quarta-feira, agosto 04, 2004

Continuam os abusos litúrgicos

No passado Domingo, por razões de ordem familiar, assisti à celebração da Missa segundo o rito de Paulo VI, na Igreja Matriz de uma sede de concelho pertencente à diocese de Aveiro, na qual pontifica o acérrimo modernista D. António Marcelino. Confesso que a experiência foi muito pouco agradável, pois é triste constatar-se como, ao nível diocesano, a aplicação prática da instrução "Redemptionis Sacramentum" está a ser, pura e simplesmente, minada por um clero desobediente e em cisma prático com Roma.

Na dita Missa, o sacerdote celebrante - ou deverei dizer o presidente da assembleia litúrgica?... - cometeu a proeza de permitir que um coro de fraquíssimo nível, onde predominava uma voz feminina desagradavelmente roufenha, cantasse de forma irreverente e quase desrespeitosa - para além de insuportável para os ouvidos dos fiéis… - o "Confiteor", o "Kyrie", e o "Gloria", em versões alteradas ou truncadas por alguém vítima de um ataque de pretensa criatividade litúrgica, e que deturpou aquelas orações a um tal nível que verdadeiros liturgistas como São Pio V, Dom Prosper Gueranguer ou Adrian Fortescue teriam enormes dificuldades em reconhecê-las, se o chegassem a fazer sequer. Escusado salientar que o "Credo" rezado foi o dos Apóstolos e não o de Nicéia, mais curto, mais célere, mais conforme às necessidades do homem moderno.

A todo este clima que afasta de Missas deste género qualquer ambiente de sacralidade ou de elevação espiritual, e que faz com que a dimensão sacrificial das mesmas se desvaneça por completo, acresce que o modernismo nelas imperante continua a deturpar e a desfigurar de modo radical a essência do Catolicismo e os seus fins últimos, reduzindo-o a uma caricatural ideologia materialista vagamente humanista e difusamente marxista. Isso pude verificá-lo através da audição de uns estranhos textos avulsos - de autoria de quem? - debitados à laia de introdução às leituras sagradas e que não passavam de teologia da libertação de terceiríssima classe, bem como na homília de cariz antropolátrico que o celebrante, de seguida, efectuou.

Ora, a verdade é que nenhum católico é forçado a assistir a este tipo de espectáculos que nada têm de católico e que, em última análise, até podem pôr em risco a sua própria Fé ou, pelo menos, adulterá-la. Por mim, sem questionar a validade abstracta do rito de Paulo VI, estribando-me no conselho prudente de gente avisada, e como forma de reacção a este estado de coisas, já tomei a firme resolução de não tornar a assistir voluntariamente a qualquer outra celebração modernista.

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