domingo, novembro 27, 2005

Filatelias


Numa altura em que se aproxima a data da comemoração do centenário do nascimento de Monsenhor Marcel Lefebvre, no próximo dia 29 de Novembro, os Correios austríacos entenderam assinalar a efeméride com a emissão de um selo dedicado à pessoa do grande arcebispo defensor da tradição católica, que nele aparece com a igreja do seu querido seminário de Ecône representada em segundo plano. Ora, aqui está uma inesperada e, por isso mesmo, bem agradável surpresa! O Cardeal de Viena, o modernista radical Cristoph Schönborn, tristemente conhecido pelas suas extravagâncias litúrgicas, é que não deve ter ficado nada satisfeito com esta notícia. Tanto pior para ele…

Por cá, entretanto, os CTT decidiram homenagear alguém bem diverso, e, com a expressa anuência da tutela governamental, colocaram em circulação um selo consagrado ao recentemente falecido antigo secretário-geral do Partido Comunista, Álvaro Cunhal. No mínimo, não é possível deixar de estranhar esta escolha feita por uma empresa de capitais inteiramente públicos, como é o caso dos CTT, a qual não hesita em alinhar no branqueamento histórico de uma figura bem sinistra. Afinal, Álvaro Cunhal foi alguém que ao longo da sua vida política sempre pôs os interesses de uma potência estrangeira acima dos do seu próprio País (como o demonstra na perfeição, no período imediato ao 25 de Abril de 1974, a transferência para a URSS de boa parte do arquivo da antiga PIDE/DGS, efectuada com a cumplicidade activa dos comunistas portugueses), e que nunca prescindiu de defender fanaticamente o mais sanguinário totalitarismo que o século XX conheceu. Da participação nas matanças de Madrid em 1936, ao elogio do pacto germano-soviético de 1939; do apoio às supressões do levantamento húngaro de 1956, da Primavera de Praga de 1968, e do sindicato livre polaco "Solidariedade" em 1980; passando pelas calúnias contra Soljenitsyn em 1975, e até à oposição à reunificação alemã de 1990; sempre Álvaro Cunhal esteve do lado da intrinsecamente perversa tirania comunista. Má escolha a dos CTT, pois.

JSarto

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