quarta-feira, janeiro 25, 2006

A intolerância dos modernistas, por Dom António de Castro Mayer


Do Catecismo das Verdades Oportunas que se opõem a Erros Contemporâneos (1953):

"O Bem Aventurado Pio X apontava como uma das características dos modernistas uma tolerância extrema para com os inimigos da Igreja, e uma intolerância acerba contra os que defendiam energicamente a ortodoxia. Há, de fato, nesta atitude uma incoerência flagrante, pois os que fazem praça de tolerar todas as opiniões deveriam tolerar os que sustentam os direitos da [ortodoxia]. Aliás, esta contradição é comum a todos os heresiarcas. As várias seitas se unem com grande cordialidade, fechando os olhos aos seus pontos divergentes, sempre que se trate de impugnar a intransigência da Igreja em matéria de Fé.

(…)

É evidente que os excessos da intransigência, por isso mesmo que excessos, devem ser ser reprimidos, pois todo o excesso é um mal. Cumpre, porém, não esquecer as sábias normas ditadas pela Santa Sé, no pontificado do Bem Aventurado Pio X, em relação ao modo por que se há de corrigir uma ou outra demasia de valorosos polemistas católicas, empenhados no combate ao erro. Escrevendo ao Em. Cardeal Ferrari, Arcebispo de Milão, a respeito do jornal "La Riscossa" que se alarmava contra a infiltração modernista naquela arquidiocese, o Em. Cardeal de lai, Secretário da Sagrada Congregação Consistorial dizia: "Todos estes factos explicam que certos bons católicos sintam temor com relação à sua querida diocese, e levantem a voz para conclamar às armas. Talvez se excedam na maneira. Mas, em plena batalha, quem, com direito, poderia fazer uma grave censura aos defensores, se não medem com precisão matemática os seus golpes? Era a resposta que também dava São Jerónimo aos que lhe repreendiam o ardor, muitas vezes impetuoso e áspero, contra os hereges e os descrentes do seu tempo. A propósito, direi outrotanto, também eu, a Vossa Eminência, com relação ao ataque da Riscossa. Que haja males por aí (em Milão) depois dos fatos referidos, ninguém poderá negá-lo. Não é portanto, e não pode ser chamado inteiramente injusto o fato de alguns terem levantado a sua voz. Foram além das medidas? Então convém lamentar, mas não é absolutamente mau que, clamando o alarme, tenham exagerado um pouco o perigo. É sempre preferível exceder-se um pouco no advertir contra o mal, do que calar-se e deixá-lo crescer.

(…)

Em fim de contas, no seio de uma tão grande licença da imprensa má, entre os perigos que cercam a Igreja de tantos lados, não parece de bom aviso ligar excessivamente as mãos aos defensores., nem combatê-los, nem desencorajá-los por qualquer pequeno descuido".

E o próprio Beato Papa, escrevendo em 12 de Agosto de 1909 a Mons. Mistrangelo, Artcebispo de Florença, sobre uma modificação ordenada na redacção do jornal "L'Unitá Cattolica" declarou: "Tudo está bem quando se trata de respeitar as pessoas, mas eu não quereria que por amor da paz se chegasse a compromissos, e que para evitar aborrecimentos se faltasse ainda que pouco à verdadeira missão da "Unitá Cattolica", que é velar pelos princípios e ser a sentinela avançada que dá alarme, ainda que fosse à maneira do ganso do Capitólio, e que desperta os adormecidos. Neste caso, a "Unitá" não teria mais razão de existir".

JSarto

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