Terminei há não muito a leitura das quase mil páginas da edição em língua francesa d’”O Cavalo Vermelho” ("Le Cheval Rouge"), do italiano Eugénio Corti. Escritor quase desconhecido em Portugal (acerca dele, encontrei redigido no nosso país tão-só este artigo), é todavia um autor aclamado em Espanha, França e, sobretudo, Itália, com uma longa carreira literária iniciada em 1947.
“O Cavalo Vermelho” é a obra-prima de Corti: originalmente publicado em 1983, trata-se de um romance notável que cobre trinta e cinco anos da história italiana entre 1939 e 1974, com especial incidência no período da II Guerra Mundial, por onde perpassam constantemente as firmes convicções católicas do autor. Este conduz-nos a um ritmo avassalador, por intermédio das diferentes personagens da sua obra, das terríveis batalhas da Frente Leste aos furiosos combates da Linha Gótica, no centro de Itália (Corti combateu em ambos os teatros: no primeiro, como oficial do Exército Real Italiano, participando na pavorosa retirada italiana dos arredores de Estalinegrado; no segundo, depois do armistício de Setembro de 1943, como membro do Exército de Libertação Nacional Italiano); da guerra suja entre as forças leais a um Mussolini cingido ao território da República Social Italiana e a feroz guerrilha comunista; da Itália do fim guerra, na iminência de cair sobre o controlo do Partido Comunista de Palmiro Togliatti (travado quase miraculosamente por uma democracia-cristã então ainda fiel aos seus princípios doutrinários de base) até à Itália de 1974, dos anos de chumbo, descristianizada e corrompida, em grande parte por culpa da rendição católica sucedida com o V2. De permeio - e que permeio! -, Corti retrata-nos os devastadores efeitos da negação da ordem moral cristã não só pelos dois irmãos inimigos que foram o nacional-socialismo e o comunismo soviético, mas também pelo relativismo moral hodierno, guiando-nos sucessivamente pela inumanidade nazi, pela selvajaria inimaginável do diabólico gulag vermelho (por si observado em primeira mão), em páginas escritas ao nível do melhor Soljenitsine, e, enfim, pela degeneração ética das sociedades ocidentais contemporâneas.
Pujante defesa do “tudo instaurar em Cristo”, mensagem principal d’”O Cavalo Vermelho”, Corti demonstra que tal instaurar deve ser sempre o objectivo último de todo o católico digno desse nome, na medida das suas possibilidades, em quaisquer circunstâncias a que Deus o tenha destinado, mesmo no meio das ruínas: na vida pessoal; na vida familiar; na vida pública.
Enfim, este é um livro que me prendeu como há muito não sucedia, e que me fez criar uma empatia quase instantânea com o seu autor e algumas das suas personagens. Corti é definitivamente um escritor católico na mais pura acepção da palavra! Leitura recomendada em absoluto!
“O Cavalo Vermelho” é a obra-prima de Corti: originalmente publicado em 1983, trata-se de um romance notável que cobre trinta e cinco anos da história italiana entre 1939 e 1974, com especial incidência no período da II Guerra Mundial, por onde perpassam constantemente as firmes convicções católicas do autor. Este conduz-nos a um ritmo avassalador, por intermédio das diferentes personagens da sua obra, das terríveis batalhas da Frente Leste aos furiosos combates da Linha Gótica, no centro de Itália (Corti combateu em ambos os teatros: no primeiro, como oficial do Exército Real Italiano, participando na pavorosa retirada italiana dos arredores de Estalinegrado; no segundo, depois do armistício de Setembro de 1943, como membro do Exército de Libertação Nacional Italiano); da guerra suja entre as forças leais a um Mussolini cingido ao território da República Social Italiana e a feroz guerrilha comunista; da Itália do fim guerra, na iminência de cair sobre o controlo do Partido Comunista de Palmiro Togliatti (travado quase miraculosamente por uma democracia-cristã então ainda fiel aos seus princípios doutrinários de base) até à Itália de 1974, dos anos de chumbo, descristianizada e corrompida, em grande parte por culpa da rendição católica sucedida com o V2. De permeio - e que permeio! -, Corti retrata-nos os devastadores efeitos da negação da ordem moral cristã não só pelos dois irmãos inimigos que foram o nacional-socialismo e o comunismo soviético, mas também pelo relativismo moral hodierno, guiando-nos sucessivamente pela inumanidade nazi, pela selvajaria inimaginável do diabólico gulag vermelho (por si observado em primeira mão), em páginas escritas ao nível do melhor Soljenitsine, e, enfim, pela degeneração ética das sociedades ocidentais contemporâneas.
Pujante defesa do “tudo instaurar em Cristo”, mensagem principal d’”O Cavalo Vermelho”, Corti demonstra que tal instaurar deve ser sempre o objectivo último de todo o católico digno desse nome, na medida das suas possibilidades, em quaisquer circunstâncias a que Deus o tenha destinado, mesmo no meio das ruínas: na vida pessoal; na vida familiar; na vida pública.
Enfim, este é um livro que me prendeu como há muito não sucedia, e que me fez criar uma empatia quase instantânea com o seu autor e algumas das suas personagens. Corti é definitivamente um escritor católico na mais pura acepção da palavra! Leitura recomendada em absoluto!