quinta-feira, setembro 02, 2004

D. Januário Torgal Ferreira e o barco do aborto

A propósito da questão do barco do aborto, não deixa de ser revelador e bem sintomático que, num momento crucial em que a unidade de todos os católicos mais do que nunca deveria ser mantida para defesa do ensinamento da Igreja sobre esta matéria, apoiando-se por isso sem quaisquer hesitações a justa decisão do governo de não permitir que a nave homicida atracasse em portos nacionais, surja de novo o Judas Iscariotes do episcopado português, que também responde pelo nome de D. Januário Torgal Ferreira, a criticar tal decisão e a dividir hostes, espalhando à boa maneira modernista a dúvida, a confusão e a ambiguidade neste campo, tudo em nome de uma pretensa liberdade de expressão devida aos aborcionistas. Esqueceu-se ele da proposição 79 do Syllabus, do Beato Pio IX, na qual se condena explicitamente a seguinte asserção:

"É falso que a liberdade de cada culto, e o pleno poder concedido a todos de manifestarem clara e publicamente as suas opiniões e pensamentos, produza mais facilmente a corrupção dos costumes e dos espíritos e contribua para a propagação perniciosa da indiferença".

De resto, estranha-se que a Torgal criatura, tão preocupada com a liberdade de expressão dos apologistas do homicídio de nascituros, não manifeste igual desvelo relativamente a idêntica liberdade dos críticos da ideologia mundialista e multiculturalista, bem como dos fenómenos por ela gerados, maxime, da imigração sem regras.

Mas mais grave, acima de tudo, deplora-se que este bispo, com as suas atitudes públicas, escarneça sistematicamente das palavras de Cristo. Por exemplo:

"Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto procede do espírito do mal" (Mt 5, 37);

"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis" (Mt 7, 15-20);

"Mas, se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos! São inevitáveis, decerto, os escândalos; mas ai do homem por quem vem o escândalo!" (Mt 18, 6-7);

"Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, e o que não é pastor, e a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo e abandona as ovelhas e foge e o lobo arrebata-as e espanta-as porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas" (Jo 10, 11-13);

"Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente. Assim, porque és morno - e não és frio nem quente - vou vomitar-te da minha boca" (Ap 3, 15-16).

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