quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O rescaldo


Sobre o referendo do passado Domingo, já quase tudo ficou escrito neste conjunto de artigos que o Pedro Guedes refere, pelo que direi tão-só que não me surpreende especialmente o resultado final verificado, existindo dois responsáveis principais pelo mesmo.

Em primeiro lugar, o comportamento assumido pela monstruosidade que constitui a comunicação social dita de referência, a qual durante o tempo de campanha que precedeu imediatamente o referendo cometeu a proeza de conseguir ser ainda mais desonesta, reles e torpe do que o habitual, violando todas as normas e regras éticas que supostamente regulam a sua actividade; porém, tal não é de estranhar numa autêntica máquina de propaganda política ferreamente controlada pelo conluio entre a esquerda niilista, o lóbi jacobino e o grande capital mundialista, ou seja, pelos três fautores da república universal anticristã. Deplora-se apenas que o povo português, pela sua deficiente formação em matérias de doutrina religiosa e moral, para além das lacunas de todos conhecidas em termos cívicos e culturais, não tenha genericamente conseguido resistir à extrema agressividade deste moderno golem. Mas existe algum povo capaz de o fazer nas tristes sociedades ocidentais contemporâneas em que vivemos?...

E é aqui que passo a apontar o dedo aos segundos responsáveis pelo desastre ocorrido no último Domingo, aos quais incumbiria com o seu magistério contrabalançar a influência nefasta e deletéria dos escrevinhadores às ordens - os bispos portugueses. Foi simplesmente lamentável a tibieza, pusilanimidade e cobardia demonstrada pelos membros da Conferência Episcopal Portuguesa neste processo, contaminando directamente todo o clero diocesano sob seu controlo. Com honrosas excepções, a quantos sacerdotes não ouvi eu dizer ao longo destes últimos dias, com sorrisos entre o alvar e o alarve, que a Igreja não faz campanha contra o aborto, que nesta matéria só pretende alertar e esclarecer consciências, e por aí a fora! Em suma, todo o discurso politicamente correcto das heresias modernista e progressista a revelar-se uma vez mais de consequências trágicas! Os bispos demitiram-se de ensinar, de defender a fé e a moral, e muitos deles não compreenderão sequer porque o símbolo do seu múnus é exactamente um báculo! Que pastores de almas são estes que desertam da batalha, e nela deixam abandonadas as suas ovelhas a lutar sozinhas contra alcateias de lobos esfaimados?!

Eis, pois, onde reside o busílis da questão: uma vez mais, nas concepções antitradicionais que passaram a imperar na Igreja desde o malfadado concílio V2! Está à vista onde conduziu o abandono da defesa da Realeza Social de Cristo; em que deu o aceitar do secularismo laicista e o arrasar dos antigos bastiões católicos; no que resultou da adopção das teses da nova cristandade anticonstantinista do triste Maritain! Conseguiram transformar a Igreja numa Igreja de silêncio, numa Igreja de cobardes que sem combate e por falta de comparência entrega de mão beijada todo o campo sob sua influência aos seus mais directos, acérrimos e ferozes inimigos! Ora, uma Igreja que se transforma voluntariamente em Igreja de silêncio, está nas vésperas de se tornar numa Igreja do martírio! Os senhores bispos talvez não, mas eu já ouço ao longe os leões a rugirem na arena do Coliseu!

JSarto

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