Em 1947, Jacques Maritain gozava o auge da sua glória mundana, na sequência da qual receberia a nomeação de embaixador de França junto da Santa Sé; ao invés, o Padre Leonardo Castellani atravessava uma das piores fases da sua vida, que culminaria na sua infame expulsão da Companhia de Jesus.
Ora, Castellani, que conhecia Maritain desde o começo dos anos 30, altura em que estudara na Sorbonne parisiense, e que o reencontraria anos mais tarde (1937) em Buenos Aires, cruzar-se-ia de novo com o autor de "Humanisme Integral" nesse ano de 1947, em Roma, aproveitando então para lhe dizer, olhos nos olhos, o que pensava do rumo que a obra deste último havia tomado. É curioso salientar como Castellani, numa única e simples frase, sintetiza lapidarmente tudo aquilo que levaria o Padre Júlio Meinvielle a travar uma intensa polémica com o mesmo Maritain ao longo de mais de uma década, iniciada durante a Guerra de Espanha, e que no seu auge envolveria também o Padre Garrigou-Lagrange, que vindo em socorro do francês acabaria por reconhecer que razão estava do lado do sacerdote portenho. O delicioso episódio que transcrevo de seguida, retiro-o da magnífica biografia de autoria de Sebastián Randle intitulada "Castellani, 1899-1949", publicada pelas "Ediciones Vórtice", da capital da Argentina. Desconheço se o autor tenciona escrever um segundo volume dedicado aos anos restantes de vida de Castellani (1950-1981), embora desejasse muito que isso sucedesse (o Rafael, que conhece Don Sebastián, talvez me possa esclarecer). Aqui fica, alertando apenas para o facto de que o Mejía nele referido, de quem Castellani rapidamente se apartaria, é o modernista Cardeal Jorge Mejía:
"Resulta que Maritain hacía una gran recepción en la embajada de Francia, siendo reciente su designación de embajador ante el Vaticano. Castellani le pidió a Mejía que lo acompañara y allá fueron los dos, una tarde la primavera romana de 1947. Al llegar a la embajada, vieron que se formaba una larga fila de a dos que presentaban sus respetos a Raíssa y Jacques, ambos muy formalmente vestidos para la ocasión. Cuando les tocó el turno a Castellani y a Mejía, Castellani le espetó a Maritain: "C'est dommage que vous êtes devenu un herétique..." (es una lástima que se nos ha vuelto hereje). Mejía pedía que se lo tragara la tierra. Se hizo un largo silencio en el que nadie atinó a decir nada...
Como se ve, puro Castellani, más loco que nunca."
Ora, Castellani, que conhecia Maritain desde o começo dos anos 30, altura em que estudara na Sorbonne parisiense, e que o reencontraria anos mais tarde (1937) em Buenos Aires, cruzar-se-ia de novo com o autor de "Humanisme Integral" nesse ano de 1947, em Roma, aproveitando então para lhe dizer, olhos nos olhos, o que pensava do rumo que a obra deste último havia tomado. É curioso salientar como Castellani, numa única e simples frase, sintetiza lapidarmente tudo aquilo que levaria o Padre Júlio Meinvielle a travar uma intensa polémica com o mesmo Maritain ao longo de mais de uma década, iniciada durante a Guerra de Espanha, e que no seu auge envolveria também o Padre Garrigou-Lagrange, que vindo em socorro do francês acabaria por reconhecer que razão estava do lado do sacerdote portenho. O delicioso episódio que transcrevo de seguida, retiro-o da magnífica biografia de autoria de Sebastián Randle intitulada "Castellani, 1899-1949", publicada pelas "Ediciones Vórtice", da capital da Argentina. Desconheço se o autor tenciona escrever um segundo volume dedicado aos anos restantes de vida de Castellani (1950-1981), embora desejasse muito que isso sucedesse (o Rafael, que conhece Don Sebastián, talvez me possa esclarecer). Aqui fica, alertando apenas para o facto de que o Mejía nele referido, de quem Castellani rapidamente se apartaria, é o modernista Cardeal Jorge Mejía:
"Resulta que Maritain hacía una gran recepción en la embajada de Francia, siendo reciente su designación de embajador ante el Vaticano. Castellani le pidió a Mejía que lo acompañara y allá fueron los dos, una tarde la primavera romana de 1947. Al llegar a la embajada, vieron que se formaba una larga fila de a dos que presentaban sus respetos a Raíssa y Jacques, ambos muy formalmente vestidos para la ocasión. Cuando les tocó el turno a Castellani y a Mejía, Castellani le espetó a Maritain: "C'est dommage que vous êtes devenu un herétique..." (es una lástima que se nos ha vuelto hereje). Mejía pedía que se lo tragara la tierra. Se hizo un largo silencio en el que nadie atinó a decir nada...
Como se ve, puro Castellani, más loco que nunca."
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