quarta-feira, maio 19, 2010

O cúmplice empenhado


Com a promulgação da legislação sobre os emparelhamentos homossexuais, o Presidente da República, Cavaco Silva, confirma definitivamente aquilo que acerca dele se sabia há muito: o evidente desconforto com que encara o combate ideológico puro decorrente da guerra cultural contemporânea e a notória adversidade que sente perante tudo o que supere os horizontes estritos de uma postura tecnocrática de guarda-livros requintado - circunstâncias nas quais em nada se distingue do nível médio de mediocridade do seu partido de origem (o PSD) -, tornaram-no paradoxalmente num cúmplice empenhado da obra anticristã de subversão civilizacional encetada pelo governo socialista socrático, o mais ímpio que Portugal conheceu nos últimos trinta e cincos anos.

É óbvio que Cavaco Silva não contará com o meu voto em próximas eleições presidenciais, caso venha a apresentar nelas a sua recandidatura. E é claro que acerca da sua pessoa compartilho do juízo severo, mas justo, feito pelo Padre Nuno Serras Pereira (aqui e aqui).

Para concluir, porque o Presidente da República decidiu fundamentar a sua indigna decisão com a invocação de uma suposta ética da responsabilidade, aqui recordo, nas palavras do Papa Bento XVI proferidas recentemente em Fátima, aquilo que implicaria uma verdadeira ética da responsabilidade:

As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje se colocam ao bem comum. Tais iniciativas constituem, juntamente com muitas outras formas de compromisso, elementos essenciais para a construção da civilização do amor.

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