domingo, janeiro 08, 2006

Os bispos portugueses e a Missa de rito latino-gregoriano


Mau-grado a injusta excomunhão que proferiu contra Monsenhor Lefebvre, e que por mais de uma vez já reputei neste espaço como sendo um dos actos menos felizes do seu longo pontificado, nem por isso o Papa João Paulo II deixou de determinar no Motu Proprio "Ecclesia Dei" que os bispos do mundo inteiro permitissem de modo amplo e generoso, nas suas respectivas dioceses, a celebração da Missa de rito latino-gregoriano.

Ora, a nível interno, o episcopado português ignorou e continua a ignorar olimpicamente a vontade papal, numa situação sem precedentes noutro país europeu com uma população vasta de católicos: em nações com tal característica, Portugal é caso triste e de excepção no que concerne ao facto de a Missa de rito latino-gregoriano não ser oficiada em qualquer uma das suas dioceses pelo respectivo clero local. É um absurdo este estado de coisas, apenas minimizado pela existência dos priorados da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X! A título comparativo, saliente-se que em Espanha, a Missa tradicional é rezada nas dioceses de Madrid, Toledo, Barcelona e Pamplona, como se pode verificar aqui e aqui. E tal absurdo atinge o nível de escândalo puro no Santuário de Fátima: apesar de visitado anualmente por milhões de peregrinos, boa parte deles simpatizantes da tradição católica, é impossível assistir-se aí ao celebrar de qualquer Missa de rito latino-gregoriano, tanto na Basílica, como na Capelinha das Aparições. Em alternativa, o reitor modernista do Santuário, Monsenhor Luciano Guerra, prefere servir uma aberrante salada russa que apelida pomposamente de Missa Internacional, em detrimento da Missa Universal que é a Missa da Tradição, decretada perpétua e irrevogavelmente em vigor por São Pio V, e inabalável garantia da unidade do culto católico… Outrossim, estranha-se que o Bispo de Leiria-Fátima nunca tenha feito um convite à Fraternidade de São Pedro ou ao Instituto do Cristo-Rei para desenvolverem o seu apostolado na diocese de que é responsável...

É certo que a este respeito poderia arguir-se não haver qualquer preocupação entre os católicos portugueses relativamente à sobrevivência da Missa rezada segundo o único rito que conheceram durante os primeiros oitocentos e vinte e nove anos de existência do seu País, ao invés do que sucede noutras latitudes, reflectindo os bispos essa circunstância. Porém, isto não corresponde à realidade, já que sei pessoalmente do caso de um sacerdote católico português que oficia a Missa tradicional às escondidas do seu bispo, escudado na Bula "Quo Primum", qual pária no seio da sua própria Igreja… E tenho também conhecimento de duas petições feitas por fiéis católicos a um bispo que presentemente continua em funções numa diocese nacional, com a finalidade de o mesmo autorizar a celebração da Missa tradicional, e que dele obtiveram tão-só um silêncio de desprezo.

Porquê esta hostilidade dos bispos portugueses ao rito quinze vezes secular da Igreja do Ocidente? Por muito estranho que isto possa parecer a alguns fiéis católicos bem intencionados mas pouco alertados, no episcopado nacional, sob uma aparência de conservadorismo, esconde-se um modernismo extremo e radical, frio, reflexivo, astuto, a roçar o cinismo puro, e por isso muito mais pernicioso e eficaz no transmitir da sua mensagem de abominação a tudo o que é verdadeiramente católico do que o modernismo exuberante e radical, misto de imoralidades chocantes e momices apalhaçadas, dos bispos do Norte da Europa e dos Estados Unidos.

Ora, a verdade é que um destes dias, do alto da sua pesporrência, Suas Excelências Reverendíssimas são capazes de ter uma enorme surpresa

JSarto

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