Algumas breves reflexões sobre as eleições do passado Domingo:
1º) Os dois últimos Primeiros-Ministros de Portugal, ambos do PSD, eram frequentadores das reuniões do clube de influência mundialista Bilderberg, sem que jamais hajam prestado o mínimo esclarecimento aos portugueses acerca dos compromissos que nelas tenham eventualmente assumido, e quais as consequências daí decorrentes para a vida política do País; também o próximo Primeiro-Ministro de Portugal, este do PS, é presença dos encontros do mesmíssimo Bilderberg, com uma atitude em tudo idêntica à dos seus antecessores no que concerne a explicações sobre as obrigações que por lá hipoteticamente assume. A alternância democrática é, de facto, uma coisa muito bonita!
2º) Para além de pedra angular do decadente e corrupto sistema partidocrático que rege Portugal, bem como de caixa de ressonância de um dos principais grupos de interesse que nele impera, o Partido Socialista, em virtude da sua última governação decorrida entre 1995 e 2001, é iniludivelmente o principal responsável pelo atoleiro em que o País se acha enredado, não só no que concerne ao plano económico-financeiro, mas sobretudo ético-moral (neste último ponto, com grosso contributo do PSD). Supor que um partido com tais vícios, que o tornam forçosamente imobilista, possa fazer as reformas que retirem Portugal do marasmo, é no mínimo revelador de muita ingenuidade. E as primeiras declarações públicas de José Sócrates confirmam infelizmente aquilo que digo: desde o deplorável "Consegui!" na noite das eleições, à maneira de um garoto que acabou de fazer o exame da antiga quarta classe, até ao seu bem guterrista "Tudo para todos", não se augura nada de bom no futuro próximo socrático.
3º) Muitíssimo preocupante é também o crescimento paulatino da extrema-esquerda niilista, único em todo o panorama europeu (talvez com a excepção francesa), e sobretudo junto do eleitorado mais jovem, intensamente condicionado por trinta anos de massacrante propaganda abrilista. É bom de recordar que o Bloco de Esquerda desempenha no actual regime político português o papel de agente provocador, servindo de charneira entre a esfera pública para onde lança a discussão das chamadas questões fracturantes - por exemplo, divórcio simplificado ao extremo, tráfico de droga e aborto descriminalizados, eutanásia e parelhas de homossexuais legalizadas, forças da autoridade desarmadas e humilhadas, imigração e aquisição da nacionalidade totalmente liberalizadas - e os conciliábulos discretos onde tais questões são longamente medradas, possibilitando assim que aqueles que pululam nestes últimos possam manter incólume a sua aparência de respeitabilidade burguesa e moderação. E eis aqui a razão da intensíssima, ainda que aparentemente paradoxal, promoção que tal associação partidária recebe por parte dos meios de comunicação social às ordens do grande capital plutocrático e apátrida: ao dar propositadamente dois passos para a frente, todos os que se limitam a dar apenas um passam por modelos de ponderação; e assim, sucessiva e indefinidamente, se vai realizando a revolução silenciosa gramsciana. Até que um dia...
Ademais, com oito deputados no Parlamento, que em termos mediáticos serão tratados como se fossem oitenta, o BE exercerá uma ferocíssima pressão sobre o PS: as críticas mais violentas que este receberá decorrerão não do facto de fazer uma política esquerdista, mas sim da circunstância de essa política não ser suficientemente esquerdista. A tentação de atirar barro à parede, de pôr à prova e experimentar os complexos de esquerda dos socialistas, de constatar até que ponto eles resistem, ou não, à audácia bloquista será mais do que muita. E de novo assistiremos à eterna angústia do socialismo burguês, permanentemente dividido entre as agruras impostas pelas realidades do quotidiano tecnocrático e a consecução da utopia revolucionária.
Ora, também aqui o futuro não é particularmente brilhante. E, pelo sim, pelo não, aconselho vivamente todos os meus amigos da blogosfera a manterem as suas páginas alojadas em servidores situados nos EUA, ou para lá mudarem: é local que a mão censória da camarilha do Anacleto, que mais cedo ou mais tarde nos irá tentar bater, não consegue alcançar…
4º) Um ponto final, desta feita para o PSD: este partido jamais regressará ao poder, se insistir em ser uma pálida imitação do PS, se sobraçar a tese de que é ao centro-esquerda que se ganham as eleições; na medida em que o consumidor (eleitor) prefere sempre o produto original às imitações, nessa área ideológica o PS estará sempre em vantagem. O PSD deveria olhar para a geografia eleitoral do País, verificar em que região do mesmo tem sistematicamente obtido vitória atrás de vitória, e interrogar-se se aí as mesmas foram alcançadas à custa de uma postura centro-esquerdista. Suponho que não…
1º) Os dois últimos Primeiros-Ministros de Portugal, ambos do PSD, eram frequentadores das reuniões do clube de influência mundialista Bilderberg, sem que jamais hajam prestado o mínimo esclarecimento aos portugueses acerca dos compromissos que nelas tenham eventualmente assumido, e quais as consequências daí decorrentes para a vida política do País; também o próximo Primeiro-Ministro de Portugal, este do PS, é presença dos encontros do mesmíssimo Bilderberg, com uma atitude em tudo idêntica à dos seus antecessores no que concerne a explicações sobre as obrigações que por lá hipoteticamente assume. A alternância democrática é, de facto, uma coisa muito bonita!
2º) Para além de pedra angular do decadente e corrupto sistema partidocrático que rege Portugal, bem como de caixa de ressonância de um dos principais grupos de interesse que nele impera, o Partido Socialista, em virtude da sua última governação decorrida entre 1995 e 2001, é iniludivelmente o principal responsável pelo atoleiro em que o País se acha enredado, não só no que concerne ao plano económico-financeiro, mas sobretudo ético-moral (neste último ponto, com grosso contributo do PSD). Supor que um partido com tais vícios, que o tornam forçosamente imobilista, possa fazer as reformas que retirem Portugal do marasmo, é no mínimo revelador de muita ingenuidade. E as primeiras declarações públicas de José Sócrates confirmam infelizmente aquilo que digo: desde o deplorável "Consegui!" na noite das eleições, à maneira de um garoto que acabou de fazer o exame da antiga quarta classe, até ao seu bem guterrista "Tudo para todos", não se augura nada de bom no futuro próximo socrático.
3º) Muitíssimo preocupante é também o crescimento paulatino da extrema-esquerda niilista, único em todo o panorama europeu (talvez com a excepção francesa), e sobretudo junto do eleitorado mais jovem, intensamente condicionado por trinta anos de massacrante propaganda abrilista. É bom de recordar que o Bloco de Esquerda desempenha no actual regime político português o papel de agente provocador, servindo de charneira entre a esfera pública para onde lança a discussão das chamadas questões fracturantes - por exemplo, divórcio simplificado ao extremo, tráfico de droga e aborto descriminalizados, eutanásia e parelhas de homossexuais legalizadas, forças da autoridade desarmadas e humilhadas, imigração e aquisição da nacionalidade totalmente liberalizadas - e os conciliábulos discretos onde tais questões são longamente medradas, possibilitando assim que aqueles que pululam nestes últimos possam manter incólume a sua aparência de respeitabilidade burguesa e moderação. E eis aqui a razão da intensíssima, ainda que aparentemente paradoxal, promoção que tal associação partidária recebe por parte dos meios de comunicação social às ordens do grande capital plutocrático e apátrida: ao dar propositadamente dois passos para a frente, todos os que se limitam a dar apenas um passam por modelos de ponderação; e assim, sucessiva e indefinidamente, se vai realizando a revolução silenciosa gramsciana. Até que um dia...
Ademais, com oito deputados no Parlamento, que em termos mediáticos serão tratados como se fossem oitenta, o BE exercerá uma ferocíssima pressão sobre o PS: as críticas mais violentas que este receberá decorrerão não do facto de fazer uma política esquerdista, mas sim da circunstância de essa política não ser suficientemente esquerdista. A tentação de atirar barro à parede, de pôr à prova e experimentar os complexos de esquerda dos socialistas, de constatar até que ponto eles resistem, ou não, à audácia bloquista será mais do que muita. E de novo assistiremos à eterna angústia do socialismo burguês, permanentemente dividido entre as agruras impostas pelas realidades do quotidiano tecnocrático e a consecução da utopia revolucionária.
Ora, também aqui o futuro não é particularmente brilhante. E, pelo sim, pelo não, aconselho vivamente todos os meus amigos da blogosfera a manterem as suas páginas alojadas em servidores situados nos EUA, ou para lá mudarem: é local que a mão censória da camarilha do Anacleto, que mais cedo ou mais tarde nos irá tentar bater, não consegue alcançar…
4º) Um ponto final, desta feita para o PSD: este partido jamais regressará ao poder, se insistir em ser uma pálida imitação do PS, se sobraçar a tese de que é ao centro-esquerda que se ganham as eleições; na medida em que o consumidor (eleitor) prefere sempre o produto original às imitações, nessa área ideológica o PS estará sempre em vantagem. O PSD deveria olhar para a geografia eleitoral do País, verificar em que região do mesmo tem sistematicamente obtido vitória atrás de vitória, e interrogar-se se aí as mesmas foram alcançadas à custa de uma postura centro-esquerdista. Suponho que não…