domingo, dezembro 12, 2004

Breves

- Espalhado e afixado por boa parte dos painéis publicitários de Lisboa, e penso que do resto do País, um cartaz anunciando o chocolate suíço "Toblerone", no qual se vê um pseudo padre católico, de ar apatetado e expressão alvar, admirado por ter sido surpreendido a provar um pedaço daquele chocolate, perguntando "E então?" Este tipo de coisas vale o que vale, e a importância que lhes deve ser dada é nenhuma; todavia uma interrogação fica: por que não se vêem, em campanhas publicitárias similares, imãs muçulmanos e, sobretudo, rabinos judeus? Será que as imagens de padres católicos possuem a capacidade de fazer disparar as vendas dos produtos que promovem, ao invés das dos imãs ou rabinos? Ou estaremos antes perante um notório calculismo dos publicitários, autênticos primos direitos dos escrevinhadores nas gazetas às ordens, calculismo esse também conhecido em língua portuguesa pelo termo cobardia?...

- Recebo da representação nacional de uma empresa estrangeira, com a qual tenho de manter relações (involuntárias) de serviço, uma telecópia com o seguinte e curiosíssimo texto: "Agradecia-mos que nos envia-sem o documento (…)". Parece que há alguém a necessitar urgentemente de rever o paradigma da conjugação verbal portuguesa

- É assustador o estilo meias-tintas com que se continua a trabalhar em boa parte da sociedade portuguesa, tanto no sector público, como no privado: no dia 26 de Novembro último, encomendei numa livraria lisboeta o livro "Histórias Secretas da PIDE/DGS", de Bruno Oliveira Santos, na condição de me avisarem, uma semana depois, se o mesmo estaria, ou não, disponível. Até hoje, dia 12 de Dezembro, a partir daquele estabelecimento - adivinhou, caríssimo leitor - ninguém se dignou de me informar do que quer fosse. Que contraste com o exemplo seguinte, que passo a contar: na mesma altura, adquiri na Buenos Aires Libros, uma profissionalíssima livraria alfarrabista da capital argentina, a obra do Padre Leonardo Castellani intitulada "Juan XXIII (XXIV); a responsável da loja, conhecendo já o meu gosto esse autor, perguntou-me, através de correio electrónico, se não estaria interessado em comprar mais dois títulos do mesmo -"La Esencia del Liberalismo" e "Proceso a los Partidos Políticos" -, os quais nem sequer constavam ainda do catálogo disponível em rede. Respondi-lhe que sim e questionei, quase a brincar, se me poderia encontrar um dos livros mais importantes da vasta bibliografia de Castellani, ou seja, "Cristo, vuelve o no vuelve?". Tão-só dois ou três dias depois, com bastante surpresa, recebia a resposta positiva a tal interrogação. Claro que os quatro livros já vêm a caminho, e, aproveitando as vantagens de câmbio, ficaram-me por um preço mais do que jeitoso.

- Só agora li este interessantíssimo artigo do colunista católico tradicional norte-americano Thomas Droleskey. É claro que é isto mesmo que um dia, mais cedo ou mais tarde, um Papa há-de acabar por fazer, venha ele a chamar-se Leão XIV, Pio XIII ou Gregório XVII.

- Reparo que não fiz até ao momento qualquer comentário à demissão do Governo e à dissolução do Parlamento por parte do Presidente da República. Acho que vou continuar assim, sem perder tempo com tais "rapaziadas". De qualquer maneira, o Corcunda e António Balbino Caldeira tiraram-me as palavras da boca. Concluindo: como Portugal precisa de um Rei!

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