segunda-feira, março 12, 2007

Breves - 20

- Dia 8 de Março último, a Assembleia da República demonstrou uma vez mais o nível de baixeza a que o actual regime político português chegou: os deputados da maioria parlamentar de esquerda, não lhes bastando terem aprovado aquela que é provavelmente a lei mais infame de toda a história do direito português, a qual condescende com o massacre impune de seres humanos inocentes e indefesos no próprio ventre materno, em manifestação eivada de especial torpeza, saudaram de pé e com prolongado aplauso tal aprovação. Numa data escolhida com a precisão metódica da canalhice - o dia proclamado pela ONU mundialista como sendo o internacional da mulher, ficando assim vincada a real natureza do feminismo radical como ideologia extrema de ódio e morte - a lei do número e o reino da quantidade conseguiram triunfar, ainda que tão-só efemeramente como é próprio da todas as vitórias do mal, sobre o bem, a verdade e a ordem natural. E, enfim, o aplauso dos deputados mais não é do que uma demonstração acabada da estultícia daqueles pretensos representantes do povo português, que se supondo plenamente livres e nos píncaros da maturidade cívica por desprezarem os ditames das leis divina e moral, não atingem que já penetraram a antecâmara que conduz à pior das tiranias, a da vontade humana desenfreada e sem limites no exercício do poder político.

- Resta agora esperar que o Presidente da República cumpra as suas prerrogativas e vete uma lei que verdadeiramente é querida somente por cerca de vinte e cinco por cento dos portugueses e que, ademais, é notoriamente inconstitucional, por violar de modo flagrante o direito fundamental à vida. É certo que estou plenamente consciente do evidente desconforto que Cavaco Silva sente no combate ideológico puro e na guerra cultural, facto no qual não se distingue em nada da média habitual no PSD, dos Borges aos Frasquilhos, dos Cadilhes aos Belezas, adversa a tudo o que ultrapasse os horizontes estritos de uma postura tecnocrática de guarda-livros requintado, bem ao contrário do Partido Socialista jacobino e, sobretudo,
do agente provocador que é o Bloco de Esquerda; porém, o veto da lei abjecta é o mínimo exigível a um Chefe de Estado que se afirma católico praticante e que foi eleito maioritariamente com os votos do campo que se convencionou chamar da direita sociológica.

- De regresso ao PSD, é um partido que sai totalmente destroçado do referendo sobre o aborto e cujo naufrágio político culmina no fraccionamento verificado no seu grupo de deputados durante a votação parlamentar da liberalização do aborto, com vinte e um deles a darem o seu voto positivo àquela. Sem uma matriz doutrinária bem definida, ao sabor dos ventos das modas ideológicas e politicamente correctas do dia, este partido não passa de um sindicato de interesses oportunistas que só pensam em gozar tanto quanto possam a coisa pública em proveito privado. Os católicos tradicionais (ou, pelo menos, conservadores), bem como a direita dos valores, não têm, nem podem ter nada a ver com tamanha falta de escrúpulos. A respeito desta matéria, no rescaldo das eleições legislativas de 2005, aqui escrevi e repito-o agora: o PSD jamais regressará ao poder - ao invés, caminhará a passadas largas para a total extinção - se insistir em ser uma pálida imitação do PS, se sobraçar a tese de que é ao centro-esquerda que se ganham as eleições, pois na medida em que o consumidor (eleitor) prefere sempre o produto original às imitações, nessa área ideológica o PS estará sempre em vantagem. O PSD deveria olhar para a geografia eleitoral do País, verificar em que região do mesmo tem sistematicamente obtido vitória atrás de vitória, e interrogar-se se aí as mesmas foram alcançadas à custa de uma postura centro-esquerdista. Suponho que não…

- Mudando de assunto, e como já vem sendo costume em tempo de Quaresma nestes anos mais recentes, a ofensiva neognóstica lançou mais uma das suas atoardas contra a verdade católica, desta feita corporizada no pretenso achado de um suposto túmulo de Cristo em Jerusalém; assim, de modo pouco subtil, nega-se a realidade Ressurreição. Tal descoberta arqueológica, obviamente sem qualquer credibilidade (ler
aqui e aqui), por mim tem ao menos o mérito de poder lembrar aos meus leitores a existência da monumental obra "La Grande Christologie", de autoria do Padre Stephan Maistre, no seu tempo muito elogiada pelo Papa Pio IX, e que é uma excelente refutação não só das falácias gnósticas, mas também das mentiras modernistas disfarçadas de historicismo pseudocientífico.

- Finalmente, estou a pensar mudar o visual deste blogue e adoptar um modelo ("template") renovado para o mesmo; todavia, estou com um dilema: já andei a fazer a prospecção dos modelos que a "Blogger" coloca à disposição dos seus utilizadores e o facto é que até agora nenhum me agradou verdadeiramente. Algum dos meus leitores me dá alguma sugestão sobre esta matéria?

JSarto

0 comentários: