultados. Ni al Cardenal Newman, ni a Benson, ni a Chesterton, ni a Belloc, ni a JRR Tolkien ni a muchos otros hombres sensatos les hacía tampoco ninguna gracia el Imperio Británico. Será que todavía estoy fascinado por la obras histórica de Roma y por esas dos hijas suyas, continuadoras d ela tradición maternal: Portugal y España. Y, sin embargo la Inglaterra monástica, la Britannia evangelizada por José de Arimatea, me fascinan. Me fascina que hubiera más monjes y monjas por milla cuadrada en Inglaterra que en ningún otro país de la Cristiandad, ahora llamada Europa.
Puestos a escoger prefiero a los “Old Labour” que a los “New Ones”, a los back-benchers que a los “spin-doctors”. A los Lores que a los Comunes. Y a Charles Dickens, que se enfrentó en la Casa de los Comunes a Mill y lo trituró vivo en defensa de la causa de la Confederación. Prefiero los Parlamentos medievales y la Magna Carta a las insidias de los malditos “round-heads”. Prefiero a los Stuarts que a los Hannover.
Evidentemente la Inglaterra que me interesa es aquella del Medioevo. La que fue capaz de parir a todos los mártires y santos de la Reforma inglesa, como a Santo Tomás Moro o a San Edmund Champion. La Inglaterra que nos dio los ejemplos imborrables de un San Eduardo o a un Santo Tomás Cantuariense, de dicen por mi tierra, también de Canterbury. Los apasionados textos místicos de Juliana de Norwich. El paisaje poblado de monasterios por doquier, en vez de las Logias y toda su pervasiva simbología. Prefiero la Inglaterra rural a la urbana, York a Londres y Bath a Birmingham.
Prefiero a la Inglaterra romana y anglosajona y la de los normandos que esa otra que se aliaba con los holandeses y con los alemanes para laminar la Cristiandad. La Inglaterra que enviaba a sus caballeros a la Cruzada de Occidente contra los musulmanes frente a la otra que intentaba robar y usurpar a la Cristiandad. La Inglaterra de los santos y mártires que, siendo luminosísima, tiene poco de iluminada. Ni el primer Imperio Británico “de su Majestad” ni este segundo de los hijos de Nueva Inglaterra me llaman la atención. Estos son poco luminosos ambos, pero ciertamente bien iluministas.
La Inglaterra de hoy sirve otros intereses. En tiempos pretéritos fue designada por la Santa Sede como “Mary’s Dowry”, lo cual la hace junto con Portugal y España una tierra eminentemente mariana por excelencia. Hoy es una tierra cuyos habitantes exhiben una pasmosa irreligiosidad.
Y frente a este estado de cosas presente y pretérito prefiero agarrarme a esa profecía privada de San Juan María Vianney, el Santo Cura de Ars, quien no cesaba de maravillarse en la visión que tuvo de la restauración y regeneración católicas de Inglaterra. Así sea.
Foto: retirada blogue "The Hermeneutic of Continuity".
terça-feira, setembro 21, 2010
Juan Manuel de Prada sobre o Beato John Henry Newman
Que sea Benedicto XVI quien beatifique al cardenal Newman no es baladí. Ambos están hechos de la misma fibra: la de los maestros que enseñan no sólo mediante el pensamiento y la palabra, sino también mediante la propia vida, la de quienes tocan al corazón a la vez que iluminan la inteligencia. En diversas ocasiones, el Papa ha reconocido su deuda intelectual y vital con Newman, a quien leyó con gran aprovechamiento en sus años de estudio y cuya conversión al catolicismo siempre ha presentado como ejemplo de encuentro personal de Dios con el hombre. Newman, que en la juventud coqueteó con las tesis liberales, llegó a ordenarse como presbítero anglicano, antes de iniciar un gradual movimiento hacia el pensamiento católico y liderar el Movimiento de Oxford, que se rebeló contra el sometimiento de la iglesia de Inglaterra a una autoridad secularizada, reivindicando el legado de la Tradición. Tras diversos conflictos con las jerarquías anglicanas, Newman acabaría ingresando en la Iglesia católica en 1845 y ordenándose sacerdote dos años más tarde. Fueron muchos sus méritos en el ámbito académico y pastoral; pero fue, sobre todo, un escritor superdotado, de estilo límpido y vibrante, autor de una copiosísima obra —sermones, ensayos, novelas, etcétera—, entre la que se halla una autobiografía, Apologia Pro Vita Suaque, con permiso de San Agustín, puede considerarse el más hermoso testimonio literario jamás escrito sobre un proceso de conversión.
Los lectores curiosos podrán encontrar muchos títulos disponibles de Newman (mientras escribo estas líneas se anuncia la publicación, en El Buey Mudo, de sus Cuatro sermones sobre el Anticristo, de palpitante actualidad), en especial en la editorial Encuentro, que es la que más denodadamente se ha esforzado por divulgar la obra de este gran titán de la pluma; y les aseguro que nunca agradecerán suficientemente el tesoro de delicias (para el corazón y para la inteligencia) que Newman les tiene reservado. Leer a Newman es la mejor manera de entender y acompañar al Papa en esta visita a Gran Bretaña, tan erizada de hostilidades. Seguramente, Benedicto XVI tiene muy presentes aquellas palabras de San Agustín que Newman hace suyas en Apologia Pro Vita Sua: «Sean duros para con vosotros los que no saben por experiencia lo difícil que es distinguir el error de la verdad, y dar con el camino de la vida en medio de los engaños del mundo».
Missa de rito latino-gregoriano na Basílica de Fátima - fotografias de Scott Smith
A este respeito, sugiro também, a quem ainda não o haja feito, uma mais que merecida vista de olhos às óptimas fotografias de autoria de Manuel Silva, publicadas na “Tribuna”.
segunda-feira, setembro 13, 2010
Missa de rito latino-gregoriano na Basílica de Fátima: Deus é beleza!
Quando os emissários do príncipe de Kiev voltaram após assistir à Divina Liturgia, na Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla, no século X, escreveram no seu relatório: "Não sabíamos se estávamos no céu o na terra, pois certamente tal esplendor e beleza não existe noutro lugar da Terra. Não conseguimos descrevê-lo; só sabemos que Deus lá habita entre os homens, e que o seu serviço ultrapassa a cerimónia de todos os outros lugares. Sua beleza é simplesmente inesquecível".
O amor da beleza e sua expressão em obras de arte manifesta uma homenagem a Deus, pois, segundo São Tomás de Aquino, "a beleza é um dos nomes de Deus". Assim, quando a Igreja é convocada para celebrar os divinos mistérios, ela emprega todas as artes que tocam os sentidos, porque aquilo que é verdadeiramente belo nos agrada quando o contemplamos.
É por isso que Santa Teresa de Ávila declarou: "Fico sempre profundamente tocada pela grandiosidade das cerimónias da Igreja". A capacidade única do canto gregoriano para evocar em nós o espírito de oração contemplativa, os paramentos festivos, o uso do incenso, velas, objectos de ouro e prata, água benta, etc. - tudo isso nos auxilia na adoração do Deus Uno e Trino, que criou a beleza, a sustenta, a redimiu e é Ele mesmo a própria beleza. A Igreja sempre envolveu o Santo Sacrifício da Missa num ambiente de reverência e mistério. Ao utilizar os bens da Criação, em sua transcendente existência, ela leva seus filhos a Deus; e pelos mesmos meios, Deus desce a eles. Na Idade Média colocava-se grande ênfase na beleza da Missa. Hoje, devemos novamente tomar consciência dela.
O Cardeal Joseph Ratzinger uma vez lamentou-se: "Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja voltou as costas à beleza". Palavras ousadas. E se forem verdadeiras? Se verdadeiramente nos empobrecemos neste aspecto, deixando-nos vitimar por uma mentalidade iconoclasta, talvez tenha sido porque "vivemos em uma época sem imaginação", como disse certa vez Paul Claudel. Ao reflectir sobre a visita dos representantes do príncipe Vladimir de Kiev a Constantinopla, o Papa Bento XVI observou que a delegação e o príncipe aceitaram a verdade do Cristianismo, não pelo poder de persuasão dos seus argumentos teológicos, mas pela beleza do mistério de sua sagrada liturgia. Se estamos falhando na divina missão que o Senhor nos confiou de converter o mundo à nossa fé, talvez devamos começar por restaurar a reverência, o silêncio, a adoração e uma atmosfera de sagrada beleza na nossa santa liturgia. Se as nossas igrejas não forem os lugares mais sagrados da Terra, a verdadeira reverência e beleza tão pouco podem existir noutro lugar.
Aguardando que Scott Smith, fotógrafo oficial da peregrinação a Fátima dos Cónegos Regulares de São João Câncio, publique as fotografias desta Missa histórica, aqui deixo a ligação para as fotografias da mesma Missa tiradas pelo infatigável autor do blogue "Missa Gregoriana em Portugal", porque uma imagem vale mais do que mil palavras!
sexta-feira, setembro 10, 2010
Rito de Braga em Fátima
A experiência da tradição em Portugal (2)
Estão com medo!
O problema dos progressistas é bem outro: estão com muito medo! Um trecho da notável conferência a que assisti ontem pela manhã em Fátima, proferida pelo fundador e superior dos Cónegos Regulares de São João Câncio, Padre Frank Phillips, acerca dos efeitos da promulgação do "Summorum Pontificum" na vida da Igreja, sistematiza bem esta situação. Comentando a oposição dos progressistas a tal promulgação, afirmou aquele sacerdote:
What is the bottom line with this outrageous opposition? I believe the liberal or more progressive element in the church, which has nearly run the church into the ground, is afraid. They are all getting old and everything they promoted seems to be vaporizing in front of their eyes. They are afraid that people may actually be drawn to the Traditional Mass and heaven forbid, may catch on and grow. I know in my own experience when young couples attend the Traditional Mass, they say "Why were we not taught this?" The same holds true for the teaching of the faith, I hear over and over, when preparing couples for mariage, "Why were we not taught this?"
quarta-feira, setembro 01, 2010
A experiência da tradição em Portugal (1)
sábado, agosto 28, 2010
No centenário da Carta "Notre Charge Apostolique"
De facto, a "Notre Charge Apostolique" é não só um dos grandes documentos do pontificado de São Pio X, mas também da história da Igreja no século XX. Cem anos depois da sua publicação, mantém inteira actualidade. Se na "Pascendi" aquele Santo Papa demoliu a heresia modernista, de natureza eminentemente teológica, na "Notre Charge Apostolique" foi ainda mais longe e arrasou as falácias da heresia progressista cristã, de natureza essencialmente político-social, que viria a ocupar boa parte da Igreja a partir da década de 1960 e cujos efeitos depredatórios ainda hoje se fazem sentir.
Ora, conforme aqui escrevi em tempos, teriam tais depredações progressistas atingido o grau que atingiram, se um número realmente significativo de católicos tivesse sabido reconhecer e contradizer de imediato a ideia desfigurada que tais hereges dão de Cristo e do papel da sua Igreja no mundo, mediante a imprescindível leitura da "Notre Charge Apostolique", em vez de perder o precioso tempo de que dispunha com inanidades e até imoralidades? Creio firmemente que não!
E passo a citar São Pio X, na referida Carta:
segunda-feira, agosto 16, 2010
Por um novo movimento litúrgico: relembrar um texto fundamental
O segundo grande acontecimento que ocorreu no começo dos meus anos de Ratisbona foi a publicação do "Missal", de Paulo VI, com a proibição quase total do "Missal" anterior, após uma fase de transição de cerca de seis meses. O facto de, após um período de experiências, que amiúde desfiguraram por completo a liturgia, se passar a ter um texto litúrgico vinculativo, era de saudar como algo seguramente positivo. Mas fiquei estupefacto com a proibição do "Missal" antigo, dado que nunca na história da liturgia se verificara uma situação semelhante. Quis-se passar a ideia de que era uma coisa normal. O "Missal" anterior tinha sido publicado por Pio V em 1570, na sequência do Concílio de Trento; era portanto normal que, passados quatrocentos anos e um novo Concílio, um novo papa publicasse um novo "Missal". Mas a verdade histórica é outra. Pio V limitara-se a reelaborar o "Missal" romano que se utilizava na época, coisa que aliás sempre acontecera ao longo dos séculos. Por seu lado, muitos dos seus sucessores reelaboraram ulteriormente este "Missal", sem nunca, porém, contraporem um "Missal" ao outro. Tratou-se sempre de um processo contínuo de crescimento e de purificação, em que, no entanto, a continuidade nunca era posta em causa. Um "Missal" de Pio V que tenha sido criado por ele, simplesmente nunca existiu. O que existe é a reelaboração que ele mandou fazer, como fase de um longo processo de crescimento histórico. A novidade, após o Concílio de Trento, foi de outra natureza: a invasão súbita da reforma protestante fizera-se sentir sobretudo na modalidade das reformas litúrgicas.
Não havia simplesmente uma Igreja católica e uma Igreja protestante, postas uma ao lado da outra, a divisão da Igreja ocorreu quase imperceptivelmente e teve a sua manifestação mais visível e historicamente mais incisiva nas mudanças ao nível da liturgia. Estas mudanças resultaram de tal maneira diversificadas ao nível local, que o limite entre o que era e não era católico se tornou, amiúde, bem difícil de definir. Esta situação de confusão, criada pela ausência de uma normativa litúrgica unitária e pelo pluralismo litúrgico herdado da Idade Média, fez com que Pio V decidisse que o "Missale Romanum", o texto da liturgia da cidade de Roma, por ser seguramente católico, devia ser introduzido em todo o lado onde não houvesse uma liturgia com, pelo menos, duzentos anos de existência. Onde este critério se verificava, podia manter-se a liturgia anterior, dado que o seu carácter católico era considerado seguro. Não se pode, por isso, falar de uma proibição relativa aos "Missais" anteriores e até ao momento regularmente aprovados.
Agora, pelo contrário, a promulgação do impedimento do "Missal" que se tinha desenvolvido ao longo dos séculos, desde o tempo dos sacramentais da Igreja antiga, implicou uma ruptura na história da liturgia, cuja consequências não podiam deixar de ser trágicas. Tal como já tinha acontecido muitas vezes, era razoável e plenamente em linha com as disposições do Concílio que se fizesse uma revisão do "Missal", sobretudo, tendo em consideração a introdução das línguas nacionais. Mas nesse momento aconteceu algo mais: destruiu-se o edifício antigo e, embora utilizando o material e o projecto deste, construiu-se um novo.
Não há dúvida de que, em algumas partes, este novo "Missal" trouxe verdadeiros melhoramentos e um real enriquecimento. Contudo, o facto de ter sido apresentado como um edifício novo - contraposto ao que fora construído ao longo da história - que se proibisse este último e que, de certa maneira, se concebesse a liturgia já não como um processo vital, mas como um produto de erudição especializada e de competência jurídica, trouxe-nos danos extremamente graves. Com efeito, deste modo desenvolveu-se a ideia de que a liturgia se "faz", de que não é uma realidade que exista antes de nós, - algo de "dado" -, mas que depende das nossas decisões. Consequentemente, esta capacidade de decisão não é só reconhecida aos especialistas ou a uma autoridade central, mas também em definitivo a qualquer comunidade que queira ter uma liturgia própria. O problema é que, quando a liturgia é algo que cada qual pode fazer à sua maneira, ela deixa de nos poder dar aquela que é a sua verdadeira qualidade: o encontro com o mistério, que não é produto das nossas acções, mas a nossa origem e a fonte da nossa vida. Para a vida da Igreja, é dramaticamente urgente um renovamento da consciência litúrgica, uma reconciliação litúrgica, que volte a reconhecer a unidade da história da liturgia e compreenda o Vaticano II não como ruptura, mas como momento evolutivo. Estou convencido de que a crise eclesial em que actualmente nos encontramos depende, em grande parte, da decadência da liturgia, que, por vezes, é mesmo concebida "etsi Deus non daretur": "como se se já não interessasse se Deus está ou não presente nela", se Ele nos fala e ouve ou não. Mas se na liturgia já não aparece a comunhão da fé, a unidade universal da Igreja e da sua história, o mistério de Cristo vivo, de que modo é que a Igreja manifesta a sua substância espiritual? Nesse caso, a comunidade celebra-se apenas a si mesma, coisa que não tem qualquer valor. E dado que a comunidade em si mesma não pode subsistir, mas é criada, na fé e como unidade, pelo próprio Senhor, torna-se inevitável que, nestas condições, se chegue ao ponto da fragmentação em partidos de todo o género, à contraposição partidária numa Igreja que se dilacera a si mesma. É por isso que precisamos de um novo movimento litúrgico, que recupere a verdadeira herança do Concílio Vaticano II.
Dia de Assunção em Fátima
E é bom saber, através de pequenos factos como o que agora adianto, que também em Portugal, lentamente, a tradição começa a conquistar o lugar que lhe pertence por direito próprio: a um grupo de jovens peregrinos tradicionalistas provenientes de França, que a partir de determinado ponto decidiram concluir a pé a sua peregrinação até Fátima, o pároco de uma importante localidade, por onde aqueles passaram, não hesitou em ceder-lhes a sua igreja paroquial, permitindo que aí o sacerdote que os acompanhava celebrasse a Missa de sempre! Graças a Deus que nem tudo está mal na Igreja portuguesa! Que os bons elementos desta ousem sair da "reserva de índios" em que presentemente se encontram!
domingo, agosto 08, 2010
Rito latino-gregoriano em Roma
quinta-feira, agosto 05, 2010
Isto não é a Igreja
En medio del camino de mi vida, la Iglesia, a la cual había estado sirviendo bien o mal amando - sí - tranquilamente, se me dio vuelta y me mostró una figura de hiena, altro que Madre; la cual figura se me aparece de nuevo cada día que hay viento norte. Fue la mayor tentación de mi vida, una tentación contra la Fe - la cual, como digo, vuelve a veces -, tentación que pisaba sobre hechos indubitables, o sea hechos de experiencia. Su formulación era esta: Si la Iglesia me persigue gratuitamente, no es una sociedad fundada por Cristo, la sociedad santa que nos enseñaron.
La respuesta - sencilla, pero difícil de actuar - era: Esto no es la Iglesia. Pero es la Jerarquía de la Iglesia, la más alta Jerarquía. No toda la Jerarquía; y algunos cuantos miembros de la Jerarquía, por alto que estén, no son la Iglesia. La Iglesia son los santos, los humildes, los rectos, los que tienen fe actuosa, los jerarcas iluminados sean pocos o muchos, la inmensa masa de los que practican la doctrina de Cristo calladamente.
La Iglesia no se conoce por los vestidos colorados; es más difícil de conocer que eso.
"Discurso con motivo de cumplir sus 70 años", citado por Sebastián Randle, in "Castellani", Buenos Aires, Vórtice, 2003, página 691.
terça-feira, agosto 03, 2010
Deixem fazer a experiência da tradição em Portugal! (3)
***
Um casal de noivos - ele francês, ela portuguesa - pretendeu casar-se num conhecido santuário do norte do País. Dirigiram-se ao respectivo reitor para tratar das correspondentes formalidades e, certamente ignorando o estado de autêntica anomalia religiosa que se vive em Portugal, manifestaram-lhe a intenção de que a Missa do seu casamento fosse oficiada segundo o rito tradicional latino-gregoriano (possibilidade prevista pelo Motu Proprio "Summorum Pontificum", do Papa Bento XVI). Informaram-no também de que um sacerdote católico deles amigo, "em plena comunhão com Roma", se havia disponibilizado a celebrar esse casamento e a respectiva Missa em tal rito.
A resposta foi-lhes dada com prontidão e rapidez: que não, que não era possível oficiar a Missa tradicional de rito latino-gregoriano, que ele reitor não consentia nisso e o senhor bispo diocesano também não!
Em face disto, o pai do noivo expôs o caso à Comissão "Ecclesia Dei", que interveio, solicitando ao dito bispo diocesano que desbloqueasse a situação a contento dos noivos.
A resposta deste último, mais uma vez, chegou célere e expedita: que não desbloqueava nada e que proibia expressamente a celebração da Missa no rito pretendido!
Perante esta factualidade, e não desejando prolongar este litígio até por razões de disponibilidade temporal, os noivos em causa desistiram da ideia de casar em Portugal e optaram antes por fazê-lo em França, onde, apesar de tudo, parece que ainda há bispos efectivamente católicos e em comunhão com Roma...
domingo, julho 18, 2010
Conferência "Restaurando o Sagrado com a Santa Missa Tradicional" - notícias mais recentes
Graças à generosidade e oração de muitos, queremos comunicar o alargamento do prazo de inscrições até ao dia 15 de Agosto e também a supressão dos honorários. Assim todos os que estiverem inscritos, participarão no Workshop de forma gratuita!
Pedimos, pois, que divulguem, por todos os meios, com a ousadia evangélica que vos é conhecida, o Workshop! Seria excelente que Portugal enchesse a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima para a Missa Solemnis do dia 10. Este é um serviço à Igreja e por isso para a salvação de muitos!
Continuemos a rezar por este apostolado tão desprezado. Temos recebido de muitos a preocupação e receio de participar neste workshop, confiamo-los também às vossas orações, para que à semelhança dos Apóstolos sejam audazes na fidelidade à Igreja.
Confiemos ao Imaculado Coração de Maria os frutos deste projecto!
Os Cónegos Regulares de S. João de Câncio
Impedir a tirania
sábado, julho 17, 2010
Deixem fazer a experiência da tradição em Portugal! (2)
Sobre este assunto, acrescentarei agora mais o seguinte: a implantação prática do “Summorum Pontificum” depende da existência de dois movimentos de vontade opostos, mas convergentes para um ponto comum de chegada: um, de cima para baixo, do episcopado para os fiéis; outro, de baixo para cima, dos fiéis para o episcopado. Ora, em Portugal, país em estado de necessidade e de autêntica anomalia religiosa, o episcopado quase em bloco tem omitido o primeiro daqueles movimentos, com vista a sabotar sistematicamente a afirmação da Missa tradicional em terras lusitanas, frustrando deste modo qualquer esforço que os fiéis leigos tentem fazer nesse sentido. Não faltam exemplos concretos do que afirmo, ocorridos em várias dioceses nacionais. De seguida, passo a dar conta de alguns.
Numa diocese, o bispo manifestou aos fiéis interessados na Missa tradicional que estes teriam de formar um grupo estável composto por “X” pessoas. Assim que o mesmo apareceu formado, e logo com “X” mais “Y” pessoas, o bispo em causa, com notória má fé negocial, decretou que tal grupo teria agora de se constituir numa associação de direito canónico presidida por ele ordinário local, depois de tramitado o processo - demorado… - de aprovação do respectivo estatuto associativo.
Noutra, o bispo, ademais de exorbitar prerrogativas ao sujeitar à sua aprovação pessoal a celebração da Missa tradicional, subordinou também essa eventual aprovação à emissão de um prévio parecer positivo do Secretariado Litúrgico da sua diocese, o qual até hoje, como é óbvio, não foi emitido…
Noutra ainda, um grupo de fiéis devidamente organizado conseguiu convencer um pároco a ceder-lhe uma capela com vista à celebração da Missa tradicional. O celebrante nem sequer seria esse pároco, mas um outro sacerdote diocesano. Acto contínuo, logo apareceu um cónego da Sé local a intimidar o referido pároco com diversas ameaças que se consumariam, caso tal projecto fosse para a frente. Não foi.
É bom de ver que todas estas exigências dos bispos portugueses não têm acolhimento nem na letra, nem no espírito do “Summorum Pontificum”. Ao invés, as mesmas são a manifestação cabal de um episcopado em estado de cisma prático face a Roma, com vontade de obstruir nesta matéria, pelos motivos que aqui atempadamente expus, tanto quanto possível a legítima e superior vontade papal.
Belo lembrete do Cardeal Cañizares
Se cremos de verdade que a Eucaristia é realmente a “fonte e o ápice da vida cristã” - como nos recorda o Concílio Vaticano II - não podemos admitir que seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que de um modo ou de outro devia ser “dessacralizada”. Quantos sacerdotes vimos ser tratados como “retrógrados” ou “anticonciliares” pelo simples facto de celebrarem de maneira solene, piedosa ou simplesmente por obedecerem cabalmente às rubricas! É peremptório sair desta dialéctica.
A reforma foi aplicada e principalmente vivida como uma mudança absoluta, como se se devesse criar um abismo entre o pré e o pós Concílio, em um contexto em que o termo “pré-conciliar” era usado como um insulto. Aqui também se deu o fenómeno que o Papa observa em sua recente carta aos bispos de 10 de Março de 2009: “Às vezes se tem a impressão de que nossa sociedade tenha necessidade de um grupo, ao menos, com o qual não tenha tolerância alguma, o qual se pode atacar com ódio”. Durante este ano foi o caso, em boa medida, dos sacerdotes e fiéis ligados à forma de Missa herdada através dos séculos, tratados muitas vezes como “leprosos”, como dizia de forma contundente o então cardeal Ratzinger.
Hoje em dia, graças ao Motu Proprio, esta situação está mudando notavelmente. E em grande medida está acontecendo porque a vontade do Papa não foi unicamente satisfazer aos seguidores de Dom Lefebvre, nem limitar-se a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por diversos motivos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, mas também, e de maneira especial, abrir a riqueza litúrgica da Igreja a todos os fiéis, tornando possível assim a descoberta dos tesouros do património litúrgico da Igreja a quem ainda o ignora. Quantas vezes a atitude dos que os menosprezam não é devida a outra coisa senão a este desconhecimento! Por isso, considerado a partir deste último aspecto, o Motu Proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos: ainda quando não houvesse nenhum “tradicionalista” a quem satisfazer, este “descobrimento” teria sido suficiente para justificar as disposições do Papa. (destaques meus)
Fonte: blogue "Oblatus".
sábado, julho 10, 2010
"Nadando contra corriente", de Juan Manuel de Prada
La Monstrua
Uno de los signos más palmarios de la corrupción de la democracia es la subversión de las humanas jerarquías. ¿Quiénes están capacitados para gobernar? El Buey Mudo [São Tomás de Aquino] lo expresaba con la lucidez sintética que lo caracteriza: «Qui in virtute intelectiva excedunt». O sea, quienes descuellan por la virtud de la inteligencia; pero hoy este orden jerárquico se ha subvertido, y nos gobiernan los malvados y los tontos. Cuando los malvados y los tontos alcanzan el poder democráticamente, puede decirse sin atisbo de duda que la sociedad ha alcanzado el grado máximo de corrupción; pues si encumbrar lo que es de naturaleza inferior es siempre una monstruosidad, cuando dicho encumbramiento se hace en nombre de la «voluntad popular» debemos entender que la monstruosidad se ha enquistado en la propia organización humana. No hace falta, sin embargo, leer al Buey Mudo para llegar a esta conclusión; basta escuchar las barbaridades de esa miembra del Gobierno llamado Bibiana Aído [ministra espanhola da igualdade, do governo ímpio de Rodríguez Zapatero].
Bibiana Aído ha justificado que las mujeres de dieciséis años puedan abortar sin consentimiento paterno, puesto que también pueden casarse y tener hijos. La pobrecita confunde, como señalaba el otro día el maestro Martín Ferrand, un silogismo con un sofisma; pero un pueblo que refrenda con su voto la subversión de las humanas jerarquías merece que le tomen el pelo, colándole sofismas como si fueran silogismos. El derecho ha establecido desde tiempos inmemoriales una edad mínima para que las personas puedan obligarse jurídicamente; edad que en la mayoría de los ordenamientos jurídicos vigentes oscila entre los dieciocho y los veintiún años. Pero el derecho sabe que la naturaleza es una fuerza motriz contra la que ni siquiera las leyes pueden alzarse; por eso, ante una expresión tan vigorosa -tan constitutiva- de la naturaleza humana como es el deseo de fundar una familia, las leyes declinan su imperio y aceptan que los menores puedan contraer matrimonio y procrear. El genio jurídico admite así que la naturaleza puede crear derecho; o que existen unos mandatos prejurídicos, fundados en la propia naturaleza humana, que las leyes deben respetar, exceptuándolos de sus mandatos jurídicos. Entonces llega Bibiana Aído y se saca de la manga el sofisma: puesto que la ley no impide a mujeres menores de edad casarse y tener hijos tampoco puede impedirlas que aborten. Y así una excepción legal fundada en la naturaleza se convierte en una excepción fundada en la abolición de la naturaleza; pues nada hay tan contrario a la naturaleza como que una madre «decida» aniquilar la vida que se gesta en su vientre.
Tal conversión del sofisma en silogismo sucede cuando se subvierten las humanas jerarquías. Así se puede establecer que una menor tiene capacidad decisoria para abortar; y también se puede emplear un criterio arbitrario de plazos para despenalizar el aborto. Hace cincuenta años, un feto era viable cuando había completado siete meses de gestación; hoy lo es cuando ha completado tan sólo veintidós semanas; dentro de cincuenta años, tal vez lo sea cuando apenas haya sido concebido. Cualquier criterio despenalizador del aborto que se funde en la viabilidad del feto es un sofisma; pues equivale a subordinar el derecho a la vida a los avances o retrocesos científicos. Pero tales aberraciones jurídicas sólo son concebibles cuando se ha instaurado el imperio del sofisma, que es lo que ocurre cuando el gobierno no se entrega a «qui in virtute intelectiva excedunt». Que una persona tan huérfana de «virtud intelectiva» como Aído haya alcanzado la dignidad de ministra nos confirma que cada pueblo tiene los gobernantes que se merece; y puesto que encumbrar lo que es de naturaleza inferior es siempre una monstruosidad, es natural que nos gobiernan monstruas.