O observador atento e imparcial não pode deixar de ficar
chocado com a disparidade do tratamento que Francisco tem recebido na grande
imprensa mundial, por contraposição àquele que a seu tempo foi dispensado ao
Papa Bento XVI. Enquanto este último sofreu agressões constantes da comunicação
social por causa da sua abordagem pró-tradicional do Catolicismo, e por isso
sendo apodado desde propagador da sida em África até protector de pederastas,
quando não de grande inquisidor defensor do obscurantismo medieval (como se os
imbecis às ordens que assim escreviam porventura soubessem o que foi a realidade
histórica da Inquisição ou conhecessem alguma coisa acerca da brilhante
civilização da Idade Média), já Francisco tem a mesmíssima comunicação social rendida
a seus pés e guindando-o ao estatuto de “homem do ano”, tão-só porque em meia
dúzia de intervenções públicas pronunciou igual número de frases ambíguas o
suficiente sobre questões como o aborto, a homossexualidade, a anticoncepção
artificial e a ordenação sacerdotal de mulheres, as quais soaram agradáveis aos
ouvidos do mundo por minarem notoriamente a ortodoxia católica.
Que pensar acerca desta discrepância de tratamento? Direi apenas
que para um católico não é bom sinal ser idolatrado pelo mundo, afinal de
contas, um inimigo da alma. Convém não esquecer o que Nosso Senhor Jesus
Cristo, Ele próprio, ensinou a este respeito:
Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, me odiou
a mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, como não vindes
do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do mundo, por isso é que o mundo
vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é mais que o seu
senhor. Se me perseguiram a mim, também nos hão-de perseguir a vós. Se
cumprissem a minha palavra, também hão-de cumprir a vossa (São João, 15,
18-20).
Quanto à “Franciscomania” da grande imprensa, recordo ainda,
mais prosaicamente, este escólio de Nicolás Goméz Dávila:
La prensa sempre elige com mal gusto certero lo que encomia.
De resto, tenha-se isto bem claro: o mundo vibra com Francisco
porque pressupõe que este vai abolir o Decálogo, em especial, os 1º, 5º, 6º e
9º mandamentos, num corolário lógico dos pronunciamentos ambíguos em que se
multiplicou nos últimos tempos; porém, sendo o Decálogo uma lei divina, ninguém
o pode abolir, pela simples razão de que tal é por natureza impossível. E
Francisco - que obviamente sabe bem isto - deve tão rapidamente quanto possa pôr
cobro ao grave equívoco que gerou, sob pena de o mundo que agora tanto o
idolatra se vir a voltar contra ele com igual furor.
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