quinta-feira, abril 29, 2004
Angelus Press
Dias horrorosamente pesados do ponto de vista profissional retiram-me o tempo, a paciência e a frescura física para actualizar o blogue com a qualidade que os meus parcos, ainda que pacientes e respeitáveis, leitores mereceriam; no entanto, não deserto e deixo aqui uma ligação à Angelus Press, uma editora de interessantíssimos livros católicos tradicionais, com edições susceptíveis de despertar a atenção até aos não crentes.
segunda-feira, abril 26, 2004
Ainda o 25 de Abril de 1974
Tendo aproveitado para limar algumas arestas na redacção do meu anterior artigo, acrescentaria tão-só que enquanto esta data for comemorada da forma que o é hoje em dia - ou até simplesmente comemorada -, desenterrando do baú das velharias ideológicas monstruosidades histórico-arqueológicas do calibre de Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho ou Otelo Saraiva de Carvalho, que nenhuma relação têm com aquilo em que, apesar de tudo, nos tornámos, continuaremos a viver num clima de guerra civil fria, resquício tardio e requentado do PREC, impeditivo de Portugal se tornar definitivamente num País normal, entrado de vez na idade adulta - pelo menos, nestes dias em que se invoca tal efeméride.
sábado, abril 24, 2004
O 25 de Abril de 1974
Pela minha parte, não há grande coisa para dizer sobre o 25 de Abril de 1974. Basta-me recordar que se a tão falada democracia - com todas as críticas que a mesma merece - existe hoje em Portugal, isso sucede não só por causa dele, mas também apesar dele e sobretudo até contra ele. As intenções de boa parte dos seus fautores, muito mais do que instaurar uma democracia de modelo ocidental em Portugal, era a de transformar o país numa Cuba da Europa, submetido a uma tirania comunista similar às que então existiam para lá da cortina de ferro. Outro não era o desiderato da cáfila de traidores, criminosos e até alucinados mentais que, por efeito dessa data, se alcandorou ao poder e onde se incluíam nomes como os de Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho, Rosa Coutinho, Pezarat Correia, Vítor Crespo, Carlos Fabião, ou Vasco Gonçalves. E, de resto, tal viu-se no modo como essa mesma corja destruiu o espaço ultramarino português, entregando as populações nativas que se haviam acolhido sob a bandeira portuguesa ao pior dos despotismos, de que o paradigma mais infame é o nojento abandono à sua própria sorte dos comandos africanos da Guiné.
Se tais projectos totalitários não conseguiram ser concretizados na metrópole, isso deve-se muito mais à resistência que o povo anónimo português, sobretudo no Norte, soube opor a tais intentos, suportado em boa parte pela Igreja Católica - apesar de algumas abencerragens progressistas, como não poderia deixar de ser depois do Vaticano II, terem alinhado com os elementos da dissolução - e pelos sectores das Forças Armadas que se souberam manter fiéis ao seu juramento para com a pátria, onde se destacou naturalmente o Regimento de Comandos. Até o tão propalado combate de Mário Soares ao comunismo só ocorreu depois de, no dia 1 de Maio de 1975, aquele ter sido impedido de comemorar o Dia do Trabalho nas antigas instalações da F.N.A.T., na Avenida do Rio de Janeiro, em Lisboa, junto aos elementos afectos à Intersindical e ao Partido Comunista. Só nessa altura se dirigiu para a Alameda Dom Afonso Henriques o mesmo Mário Soares que até então se afirmava marxista-leninista, e que jamais pestanejou perante as eliminações do Partido do Progresso e do Partido da Democracia Cristã e as tentativas de destruição do Centro Democrático Social e até do Partido Popular Democrático.
Outrossim, não se fale que o 25 de Abril de 1974 é progresso económico: constitui até uma interessante reflexão teórica o imaginar-se quais seriam hoje os níveis de desenvolvimento de Portugal se o tecido empresarial nacional não tivesse sido, nessa época, abruptamente destruído na sua quase totalidade em nome de um fanatismo ideológico que, a quinze anos da queda do Muro de Berlim, se sabia à saciedade ser absolutamente ineficaz do ponto de vista produtivo. A esse modelo socialista imposto pelos abrileiros, o país ficou a dever duas crises económicas monstruosas, uma em 1978 e outra em 1983-1985, dois humilhantes acordos com o F.M.I., um enorme endividamento externo e uma inflação devastadora, bem como a fuga da quase totalidade do investimento estrangeiro, e isto tudo com todas as repercussões sociais absolutamente ruinosas daí decorrentes. Se Portugal conseguiu, mais ou menos, sair desse ciclo desastroso, tal deve-se unicamente ao abandono dos dogmas doutrinários que os revolucionários de 1974 tentaram impor.
Finalmente, do ponto de vista católico tradicional que inspira este blogue, convém relembrar que o 25 de Abril de 1974, para além de ser animado, como se viu, por um espírito que contradizia directamente o ensinamento social dos Papas em encíclicas como a "Rerum Novarum" ou a "Divini Redemptoris", não hesitou em ensaiar uns laivos de perseguição religiosa à maneira da República Espanhola de 1934, como o exemplificam o cerco ao Patriarcado, a ocupação da Rádio Renascença e destruição à bomba dos seus emissores, o enxovalho imposto ao então Arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva, no aeroporto de Lisboa, despojado das suas vestes eclesiásticas à vista de toda a gente, e enfim, por último mas não menos importante, as abjectas campanhas de dinamização cultural, nas quais, entre outros aspectos, se mofava da forma mais torpe, asquerosa e repugnante possível da pureza da Mãe de Deus.
Associando-me às comemorações da data supra, publico, abaixo, um poema de António Sardinha - "Portugal Crucificado" - e um célebre trecho do "Diário" do grande e insuspeito prosador Miguel Torga.
Se tais projectos totalitários não conseguiram ser concretizados na metrópole, isso deve-se muito mais à resistência que o povo anónimo português, sobretudo no Norte, soube opor a tais intentos, suportado em boa parte pela Igreja Católica - apesar de algumas abencerragens progressistas, como não poderia deixar de ser depois do Vaticano II, terem alinhado com os elementos da dissolução - e pelos sectores das Forças Armadas que se souberam manter fiéis ao seu juramento para com a pátria, onde se destacou naturalmente o Regimento de Comandos. Até o tão propalado combate de Mário Soares ao comunismo só ocorreu depois de, no dia 1 de Maio de 1975, aquele ter sido impedido de comemorar o Dia do Trabalho nas antigas instalações da F.N.A.T., na Avenida do Rio de Janeiro, em Lisboa, junto aos elementos afectos à Intersindical e ao Partido Comunista. Só nessa altura se dirigiu para a Alameda Dom Afonso Henriques o mesmo Mário Soares que até então se afirmava marxista-leninista, e que jamais pestanejou perante as eliminações do Partido do Progresso e do Partido da Democracia Cristã e as tentativas de destruição do Centro Democrático Social e até do Partido Popular Democrático.
Outrossim, não se fale que o 25 de Abril de 1974 é progresso económico: constitui até uma interessante reflexão teórica o imaginar-se quais seriam hoje os níveis de desenvolvimento de Portugal se o tecido empresarial nacional não tivesse sido, nessa época, abruptamente destruído na sua quase totalidade em nome de um fanatismo ideológico que, a quinze anos da queda do Muro de Berlim, se sabia à saciedade ser absolutamente ineficaz do ponto de vista produtivo. A esse modelo socialista imposto pelos abrileiros, o país ficou a dever duas crises económicas monstruosas, uma em 1978 e outra em 1983-1985, dois humilhantes acordos com o F.M.I., um enorme endividamento externo e uma inflação devastadora, bem como a fuga da quase totalidade do investimento estrangeiro, e isto tudo com todas as repercussões sociais absolutamente ruinosas daí decorrentes. Se Portugal conseguiu, mais ou menos, sair desse ciclo desastroso, tal deve-se unicamente ao abandono dos dogmas doutrinários que os revolucionários de 1974 tentaram impor.
Finalmente, do ponto de vista católico tradicional que inspira este blogue, convém relembrar que o 25 de Abril de 1974, para além de ser animado, como se viu, por um espírito que contradizia directamente o ensinamento social dos Papas em encíclicas como a "Rerum Novarum" ou a "Divini Redemptoris", não hesitou em ensaiar uns laivos de perseguição religiosa à maneira da República Espanhola de 1934, como o exemplificam o cerco ao Patriarcado, a ocupação da Rádio Renascença e destruição à bomba dos seus emissores, o enxovalho imposto ao então Arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva, no aeroporto de Lisboa, despojado das suas vestes eclesiásticas à vista de toda a gente, e enfim, por último mas não menos importante, as abjectas campanhas de dinamização cultural, nas quais, entre outros aspectos, se mofava da forma mais torpe, asquerosa e repugnante possível da pureza da Mãe de Deus.
Associando-me às comemorações da data supra, publico, abaixo, um poema de António Sardinha - "Portugal Crucificado" - e um célebre trecho do "Diário" do grande e insuspeito prosador Miguel Torga.
Portugal Crucificado
Crucificado sobre um alto serro,
com moiros a jogar-lhe a roupa aos dados,
eis Portugal pagando o antigo erro,
eis Portugal penando os seus pecados.
Insultam-no de baixo com aferro
esses a quem o insulto faz medrados.
Hora de expiação. Um ar de enterro
tingiu de treva os longes carregados.
E exclama Portugal: - "Senhor! Senhor!
A mim, alcaide-mor da Cristandade,
assim me abandonaste na agonia!"
Mas nisto, num clarão dominador,
por sobre toda aquela escuridade,
outra manhã de Ourique se anuncia!...
António Sardinha
com moiros a jogar-lhe a roupa aos dados,
eis Portugal pagando o antigo erro,
eis Portugal penando os seus pecados.
Insultam-no de baixo com aferro
esses a quem o insulto faz medrados.
Hora de expiação. Um ar de enterro
tingiu de treva os longes carregados.
E exclama Portugal: - "Senhor! Senhor!
A mim, alcaide-mor da Cristandade,
assim me abandonaste na agonia!"
Mas nisto, num clarão dominador,
por sobre toda aquela escuridade,
outra manhã de Ourique se anuncia!...
António Sardinha
Os estrebuchões da pátria
Os estrebuchões que a pátria dá no hospital revolucionário a que a reduziram! Necessitada de uma clarividente terapêutica revitalizadora, ninguém esperava vê-la do pé para a mão transformada de norte a sul num desesperado corpo convulsivo. Mas somos assim: ou tudo, ou nada. Ou amodorrados numa sonolência de morte, ou possuídos de uma agitação frenética. Ou catalépticos, ou atacados da doença de S. Vito. O espectáculo que damos neste momento ao mundo não é o de um povo que se esforça por actualizar ousada e sensatamente a sua vida retrógrada. É o de um manicómio territorial onde enfermeiros improvisados e atrevidos submetem nove milhões de concidadãos a um electrochoque aberrante e desumano.
Miguel Torga - Diário XII - 1975
Miguel Torga - Diário XII - 1975
sexta-feira, abril 23, 2004
The French Revolution - 2 (final)
The pioneers of the Revolution also belonged frequently to the clergy. The "philosophising abbés" could be found everywhere, men such as Sieyès, Raynal, Bishop Gregóire, Mably, de St. Pierre and Barthélmy. Voltaire owed his deism to the Abbé de Châteauneuf and not without reason did Rousseau put the summary of his sentimental-deistic philosophy into the mouth of his Vicaire Savoyard. Enlightment and the Revolution had little to fear from the more intellectual clergy. Voltaire and Diderot both had been educated by the Jesuits (who are by no means the mind molders a certain type of propaganda makes them out to be). And since the totalitarian movements of the last hundred years are in part or even predominantly Christian heresies if not caricatures of the monastery, it is not so suprising that men and women with a distinctly Christian background fall from them. Neither the clerical state nor the seminary training are by any means prophylactics against such deviations. Who could imagine the French Revolution without the participation of clerics and exclerics, Russian Bolshevism without Stalin and Mikoyan, both former seminarians? Nor could one conceive of the earlier leftist currents without Arnaldo di Brescia, Joachim de Floris, John Ball, John Wycliff, or Campanella. Corruptio optimi pessima.
Erik von Kuehnelt-Leddihn - Leftism - 1974
Erik von Kuehnelt-Leddihn - Leftism - 1974
The French Revolution - 1
The French Revolution is still with us in every way. Not only are its ideas everpresent, but there is much in its historic evolution that can teach us in North America no less than in Europe. Its initial period began with the undermining of traditional values and ideas, coupled with the demand for moderate reforms. With Voltaire a whole series of scoffers, facile critics, and agnostics in the literal sense of the term made their appearance. They subverted religion, convictions, traditions, and loyalties on which state and society rested. The process of decomposition and putrefaction always starts at the top - in royal palace, the presidential mansion, among the intellectuals, the aristocracy, the wealthy, the clergy - and then gradually enmeshes the lower social layers. In this process it is interesting to notice how the high and mighty develop a sense of guilt and with readiness to abdicate, to yeld to expropriation, to submit to the loss of privileges, in other words, to commit suicide politically and economically. For this masochist act, however, they are well prepared by the ideological propaganda coming from their own ranks. In the case of French Revolution we had in Louis XVI not a representative of either "reaction" or "conservatism" but an avid reader of the Encyclopédie (...). The members of nobility who took part in the intellectual or political undermining of the ancien régime and then participated in the Revolution are very numerous; whitout their support the French Revolution is well-nigh unimaginable. Among its forerunners we encounter Holbach, Grimm, and Madame d'Epernay, and later Mirabeau, Noailles, Malesherbes, Victor Claude, de Broglie, Clootz, Condorcet, Robespierre, Custine, Saint Just, Clermont-Tonerre, de Séchelles, Bissy d'Anglas, Barras, Collot d'Herbois, Corday d'Armont, Rouget de Lisle, Sade, Lafayette, Lanjuinais, the brothers Lameth, Barère de Vieuzac, and the Duc d'Orléans. In compiling such an inventory one is inevitably reminded of the fact that, statistically speaking, the natural death of states and nations as well of classes and estates, is not murder but suicide. However, this act of suicide is usually preceded by a period of delusions and follies. Quem deus vult perdidi prius dementat.
Erik von Kuehnelt-Leddihn - Leftism - 1974
Erik von Kuehnelt-Leddihn - Leftism - 1974
terça-feira, abril 20, 2004
Screwtape e Wormwood liturgistas
Dizia ironicamente Dietrich von Hildebrand que se Screwtape e Wormwood, os dois demónios personagens da obra-prima de C.S. Lewis "The Screwtape Letters", tivessem sido incumbidos de proceder à criação de um novo rito da Missa, ainda assim o desastre não seria tão grande como aquele que ocorreu com a reforma litúrgica de Paulo VI.
Vem isto a propósito de nos dois últimos fins-de-semana ter estado fora de Lisboa e assistido a celebrações realizadas em conformidade com as normas saídas daquela reforma, uma num concelho da diocese de Aveiro, outra num da diocese de Viseu. Finalmente, agora e há já algum tempo, depois de conhecer aprofundadamente a Missa tradicional de rito latino-gregoriano, percebo por que motivo durante tantos anos a fio me pareceu que a generalidade das Missas a que assistia não passavam de um frete, de uma estopada e de uma maçadoria absoluta, mau-grado a minha vontade de combater com denodo tal forma de sentir: é que, efectivamente, o problema não estava na minha pessoa, mas no próprio rito em que essas Missas eram e continuam a ser celebradas, o rito saído da reforma mencionada no parágrafo anterior, totalmente artificial, sem qualquer ritmo ou encadeamento, desprovido de dimensão sagrada, sacrificial e reverencial, carenciado da mínima espiritualidade, completamente virado que está para a adoração do… homem.
É certo que o novo rito, se cumprido rigorosamente à letra, apesar de todos os seus defeitos ainda seria tragável e conseguiria criar uma ilusão de aproximação à sempre válida e irrevogável Missa de rito latino-gregoriano, mas desafortunadamente, na generalidade das igrejas, os celebrantes esmeram-se por subvertê-lo por completo, tornando-o quase insuportável: nas duas Missas que presenciei, o "Kyrie" e o "Confiteor" foram pura e simplesmente suprimidos, numa delas o "Gloria" foi truncado e noutra coube tal sorte ao "Credo", e pareceu-me que nem sequer o próprio Cânon (!) se escapou a uns laivos de criatividade litúrgica dos oficiantes; por outro lado, estes, à revelia de todas as normas litúrgicas, não se coíbiram de introduzir na Missa orações de sua autoria, com um cunho mais ou menos "kitsch", pervertendo de forma decisiva aquelas que deveriam ser as principais características do culto católico: as suas unicidade e universalidade.
Dito isto, parece evidente que a queda abissal da frequência das Missas católicas se fica também a dever em boa parte a esta reforma desastrosa, e não só a um galgar do materialismo na sociedade. Ora, os Bispos portugueses, dominados pela ideologia modernista, continuam a fingir não ver aquela causa, e de modo tão chocante que o Motu Proprio "Ecclesia Dei", do Papa João Paulo II - veio autorizar a celebração da Missa de rito latino-gregoriano em todas as dioceses, na condição do Bispo local anuir nisso -, continua a não ter qualquer aplicação prática no nosso país. Até quando?...
Vem isto a propósito de nos dois últimos fins-de-semana ter estado fora de Lisboa e assistido a celebrações realizadas em conformidade com as normas saídas daquela reforma, uma num concelho da diocese de Aveiro, outra num da diocese de Viseu. Finalmente, agora e há já algum tempo, depois de conhecer aprofundadamente a Missa tradicional de rito latino-gregoriano, percebo por que motivo durante tantos anos a fio me pareceu que a generalidade das Missas a que assistia não passavam de um frete, de uma estopada e de uma maçadoria absoluta, mau-grado a minha vontade de combater com denodo tal forma de sentir: é que, efectivamente, o problema não estava na minha pessoa, mas no próprio rito em que essas Missas eram e continuam a ser celebradas, o rito saído da reforma mencionada no parágrafo anterior, totalmente artificial, sem qualquer ritmo ou encadeamento, desprovido de dimensão sagrada, sacrificial e reverencial, carenciado da mínima espiritualidade, completamente virado que está para a adoração do… homem.
É certo que o novo rito, se cumprido rigorosamente à letra, apesar de todos os seus defeitos ainda seria tragável e conseguiria criar uma ilusão de aproximação à sempre válida e irrevogável Missa de rito latino-gregoriano, mas desafortunadamente, na generalidade das igrejas, os celebrantes esmeram-se por subvertê-lo por completo, tornando-o quase insuportável: nas duas Missas que presenciei, o "Kyrie" e o "Confiteor" foram pura e simplesmente suprimidos, numa delas o "Gloria" foi truncado e noutra coube tal sorte ao "Credo", e pareceu-me que nem sequer o próprio Cânon (!) se escapou a uns laivos de criatividade litúrgica dos oficiantes; por outro lado, estes, à revelia de todas as normas litúrgicas, não se coíbiram de introduzir na Missa orações de sua autoria, com um cunho mais ou menos "kitsch", pervertendo de forma decisiva aquelas que deveriam ser as principais características do culto católico: as suas unicidade e universalidade.
Dito isto, parece evidente que a queda abissal da frequência das Missas católicas se fica também a dever em boa parte a esta reforma desastrosa, e não só a um galgar do materialismo na sociedade. Ora, os Bispos portugueses, dominados pela ideologia modernista, continuam a fingir não ver aquela causa, e de modo tão chocante que o Motu Proprio "Ecclesia Dei", do Papa João Paulo II - veio autorizar a celebração da Missa de rito latino-gregoriano em todas as dioceses, na condição do Bispo local anuir nisso -, continua a não ter qualquer aplicação prática no nosso país. Até quando?...
sexta-feira, abril 16, 2004
Para que Ele reine
Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus e a divindade de Nosso Senhor é a verdade central da nossa fé. Portanto serviremos a Nosso Senhor como Deus e não como um simples homem. Sem dúvida por sua humanidade Ele nos santificou, pela Graça Santificante que enche sua Santa Alma; isto determina o respeito infinito que devemos ter por sua Santa Humanidade. Mas actualmente o perigo é fazer de Nosso Senhor um simples homem, um homem extraordinário certamente, um super-homem, mas não o Filho de Deus. Pelo contrário, se é verdadeiramente Deus como a fé nos ensina, então tudo muda pois sendo assim Ele é Senhor de todas as coisas e tudo resulta da sua divindade. Assim todos os atributos que a teologia nos faz conhecer de Deus: sua omnipotência, sua omnipresença, sua causalidade permanente e suprema relativamente a todas as coisas, a tudo o que existe já que Ele é a origem de todos os seres, tudo isto se aplica a Nosso Senhor Jesus Cristo. Tem portanto todo o poder sobre todas as coisas, por sua própria natureza é Rei, rei do universo e nenhuma criatura, indivíduo ou sociedade pode escapar a sua soberania, sua soberania de poder e sua soberania da Graça.
(…)
Desta primeira verdade de fé, a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segue-se a segunda: sua Realeza, e especialmente sua Realeza sobre as sociedades, a obediência que devem ter as sociedades à Vontade de Jesus Cristo, a submissão que devem ter as leis civis com respeito à lei de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda mais, Nosso Senhor Jesus Cristo quer que as almas se salvem, indirectamente sem dúvida, mas eficazmente por uma sociedade civil cristã, plenamente submetida ao Evangelho e que se cumpra seu desígnio redentor, que seja o instrumento temporal dele. Então o que será mais justo e necessário do que as leis civis se submeterem às leis de Jesus Cristo? (…) O que quer Nosso Senhor senão que seu sacrifício redentor vivifique a sociedade civil? O que é a civilização cristã, o que é a cristandade senão a encarnação da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo na vida de toda uma sociedade? Eis aqui o que se chama o Reino Social de Nosso Senhor, a verdade que devemos propagar hoje com a maior força possível, frente ao liberalismo.
Arcebispo Marcel Lefebvre - 1987
(…)
Desta primeira verdade de fé, a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, segue-se a segunda: sua Realeza, e especialmente sua Realeza sobre as sociedades, a obediência que devem ter as sociedades à Vontade de Jesus Cristo, a submissão que devem ter as leis civis com respeito à lei de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda mais, Nosso Senhor Jesus Cristo quer que as almas se salvem, indirectamente sem dúvida, mas eficazmente por uma sociedade civil cristã, plenamente submetida ao Evangelho e que se cumpra seu desígnio redentor, que seja o instrumento temporal dele. Então o que será mais justo e necessário do que as leis civis se submeterem às leis de Jesus Cristo? (…) O que quer Nosso Senhor senão que seu sacrifício redentor vivifique a sociedade civil? O que é a civilização cristã, o que é a cristandade senão a encarnação da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo na vida de toda uma sociedade? Eis aqui o que se chama o Reino Social de Nosso Senhor, a verdade que devemos propagar hoje com a maior força possível, frente ao liberalismo.
Arcebispo Marcel Lefebvre - 1987
A reislamização de Espanha
O sempre prestável Rafael Castela Santos fez-me chegar este interessante texto, originalmente publicado no "Libertad Digital":
"Hay un plan secreto para reislamizar España por parte de varios países árabes", según Enrique Montánchez, coautor de "En el nombre de Alá. La red secreta del terrorismo islamista en España" (Planeta, 2002). En 256 páginas, este trabajo de investigación periodística "no es un libro de tesis, ni policial ni política, sino que presenta datos que son las piezas de un puzzle", según sus autores. Montánchez, redactor jefe de Investigación del diario La Razón y Pedro Canales, corresponsal en el Magreb del mismo periódico, firman el libro conjuntamente y subrayan que sólo tratan de abrir un debate social acerca de este fenómeno.
En el libro, sus autores llegan a la conclusión de que el mundo islámico busca reconquistar ideológicamente "Al Andalus" (nombre histórico de la España Musulmana). Aportan pruebas y datos para demostrarlo, como los "abundantes" medios económicos facilitados por Marruecos y Arabia Saudí para la construcción de mezquitas en España. Pedro Canales asegura que en el libro también se demuestra cómo España es el único lugar de Europa donde los musulmanes hacen proselitismo y que en los últimos años ya se han convertido al Islam a unos 30.000 españoles. "Hay una reislamización, se busca convertir, ganar terreno", afirma.
Para subrayar este argumento, los autores explican cómo en los años 80 sólo había diez asociaciones islámicas en España, mientras que ahora hay más de doscientas y la mayoría también son financiadas por Marruecos y Arabia Saudí. Pedro Canales, buen conocedor del Magreb, explica también cómo Marruecos se sirve de la inmigración ilegal para suavizar su situación política interna. Con una población empobrecida, el propio Gobierno marroquí tolera a las mafias de la inmigración, que introducen en España a miles de personas desesperadas cada año. Al permitir que se marchen y "hacer la vista gorda con las mafias", Marruecos se evita un estallido social y desvía a Europa a quienes pudieran darle problemas más adelante.
Pero en realidad, lo que está haciendo el país vecino es pasarle la patata caliente a España. Los autores del libro advierten de que la inmigración de origen norteafricano es un "caldo de cultivo" perfecto para los fenómenos integristas. Al llegar a España, los inmigrantes reciben apoyo inmediato de estas redes, que les dan dinero "para que empiecen a funcionar" e incluso les facilitan "un sitio donde dormir". Una vez cubiertas las primeras necesidades de los recién llegados, las redes continúan con el proselitismo religioso y se sirven de sus contactos y de su dinero para reclutar a los que, con el paso del tiempo y una intensa labor de conversión al fanatismo, convierten en "combatientes islámicos" para enviarlos a campos de entrenamiento en otros países.
Durante la rueda de prensa, celebrada este lunes en Madrid, adelantaron una noticia que publicarán próximamente en La Razón. Dicen que empresas del Holding Ben Laden operan en España con total naturalidad. Están establecidas, fundamentalmente, en el Levante español, pero no ofrecen más datos al respecto. Aseguran, eso sí, que se trata simplemente de una nueva pieza de un puzzle inacabado, que se va completando día a día porque las ramificaciones del terrorismo islámico y del integrismo se extienden por todas partes. A su juicio, "el terrorismo islamista ha convertido a España en una plataforma de preparación logística para atentar contra objetivos en otras naciones", algo que ya se había publicado meses atrás, cuando fue detenido un grupo de presuntos miembros de Al Qaeda en España.
Por último, "En el nombre de Alá" presenta un capítulo especial sobre la situación de Ceuta y Melilla, que se titula "Talón de Aquiles de España frente a la marea islamista". Pedro Canales asegura que Ceuta y Melilla pueden "ser el talón de Aquiles del país o por el contrario puede ser el punto fuerte de una política de integración cultural que sirva de modelo". Sin embargo, los autores no dudan al explicar que el verdadero interés de Marruecos es recuperar "algún día" el control sobre las dos ciudades españolas.
"Hay un plan secreto para reislamizar España por parte de varios países árabes", según Enrique Montánchez, coautor de "En el nombre de Alá. La red secreta del terrorismo islamista en España" (Planeta, 2002). En 256 páginas, este trabajo de investigación periodística "no es un libro de tesis, ni policial ni política, sino que presenta datos que son las piezas de un puzzle", según sus autores. Montánchez, redactor jefe de Investigación del diario La Razón y Pedro Canales, corresponsal en el Magreb del mismo periódico, firman el libro conjuntamente y subrayan que sólo tratan de abrir un debate social acerca de este fenómeno.
En el libro, sus autores llegan a la conclusión de que el mundo islámico busca reconquistar ideológicamente "Al Andalus" (nombre histórico de la España Musulmana). Aportan pruebas y datos para demostrarlo, como los "abundantes" medios económicos facilitados por Marruecos y Arabia Saudí para la construcción de mezquitas en España. Pedro Canales asegura que en el libro también se demuestra cómo España es el único lugar de Europa donde los musulmanes hacen proselitismo y que en los últimos años ya se han convertido al Islam a unos 30.000 españoles. "Hay una reislamización, se busca convertir, ganar terreno", afirma.
Para subrayar este argumento, los autores explican cómo en los años 80 sólo había diez asociaciones islámicas en España, mientras que ahora hay más de doscientas y la mayoría también son financiadas por Marruecos y Arabia Saudí. Pedro Canales, buen conocedor del Magreb, explica también cómo Marruecos se sirve de la inmigración ilegal para suavizar su situación política interna. Con una población empobrecida, el propio Gobierno marroquí tolera a las mafias de la inmigración, que introducen en España a miles de personas desesperadas cada año. Al permitir que se marchen y "hacer la vista gorda con las mafias", Marruecos se evita un estallido social y desvía a Europa a quienes pudieran darle problemas más adelante.
Pero en realidad, lo que está haciendo el país vecino es pasarle la patata caliente a España. Los autores del libro advierten de que la inmigración de origen norteafricano es un "caldo de cultivo" perfecto para los fenómenos integristas. Al llegar a España, los inmigrantes reciben apoyo inmediato de estas redes, que les dan dinero "para que empiecen a funcionar" e incluso les facilitan "un sitio donde dormir". Una vez cubiertas las primeras necesidades de los recién llegados, las redes continúan con el proselitismo religioso y se sirven de sus contactos y de su dinero para reclutar a los que, con el paso del tiempo y una intensa labor de conversión al fanatismo, convierten en "combatientes islámicos" para enviarlos a campos de entrenamiento en otros países.
Durante la rueda de prensa, celebrada este lunes en Madrid, adelantaron una noticia que publicarán próximamente en La Razón. Dicen que empresas del Holding Ben Laden operan en España con total naturalidad. Están establecidas, fundamentalmente, en el Levante español, pero no ofrecen más datos al respecto. Aseguran, eso sí, que se trata simplemente de una nueva pieza de un puzzle inacabado, que se va completando día a día porque las ramificaciones del terrorismo islámico y del integrismo se extienden por todas partes. A su juicio, "el terrorismo islamista ha convertido a España en una plataforma de preparación logística para atentar contra objetivos en otras naciones", algo que ya se había publicado meses atrás, cuando fue detenido un grupo de presuntos miembros de Al Qaeda en España.
Por último, "En el nombre de Alá" presenta un capítulo especial sobre la situación de Ceuta y Melilla, que se titula "Talón de Aquiles de España frente a la marea islamista". Pedro Canales asegura que Ceuta y Melilla pueden "ser el talón de Aquiles del país o por el contrario puede ser el punto fuerte de una política de integración cultural que sirva de modelo". Sin embargo, los autores no dudan al explicar que el verdadero interés de Marruecos es recuperar "algún día" el control sobre las dos ciudades españolas.
quarta-feira, abril 14, 2004
Abuse of language, abuse of power
Plato's literary activity extended over fifty years, and time and again he asked himself anew: What is it that makes the sophists so dangerous? Toward the end he wrote one more dialogue, the Sophist, in which he added a new element to his answer: "The sophists", he says, "fabricate a fictitious reality." That the existential realm of man could be taken over by pseudorealities whose fictious nature threatens to become indiscernible is truly a depressing thought. And yet this Platonic nightmare, I hold, possesses an alarming contemporary relevance. For the general public is being reduced to a state where people not only are unable to find out about the truth but also become unable even to search for the truth because they are satisfied with deception and trickery that have determined their convictions, satisfied with a fictious reality created by design through the abuse of language. This says Plato, is the worst thing that the sophists are capable of wreaking upon mankind by their corruption of the word.
Josef Pieper - 1974
Josef Pieper - 1974
El-Rei D. Miguel
Conforme havia prometido, aqui fica o soneto (incompleto) que António Sardinha dedicou àquele que o Papa Gregório XVI, no momento em que o apresentava ao povo de Roma, definiu como "o monarca mais católico de toda a Cristandade" - El-Rei D. Miguel de Portugal:
É de medalha o teu perfil vincado.
Tu, sim, que fostes o último Senhor,
que destes ao ceptro o uso dum cajado
e à Realeza o ofício de pastor!
Ficou suspenso sobre a terra o arado,
desde que o abandonou o lavrador.
Ninguém o tira donde está fincado,
não há ninguém que o puxe com vigor!
terça-feira, abril 13, 2004
As duas democracias
Entre as nossas leituras de Páscoa, incluiu-se o excelente livro de Jean Madiran, "Las Dos Democracias", tradução do original francês publicada pela Editorial Iction, de Buenos Aires, no já distante ano de 1980.
Nesta notável obra, o autor abana violentamente um dos bezerros de ouro mais intocáveis do mundo moderno, ou seja, a democracia, analisando-a à luz do pensamento católico tradicional. De acordo com este último, aquela é apenas uma das formas de regime através dos quais uma sociedade se pode organizar politicamente, mas não a única possível ou legítima para o efeito.
Efectivamente, a legitimidade de um regime político não se afere pela mera lei da quantidade ou do número de votos obtidos num acto eleitoral - as mais das vezes condicionado pela força do dinheiro, pervertido pela intervenção de discretos lóbis e subtis grupos de pressão, e, enfim, subvertido pelos fazedores de opinião publicada -, mas pela conformidade da sua praxis com a lei divina revelada e, consequentemente, com a lei moral natural, ambas precedendo a lei humana positiva, que com aquelas duas se deve conformar.
Desta maneira, a democracia, se entendida no sentido clássico (ateniense) do termo, isto é, tão-só como a escolha directa dos governantes pelos governados, desde que limitada por aquelas realidades que lhe são superiores - a lei divina revelada e a lei moral -, é uma das formas de governo admitidas pela doutrina católica tradicional, conjuntamente com a monarquia e a aristocracia. Independentemente da forma concreta que cada sociedade em dado momento da sua evolução histórica adopte, todas elas estão subordinadas a uma doutrina única que lhes é comum, prévia e superior, pois existe um só e só um ensinamento universalmente verdadeiro sobre realidades tão específicas como a família, a propriedade, a justiça, o bem e o mal.
Pelo contrário, a democracia moderna, nascida da convulsão revolucionária de 1789, idolatrizando a vontade ilimitada do homem, a qual é erigida em estalão único de legitimidade política e sem quaisquer barreiras que se lhe possam eficazmente opor (os limites constitucionais são uma mera ficção, passíveis de revisão a qualquer momento, submetidos que estão também àquela vontade ilimitada), vem a constituir afinal uma efectiva ditadura do relativismo ético-moral, uma opressão da verdade e, na sua forma mais pura e radical, um totalitarismo niilista que não hesita - nada paradoxalmente, ao contrário do que é costume supor-se - em eliminar todos os que com ele não se conformam, como o comprova à saciedade a História dos últimos duzentos anos, se lida com olhos de ler.
E, evidentemente, esta segunda forma de democracia não só não merece minimamente o assentimento do pensamento doutrinário católico tradicional, como na sua forma extrema é por ele expressamente condenado. Assim, na encíclica "Quanta Cura" (1864), Pio IX sustenta que "(…) não é verdade que a vontade do povo, expressada através da opinião pública ou por qualquer outro modo, constitua a lei suprema, independente de todo o direito divino ou humano".
Nesta notável obra, o autor abana violentamente um dos bezerros de ouro mais intocáveis do mundo moderno, ou seja, a democracia, analisando-a à luz do pensamento católico tradicional. De acordo com este último, aquela é apenas uma das formas de regime através dos quais uma sociedade se pode organizar politicamente, mas não a única possível ou legítima para o efeito.
Efectivamente, a legitimidade de um regime político não se afere pela mera lei da quantidade ou do número de votos obtidos num acto eleitoral - as mais das vezes condicionado pela força do dinheiro, pervertido pela intervenção de discretos lóbis e subtis grupos de pressão, e, enfim, subvertido pelos fazedores de opinião publicada -, mas pela conformidade da sua praxis com a lei divina revelada e, consequentemente, com a lei moral natural, ambas precedendo a lei humana positiva, que com aquelas duas se deve conformar.
Desta maneira, a democracia, se entendida no sentido clássico (ateniense) do termo, isto é, tão-só como a escolha directa dos governantes pelos governados, desde que limitada por aquelas realidades que lhe são superiores - a lei divina revelada e a lei moral -, é uma das formas de governo admitidas pela doutrina católica tradicional, conjuntamente com a monarquia e a aristocracia. Independentemente da forma concreta que cada sociedade em dado momento da sua evolução histórica adopte, todas elas estão subordinadas a uma doutrina única que lhes é comum, prévia e superior, pois existe um só e só um ensinamento universalmente verdadeiro sobre realidades tão específicas como a família, a propriedade, a justiça, o bem e o mal.
Pelo contrário, a democracia moderna, nascida da convulsão revolucionária de 1789, idolatrizando a vontade ilimitada do homem, a qual é erigida em estalão único de legitimidade política e sem quaisquer barreiras que se lhe possam eficazmente opor (os limites constitucionais são uma mera ficção, passíveis de revisão a qualquer momento, submetidos que estão também àquela vontade ilimitada), vem a constituir afinal uma efectiva ditadura do relativismo ético-moral, uma opressão da verdade e, na sua forma mais pura e radical, um totalitarismo niilista que não hesita - nada paradoxalmente, ao contrário do que é costume supor-se - em eliminar todos os que com ele não se conformam, como o comprova à saciedade a História dos últimos duzentos anos, se lida com olhos de ler.
E, evidentemente, esta segunda forma de democracia não só não merece minimamente o assentimento do pensamento doutrinário católico tradicional, como na sua forma extrema é por ele expressamente condenado. Assim, na encíclica "Quanta Cura" (1864), Pio IX sustenta que "(…) não é verdade que a vontade do povo, expressada através da opinião pública ou por qualquer outro modo, constitua a lei suprema, independente de todo o direito divino ou humano".
quinta-feira, abril 08, 2004
Uma Santa Páscoa
A todos os amigos de "A Casa de Sarto", votos de uma Santa Páscoa. Para reflexão nos próximos dias, aqui fica este belo texto de São Paulo:
"Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e é vã também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados. Por conseguinte, aqueles que morreram em Cristo, perderam-se. E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. E, como todos morrem em Adão, assim em Cristo todos voltarão a receber a vida. Mas cada um na sua própria ordem: primeiro, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois, será o fim: quando Ele entregar o reino a Deus e Pai, depois de ter destruído todo o principado, toda a dominação e poder. Pois é necessário que Ele reine até que tenha colocado todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus tudo submeteu debaixo dos pés dele. Mas quando diz: "Tudo foi submetido", é claro que se exclui aquele que lhe submeteu tudo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, afim de que Deus seja tudo em todos".
São Paulo - 1ª Carta aos Coríntios - 15, 12-28
"Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e é vã também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados. Por conseguinte, aqueles que morreram em Cristo, perderam-se. E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. E, como todos morrem em Adão, assim em Cristo todos voltarão a receber a vida. Mas cada um na sua própria ordem: primeiro, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois, será o fim: quando Ele entregar o reino a Deus e Pai, depois de ter destruído todo o principado, toda a dominação e poder. Pois é necessário que Ele reine até que tenha colocado todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus tudo submeteu debaixo dos pés dele. Mas quando diz: "Tudo foi submetido", é claro que se exclui aquele que lhe submeteu tudo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, afim de que Deus seja tudo em todos".
São Paulo - 1ª Carta aos Coríntios - 15, 12-28
terça-feira, abril 06, 2004
Rafael Gambra y unidad religiosa
Hay una canción española que dice que “cuando un amigo se va, algo se muere en el alma”. La muerte del Profesor Don Rafael Gambra, semanas ha, está todavía reciente pero con él se nos va el último egregio representante de la filosofía política carlista. Hay una larga tradición que abarca desde Juan Vázquez de Mella hasta Víctor Pradera, con sus predecesores, como Ramón Nocedal y otros, y que se continúa hasta nuestros días con Francisco Elías de Tejada, el norteamericano Frederick Wilhelmsen (español y carlista de adopción) y Rafael Gambra. Posiblemente los únicos representantes vivos, de sean Miguel Ayuso –filosofía del Derecho- y el argentino Rubén Calderón Bochuet –Historia del pensamiento-.
El Carlismo es un movimiento político surgido en la España del XIX que es mucho más que una lucha legitimista. Es la lucha de la España católica por sobrevivir al aplastamiento al que la anti-España, la liberal que luego se transformó en comunista durante la II República, la que protagonizó la expropiación de bienes a la Iglesia con la Desamortización y la que asesinaba Sacerdotes y quemaba Templos y Conventos. Pero es, también, un movimiento político, que encarna el catolicismo quizás con más puridad que ningún otro de tiempos recientes.
El Tradicionalismo de los carlistas es religioso, pero también lo es político y cultural. La Santa Religión Católica es vista por los carlistas como algo que tiene que inspirar completamente la vida de un pueblo. De ahí que la vida pública de una nación tenga que cumplir, al menos, con los Diez Mandamientos. La gran ventaja del Carlismo es que, a diferencia de otros movimientos europeos inspirados lejana o próximamente en el catolicismo, el Carlismo conservó la pureza de la Doctrina y de la Fe puras. Para ello tuvo la suerte beber siempre de las aguas cristalinas del tomismo para formular dicha doctrina. Otros autores próximos a este blog, como Charles Maurras, por ejemplo, no deja de estar contaminado por Descartes, autor este último del que prácticamente ningún filósofo francés católico contemporáneo se zafa.
En homenaje a Rafael Gambra, aunque A Casa do Sarto volverá a tomar este tema en un futuro, dejamos constancia aquí de unos textos suyos. Una exposición más sistemática de estas ideas puede encontrarse en el libro del Profesor Gambra Unidad religiosa y derrotismo católico. Sus reflexiones sobre la naturaleza católica de España, perfectamente extensibles a Portugal y la Hispanidad en su conjunto, son dignas de tenerse en cuenta:
“El Carlismo ha defendido siempre la unidad religiosa de España. Más aún: esa unidad es la piedra angular del orden político que el Carlismo propugna. Cuando hace de Dios el primero de sus lemas no significa simplemente que cree en la existencia de Dios en el Cielo o que propone la religiosidad como norma de vida de sus adeptos. El trilema carlista [Dios, Patria, Rey] no es un programa de vida personal, sino el ideario de un sistema político. La unidad católica, por lo demás, aunque a veces de forma incongruente con el régimen político, ha estado vigente en España desde tiempos de Recaredo, en el siglo VI, hasta la actual Constitución de 1978, con la sola excepción de los cinco años de la segunda República.”
“¿Qué es la unidad religiosa? Para mejor entendernos, digamos ante todo qué no es la unidad religiosa. No es, contra lo que muchos creen, coacción ni intolerancia. La fe no puede imponerse a nadie, ni moral ni siquiera físicamente, puesto que es una virtud infusa que Dios concede y que incide en lo más íntimo de cada alma. Tampoco debe ejercerse coacción alguna sobre el culto privado de otras religiones, ni sobre su práctica en locales o templos reservados, con tal de que no se exteriorice ni se propague públicamente … ”
“¿Qué significa entonces la unidad religiosa que el Carlismo propugna como primero de sus lemas? Simplemente, que la legislación de un país debe estar inspirada por la fe que se profesa –la católica en nuestro caso– y que no puede contradecirla; que las costumbres, en cuanto son influidas por la ley y la política del gobernante, debe procurarse que permanezcan católicas. Que la religión, en fin, debe ser objeto de protección por parte de la autoridad civil. Dicho de otro modo: que no se pueden dictar ni proponer leyes que contradigan a la moral católica –ante todo el Decálogo–, ni que atenten a los derechos y funciones de la Iglesia. Este fundamento religioso (religión es religación con un orden sobrenatural) es radicalmente opuesto al principio constitucional moderno, según el cual el poder procede del hombre, de su voluntad mayoritaria, y nada tiene que ver con Dios ni con el Decálogo, que sólo concierne a la vida privada de quienes profesan esa religión. Recordemos que el origen de nuestras guerras civiles –que siempre tuvieron un trasfondo religioso– los dos gritos que se oponían entre sí eran ¡Viva la Religión! y ¡Viva la Constitución!” …
“Se objetará, sin embargo, que la Declaración Conciliar Dignitatis Humanae del Concilio Vaticano II ha propugnado la libertad religiosa y el consiguiente laicismo de Estado. ¿Qué hemos de pensar de esto los carlistas? A mi juicio, lo siguiente:
1.º.- El Concilio Vaticano II no es un concilio dogmático sino sólo pastoral, por propia declaración: por lo mismo, exento de infalibilidad.
2.º.- La libertad religiosa en el fuero externo al individuo contradice la enseñanza de todos los papas anteriores (uno de ellos santo) desde la época de la Revolución Francesa, y particularmente a la encíclica Quanta Cura de Pío IX que reviste las condiciones de la infalibilidad.
3.º.- La Declaración Conciliar se contradice a sí misma, puesto que afirma al mismo tiempo que deja intacta la doctrina anterior.
4.º.- Los amargos frutos de esa Declaración son bien patentes en la Iglesia y en la sociedad.”
Descanse en paz este baluarte del Tradicionalismo.
Y que su antorcha no deje de alumbrar para los que continuamos la lucha por los espíritus y los corazones en la esperanza de que sea un día el Inmaculado Corazón de María, quizás más presente en Fátima que en ningún otro sitio, el que vuelva a inspirar la vida pública de naciones como Portugal y España, una vez más, en clave católica.
Rafael Castela Santos
El Carlismo es un movimiento político surgido en la España del XIX que es mucho más que una lucha legitimista. Es la lucha de la España católica por sobrevivir al aplastamiento al que la anti-España, la liberal que luego se transformó en comunista durante la II República, la que protagonizó la expropiación de bienes a la Iglesia con la Desamortización y la que asesinaba Sacerdotes y quemaba Templos y Conventos. Pero es, también, un movimiento político, que encarna el catolicismo quizás con más puridad que ningún otro de tiempos recientes.
El Tradicionalismo de los carlistas es religioso, pero también lo es político y cultural. La Santa Religión Católica es vista por los carlistas como algo que tiene que inspirar completamente la vida de un pueblo. De ahí que la vida pública de una nación tenga que cumplir, al menos, con los Diez Mandamientos. La gran ventaja del Carlismo es que, a diferencia de otros movimientos europeos inspirados lejana o próximamente en el catolicismo, el Carlismo conservó la pureza de la Doctrina y de la Fe puras. Para ello tuvo la suerte beber siempre de las aguas cristalinas del tomismo para formular dicha doctrina. Otros autores próximos a este blog, como Charles Maurras, por ejemplo, no deja de estar contaminado por Descartes, autor este último del que prácticamente ningún filósofo francés católico contemporáneo se zafa.
En homenaje a Rafael Gambra, aunque A Casa do Sarto volverá a tomar este tema en un futuro, dejamos constancia aquí de unos textos suyos. Una exposición más sistemática de estas ideas puede encontrarse en el libro del Profesor Gambra Unidad religiosa y derrotismo católico. Sus reflexiones sobre la naturaleza católica de España, perfectamente extensibles a Portugal y la Hispanidad en su conjunto, son dignas de tenerse en cuenta:
“El Carlismo ha defendido siempre la unidad religiosa de España. Más aún: esa unidad es la piedra angular del orden político que el Carlismo propugna. Cuando hace de Dios el primero de sus lemas no significa simplemente que cree en la existencia de Dios en el Cielo o que propone la religiosidad como norma de vida de sus adeptos. El trilema carlista [Dios, Patria, Rey] no es un programa de vida personal, sino el ideario de un sistema político. La unidad católica, por lo demás, aunque a veces de forma incongruente con el régimen político, ha estado vigente en España desde tiempos de Recaredo, en el siglo VI, hasta la actual Constitución de 1978, con la sola excepción de los cinco años de la segunda República.”
“¿Qué es la unidad religiosa? Para mejor entendernos, digamos ante todo qué no es la unidad religiosa. No es, contra lo que muchos creen, coacción ni intolerancia. La fe no puede imponerse a nadie, ni moral ni siquiera físicamente, puesto que es una virtud infusa que Dios concede y que incide en lo más íntimo de cada alma. Tampoco debe ejercerse coacción alguna sobre el culto privado de otras religiones, ni sobre su práctica en locales o templos reservados, con tal de que no se exteriorice ni se propague públicamente … ”
“¿Qué significa entonces la unidad religiosa que el Carlismo propugna como primero de sus lemas? Simplemente, que la legislación de un país debe estar inspirada por la fe que se profesa –la católica en nuestro caso– y que no puede contradecirla; que las costumbres, en cuanto son influidas por la ley y la política del gobernante, debe procurarse que permanezcan católicas. Que la religión, en fin, debe ser objeto de protección por parte de la autoridad civil. Dicho de otro modo: que no se pueden dictar ni proponer leyes que contradigan a la moral católica –ante todo el Decálogo–, ni que atenten a los derechos y funciones de la Iglesia. Este fundamento religioso (religión es religación con un orden sobrenatural) es radicalmente opuesto al principio constitucional moderno, según el cual el poder procede del hombre, de su voluntad mayoritaria, y nada tiene que ver con Dios ni con el Decálogo, que sólo concierne a la vida privada de quienes profesan esa religión. Recordemos que el origen de nuestras guerras civiles –que siempre tuvieron un trasfondo religioso– los dos gritos que se oponían entre sí eran ¡Viva la Religión! y ¡Viva la Constitución!” …
“Se objetará, sin embargo, que la Declaración Conciliar Dignitatis Humanae del Concilio Vaticano II ha propugnado la libertad religiosa y el consiguiente laicismo de Estado. ¿Qué hemos de pensar de esto los carlistas? A mi juicio, lo siguiente:
1.º.- El Concilio Vaticano II no es un concilio dogmático sino sólo pastoral, por propia declaración: por lo mismo, exento de infalibilidad.
2.º.- La libertad religiosa en el fuero externo al individuo contradice la enseñanza de todos los papas anteriores (uno de ellos santo) desde la época de la Revolución Francesa, y particularmente a la encíclica Quanta Cura de Pío IX que reviste las condiciones de la infalibilidad.
3.º.- La Declaración Conciliar se contradice a sí misma, puesto que afirma al mismo tiempo que deja intacta la doctrina anterior.
4.º.- Los amargos frutos de esa Declaración son bien patentes en la Iglesia y en la sociedad.”
Descanse en paz este baluarte del Tradicionalismo.
Y que su antorcha no deje de alumbrar para los que continuamos la lucha por los espíritus y los corazones en la esperanza de que sea un día el Inmaculado Corazón de María, quizás más presente en Fátima que en ningún otro sitio, el que vuelva a inspirar la vida pública de naciones como Portugal y España, una vez más, en clave católica.
Rafael Castela Santos
Rafael Castela Santos
A partir de hoje, passamos a contar com a colaboração de Rafael Castela Santos, tradicionalista católico do país vizinho, que, com os seus interessantes artigos, contribuirá em muito para o aumento da qualidade deste blogue, permitindo aos nossos leitores o contacto com o importante movimento tradicional espanhol, obviamente marginalizado na comunicação social de referência do lado de lá da fronteira.
O seu artigo sobre "Rafael Gambra y unidad religiosa" ( as obras de Rafael Gambra podem ser adquiridas aqui) constituirá a sua primeira colaboração connosco e será afixado no nosso próximo postal. A Rafael Castela Santos desejamos uma duradoura colaboração com este blogue. Que Deus o queira!
O seu artigo sobre "Rafael Gambra y unidad religiosa" ( as obras de Rafael Gambra podem ser adquiridas aqui) constituirá a sua primeira colaboração connosco e será afixado no nosso próximo postal. A Rafael Castela Santos desejamos uma duradoura colaboração com este blogue. Que Deus o queira!
La mutilación constitucional de Europa
O meu amigo Rafael Castela Santos faz-me chegar, em boa hora, um magnífico artigo do jornalista de "La Voz de Galicia", Juan José R. Calaza. Contém uma referência que agradará particularmente a este outro amigo, o Pedro Guedes. Aqui fica o texto em questão:
"QUIEN QUIERA entender las contribuciones decisivas de Europa a la historia de la humanidad, incluidos los torrentes de desbordada furia, no podrá evitar adentrarse en los meandros de la espiritualidad cristiana. Es asimismo cierto que el hierro, la esperma, el fuego y la sangre no constituyen un modus operandi adscrito exclusivamente al cristianismo, y con mayor profusión se encuentra aun en los frutos de la Ilustración. Pero resulta que aherrojados a la vulgata progresista, como fantasmas de castillo escocés a cadenas de numerito para turistas, nuestros «ilustrados» en manguitos, trece en la docena y «Larousse» a plazos, vuelven a exhibir su abisal ignorancia, esta vez invocando la modernidad laicista. Sin menoscabo, por otra parte, de religiosa delectación cual arrobados pastorcillos en trance ante el chauvinismo perpetrado por Giscard d'Estaing en el preámbulo de lo que pretende ser la Constitución de todos los europeos. Ahora bien, de llevarse a buen término este proyecto, una grave mutilación desnaturalizará definitivamente la carta fundacional de Europa al omitirse la referencia al sustrato cultural cristiano, sobrevalorando el papel de la Ilustración.
Aunque el tema puede enfocarse desde varios ángulos, la contignación discursiva más sencilla se apoya en dos vigas maestras, sólidas y claramente identificables. Por un lado, la identidad europea no se inscribe ni única ni específicamente en contornos geográficos o políticos; por otro, Europa es heredera natural y vector de transmisión privilegiado de la civilización mediterránea clásica. Es además innecesario inquirir en la génesis del decurso cultural europeo para percibir lógicamente que el arrumbamiento del cristianismo constituye una flagrante sinrazón. Veamos. Supongamos que el ateísmo militante, hoy día aburridamente conservador y funcionarial, quisiera imponer explícitamente en el preámbulo que, por ejemplo, «Europa no tiene raíces cristianas». Sería aberrante, ¿no creen ustedes? Pero ¿por qué resultaría aberrante la redacción de esa exigencia? Pues porque todo el mundo entiende que sí las tiene. Luego, si las tiene, hay que mencionarlas.
El reconocimiento de esa demarcación -en un totum revolutum como el europeo, cuyas carencias se manifiestan hasta en la ausencia de una lengua común- resulta ineludible, sabedores de que los planteamientos demasiado generales devienen en la práctica poco operativos. No pueden descartarse futuras evoluciones de la idea de Europa pero no deberían sostenerse en elementos de mera proximidad geográfica: Argentina es más europea que Turquía. Tampoco tiene pies ni cabeza que, verbigracia, la Martinica vudú sea europea y no lo sea el cristiano Uruguay.
Todos sabemos que la contribución fundamental del «Mediterráneo» a la historia de «Occidente» se hizo a partir de: a) el profeta hebreo; b) el sabio (o filósofo) heleno; c) el legislador romano. Sin embargo, no fue la Ilustración el vector por antonomasia de fluidez intertemporal ni asentamiento de ese pasado glorioso sino la Cristiandad. Occidente no es más que la forma moderna -a partir del siglo XV- de la Europa cristiana. En la que irían aflorando sus propias tensiones internas no tanto como una lucha entre Ilustración progresista y Cristiandad reaccionaria sino entre la voluntad de victoria del protestantismo (que es la religión de los triunfadores) y el imperativo de resistencia del catolicismo (que es la religión de los héroes). No son las pedanterías de la Ilustración lo que permite entender por qué el nazismo ganó las elecciones en los lander protestantes y las perdió en los lander católicos sino las interacciones propias al espíritu del cristianismo.
Por supuesto que Europa no es sólo judeocristianismo pero tampoco es sólo Ilustración: lo que pretende Giscard d'Estaing es, pura y simplemente, una estafa intelectual. A la que coadyuvan nuestros arrebolados «ilustrados» en manguitos, trece en la docena y «Larousse» a plazos".
"QUIEN QUIERA entender las contribuciones decisivas de Europa a la historia de la humanidad, incluidos los torrentes de desbordada furia, no podrá evitar adentrarse en los meandros de la espiritualidad cristiana. Es asimismo cierto que el hierro, la esperma, el fuego y la sangre no constituyen un modus operandi adscrito exclusivamente al cristianismo, y con mayor profusión se encuentra aun en los frutos de la Ilustración. Pero resulta que aherrojados a la vulgata progresista, como fantasmas de castillo escocés a cadenas de numerito para turistas, nuestros «ilustrados» en manguitos, trece en la docena y «Larousse» a plazos, vuelven a exhibir su abisal ignorancia, esta vez invocando la modernidad laicista. Sin menoscabo, por otra parte, de religiosa delectación cual arrobados pastorcillos en trance ante el chauvinismo perpetrado por Giscard d'Estaing en el preámbulo de lo que pretende ser la Constitución de todos los europeos. Ahora bien, de llevarse a buen término este proyecto, una grave mutilación desnaturalizará definitivamente la carta fundacional de Europa al omitirse la referencia al sustrato cultural cristiano, sobrevalorando el papel de la Ilustración.
Aunque el tema puede enfocarse desde varios ángulos, la contignación discursiva más sencilla se apoya en dos vigas maestras, sólidas y claramente identificables. Por un lado, la identidad europea no se inscribe ni única ni específicamente en contornos geográficos o políticos; por otro, Europa es heredera natural y vector de transmisión privilegiado de la civilización mediterránea clásica. Es además innecesario inquirir en la génesis del decurso cultural europeo para percibir lógicamente que el arrumbamiento del cristianismo constituye una flagrante sinrazón. Veamos. Supongamos que el ateísmo militante, hoy día aburridamente conservador y funcionarial, quisiera imponer explícitamente en el preámbulo que, por ejemplo, «Europa no tiene raíces cristianas». Sería aberrante, ¿no creen ustedes? Pero ¿por qué resultaría aberrante la redacción de esa exigencia? Pues porque todo el mundo entiende que sí las tiene. Luego, si las tiene, hay que mencionarlas.
El reconocimiento de esa demarcación -en un totum revolutum como el europeo, cuyas carencias se manifiestan hasta en la ausencia de una lengua común- resulta ineludible, sabedores de que los planteamientos demasiado generales devienen en la práctica poco operativos. No pueden descartarse futuras evoluciones de la idea de Europa pero no deberían sostenerse en elementos de mera proximidad geográfica: Argentina es más europea que Turquía. Tampoco tiene pies ni cabeza que, verbigracia, la Martinica vudú sea europea y no lo sea el cristiano Uruguay.
Todos sabemos que la contribución fundamental del «Mediterráneo» a la historia de «Occidente» se hizo a partir de: a) el profeta hebreo; b) el sabio (o filósofo) heleno; c) el legislador romano. Sin embargo, no fue la Ilustración el vector por antonomasia de fluidez intertemporal ni asentamiento de ese pasado glorioso sino la Cristiandad. Occidente no es más que la forma moderna -a partir del siglo XV- de la Europa cristiana. En la que irían aflorando sus propias tensiones internas no tanto como una lucha entre Ilustración progresista y Cristiandad reaccionaria sino entre la voluntad de victoria del protestantismo (que es la religión de los triunfadores) y el imperativo de resistencia del catolicismo (que es la religión de los héroes). No son las pedanterías de la Ilustración lo que permite entender por qué el nazismo ganó las elecciones en los lander protestantes y las perdió en los lander católicos sino las interacciones propias al espíritu del cristianismo.
Por supuesto que Europa no es sólo judeocristianismo pero tampoco es sólo Ilustración: lo que pretende Giscard d'Estaing es, pura y simplemente, una estafa intelectual. A la que coadyuvan nuestros arrebolados «ilustrados» en manguitos, trece en la docena y «Larousse» a plazos".
O Amor Cristão da Pátria
Na primeira encíclica do seu pontificado, intitulada "Summi Pontificatus", de 1939, o Papa Pio XII escreveu a propósito do amor cristão da pátria:
"Não se deve recear que a consciência da fraternidade universal, fomentada pela doutrina cristã, e o sentimento que ela inspira estejam em contraste com o amor às tradições e glórias da própria pátria, ou impeçam que se promovam a prosperidade e os interesses legítimos, porquanto essa mesma doutrina ensina que existe uma ordem estabelecida por Deus no exercício da caridade, segundo a qual se deve amar mais intensamente e auxiliar de preferência os que estão a nós unidos com vínculos especiais. E o Divino Mestre deu também exemplo dessa preferência pela sua pátria, chorando sobre as ruínas da Cidade Santa. Mas o legítimo e justo amor à própria pátria não deve excluir a universalidade da caridade que faz considerar também aos outros a sua prosperidade, na luz pacificadora do amor".
"Não se deve recear que a consciência da fraternidade universal, fomentada pela doutrina cristã, e o sentimento que ela inspira estejam em contraste com o amor às tradições e glórias da própria pátria, ou impeçam que se promovam a prosperidade e os interesses legítimos, porquanto essa mesma doutrina ensina que existe uma ordem estabelecida por Deus no exercício da caridade, segundo a qual se deve amar mais intensamente e auxiliar de preferência os que estão a nós unidos com vínculos especiais. E o Divino Mestre deu também exemplo dessa preferência pela sua pátria, chorando sobre as ruínas da Cidade Santa. Mas o legítimo e justo amor à própria pátria não deve excluir a universalidade da caridade que faz considerar também aos outros a sua prosperidade, na luz pacificadora do amor".
Amamos a vida
Amamos a vida, porque grita e estua dentro de nós. Mas amamos a vida no equilíbrio, na saúde, - na posse dela própria. Amamos a vida, vivendo-a. E vivê-la não é estilizá-la, nem desperdiçá-la. É referi-la a nós mesmos, é dar-lhe um sentido de actualidade e permanência. Não a colocamos nem no Passado, nem na Imaginação, - como a colocavam os avós literários de 1830. Muito menos a passeamos pelos terraços da Decadência, sonhando, em atmosferas de paradoxo e haxixe, uma beleza falsa de Paraíso-Artificial!
A vida para nós é uma utilidade. Mas confira-se à palavra utilidade um significado de nobreza. É uma utilidade que não nos pertence e que é preciso servir. "Non serviam!" - foi o grito rebelado de quantos apareceram primeiro que nós. Servir! - é agora a ânsia mais funda do nosso coração, em que parece frutificar a semente de um misticismo novo. Por isso surgimos no momento máximo duma crise já secular. E logo nos tocou o gosto admirável da ordem, - como que um inesperado instinto de higiene interior e de arranjo social. Ia-se abaixo, num estridor de catástrofe, o património histórico da nacionalidade. Dentro de nós, ressuscitou a psicologia ingénua de "Petit-Chose", jurando ao desalento da sua trapeira reconstruir o lar em ruínas. Foram diversas as jornadas que nos trouxeram a esta unidade de corpo e alma, que é o segredo da nossa vitória. Uns pegaram em armas e andaram rilhando a côdea dura dos guerrilheiros pelas ribas ásperas do exílio. Outros padeceram a agonia da própria mentira e só à custa de suores de sangue encontraram a sua estrada de Damasco. Hoje, (…) existe uma vontade em nós, porque em nós existe uma crença.
António Sardinha - Ao Ritmo da Ampulheta - 1923
A vida para nós é uma utilidade. Mas confira-se à palavra utilidade um significado de nobreza. É uma utilidade que não nos pertence e que é preciso servir. "Non serviam!" - foi o grito rebelado de quantos apareceram primeiro que nós. Servir! - é agora a ânsia mais funda do nosso coração, em que parece frutificar a semente de um misticismo novo. Por isso surgimos no momento máximo duma crise já secular. E logo nos tocou o gosto admirável da ordem, - como que um inesperado instinto de higiene interior e de arranjo social. Ia-se abaixo, num estridor de catástrofe, o património histórico da nacionalidade. Dentro de nós, ressuscitou a psicologia ingénua de "Petit-Chose", jurando ao desalento da sua trapeira reconstruir o lar em ruínas. Foram diversas as jornadas que nos trouxeram a esta unidade de corpo e alma, que é o segredo da nossa vitória. Uns pegaram em armas e andaram rilhando a côdea dura dos guerrilheiros pelas ribas ásperas do exílio. Outros padeceram a agonia da própria mentira e só à custa de suores de sangue encontraram a sua estrada de Damasco. Hoje, (…) existe uma vontade em nós, porque em nós existe uma crença.
António Sardinha - Ao Ritmo da Ampulheta - 1923
sábado, abril 03, 2004
Do Valor da Tradição
Em cumprimento do que havia prometido ao Buiça, aqui fica mais um texto de António Sardinha, retirado de "Na Feira dos Mitos", originalmente publicado em 1926:
"Compreende-se, pois, o sentido social e político do "tradicionalismo". Se, por exemplo, se fala no municipalismo português, ninguém pensa em voltar aos forais, tal como a Idade Média os concebeu, nem aos procuradores das vilas, recebidos em Cortes por procuração passada em termos imperativos. O que se pretende é conservar esse apreciável instinto localista que assegura de per si a realização de mais saudáveis medidas descentralizadoras no interesse do Estado e no aproveitamento das diversas representações regionais e provinciais. Deste modo, a política é para nós uma realidade, - uma como que experiência, garantida e comprovada pelo decurso da história.
A história - e não as nossas predilecções doutrinárias - é que nos deve guiar na determinação do regime que mais convém aos destinos de uma nacionalidade. Já Taine asseverava que não deviam existir "constituições" escritas. O que existe é uma "constituição" ditada pelo passado e que sendo a segunda natureza de um povo, não aliena com ela as condições de vida do mesmo povo.
Reputo definido o verdadeiro, o rigoroso conceito da "Tradição". Antecipando-se ao seu tempo, o senhor de Bonald declarava há mais de um século que as instituições do passado não eram boas por serem antigas, mas eram antigas por serem boas. Eis aqui o fundamento positivo do "tradicionalismo". Non nova, sed nove. A "Tradição" para nós não vale sentimentalmente, como as ruínas valiam para os românticos, - como uma quantidade morta, que a saudade encheu do seu perfume estranho. Não, leitor amigo! A "Tradição" vale, sobretudo, como a permanência na continuidade. Corresponde àquela ideia directriz que já Claude Bernard assinalava como presidindo ao desenvolvimento dos seres. Quebrá-la é cortar a sequência hereditária, romper os antecedentes morais e sociais de que somos um elo aditivo. Regressar à "Tradição" não é, portanto, regressar a um ponto interrompido, já a sumir-se além, nas nuvens da distância. É antes inseri-nos nos moldes próprios da nacionalidade, mas na altura precisa em que estaríamos hoje se a ruptura não se tivesse produzido. Numa palavra e conforme Paul Bourget: - o doente que delira a 40º de febre, não recua, se recupera a temperatura normal. Bem pelo contrário, ele progride. Restituir ao nosso país o seu meio-vital obliterado, o mesmo é que restituir ao doente o seu estado anterior de saúde. Tal é o valor da "Tradição", como nós a olhamos e a ciência o acredita.
(…)
Acentuemo-lo bem na hora que passa, para que as inteligências bem dotadas se compenetrem da actualidade da nossa aspiração e da sua plena concordância com as correntes mais notáveis do pensamento moderno. É como teremos respondido aos que nos imaginam divorciados da marcha da sociedade, passeando o nosso suposto arcaísmo sobre uma paisagem de forcas e de fogueiras inquisitoriais!"
"Compreende-se, pois, o sentido social e político do "tradicionalismo". Se, por exemplo, se fala no municipalismo português, ninguém pensa em voltar aos forais, tal como a Idade Média os concebeu, nem aos procuradores das vilas, recebidos em Cortes por procuração passada em termos imperativos. O que se pretende é conservar esse apreciável instinto localista que assegura de per si a realização de mais saudáveis medidas descentralizadoras no interesse do Estado e no aproveitamento das diversas representações regionais e provinciais. Deste modo, a política é para nós uma realidade, - uma como que experiência, garantida e comprovada pelo decurso da história.
A história - e não as nossas predilecções doutrinárias - é que nos deve guiar na determinação do regime que mais convém aos destinos de uma nacionalidade. Já Taine asseverava que não deviam existir "constituições" escritas. O que existe é uma "constituição" ditada pelo passado e que sendo a segunda natureza de um povo, não aliena com ela as condições de vida do mesmo povo.
Reputo definido o verdadeiro, o rigoroso conceito da "Tradição". Antecipando-se ao seu tempo, o senhor de Bonald declarava há mais de um século que as instituições do passado não eram boas por serem antigas, mas eram antigas por serem boas. Eis aqui o fundamento positivo do "tradicionalismo". Non nova, sed nove. A "Tradição" para nós não vale sentimentalmente, como as ruínas valiam para os românticos, - como uma quantidade morta, que a saudade encheu do seu perfume estranho. Não, leitor amigo! A "Tradição" vale, sobretudo, como a permanência na continuidade. Corresponde àquela ideia directriz que já Claude Bernard assinalava como presidindo ao desenvolvimento dos seres. Quebrá-la é cortar a sequência hereditária, romper os antecedentes morais e sociais de que somos um elo aditivo. Regressar à "Tradição" não é, portanto, regressar a um ponto interrompido, já a sumir-se além, nas nuvens da distância. É antes inseri-nos nos moldes próprios da nacionalidade, mas na altura precisa em que estaríamos hoje se a ruptura não se tivesse produzido. Numa palavra e conforme Paul Bourget: - o doente que delira a 40º de febre, não recua, se recupera a temperatura normal. Bem pelo contrário, ele progride. Restituir ao nosso país o seu meio-vital obliterado, o mesmo é que restituir ao doente o seu estado anterior de saúde. Tal é o valor da "Tradição", como nós a olhamos e a ciência o acredita.
(…)
Acentuemo-lo bem na hora que passa, para que as inteligências bem dotadas se compenetrem da actualidade da nossa aspiração e da sua plena concordância com as correntes mais notáveis do pensamento moderno. É como teremos respondido aos que nos imaginam divorciados da marcha da sociedade, passeando o nosso suposto arcaísmo sobre uma paisagem de forcas e de fogueiras inquisitoriais!"
quinta-feira, abril 01, 2004
Não me causa o mínimo espanto - 2
Constato a reacção indignada do BOS às infelicíssimas declarações que o Primeiro-Ministro proferiu em Moçambique. Não me causam o mínimo espanto, nem sequer a título de remoque em polémicas nas quais me escuso de intervir.
Independentemente desse facto, o nosso P.M. jamais foi de direita: para além de fugir mais depressa dessa classificação do que o diabo da cruz - já viram como ele se costuma definir de líder da área não-socialista?... -, o mesmo é um convicto mundialista - por que não esclarece os portugueses sobre o alcance das suas participações nas reuniões de um importante clube de influência, mais ou menos discreta, à escala global?... -; um óbvio belicista apoiante das agressões americanas à Jugoslávia e ao Iraque; um aborcionista envergonhado - "o aborto é um problema de consciência e compreendo perfeitamente as mulheres que abortam" -; um imigracionista ferrenho e um extorsionista fiscal de pendor socializante evidente - as políticas do seu governo nestas áreas, em total contradição com as promessas eleitorais feitas, são claras -; e, enfim, um angolófilo pró-MPLA notório e, pelos vistos, agora também frelimista - "há para aí uma certa direita que nunca se habitou à ideia de que Angola se tornou independente…".
Pois sim, penso que haverá também para aí uma certa direita que não se sente minimamente representada por um personagem desta estirpe, que está cansada do voto útil e que tem, já nas próximas eleições europeias, uma ocasião de ouro para lhe dizer o que pensa acerca dos seus malabarismos ideológicos.
Independentemente desse facto, o nosso P.M. jamais foi de direita: para além de fugir mais depressa dessa classificação do que o diabo da cruz - já viram como ele se costuma definir de líder da área não-socialista?... -, o mesmo é um convicto mundialista - por que não esclarece os portugueses sobre o alcance das suas participações nas reuniões de um importante clube de influência, mais ou menos discreta, à escala global?... -; um óbvio belicista apoiante das agressões americanas à Jugoslávia e ao Iraque; um aborcionista envergonhado - "o aborto é um problema de consciência e compreendo perfeitamente as mulheres que abortam" -; um imigracionista ferrenho e um extorsionista fiscal de pendor socializante evidente - as políticas do seu governo nestas áreas, em total contradição com as promessas eleitorais feitas, são claras -; e, enfim, um angolófilo pró-MPLA notório e, pelos vistos, agora também frelimista - "há para aí uma certa direita que nunca se habitou à ideia de que Angola se tornou independente…".
Pois sim, penso que haverá também para aí uma certa direita que não se sente minimamente representada por um personagem desta estirpe, que está cansada do voto útil e que tem, já nas próximas eleições europeias, uma ocasião de ouro para lhe dizer o que pensa acerca dos seus malabarismos ideológicos.
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