segunda-feira, março 03, 2008

A Fé no deserto


Há cerca de uns quatro/cinco anos, em conversa com um sacerdote que então servia no Priorado da Fraternidade de São Pio X, em Lisboa, disse-lhe que às vezes não conseguia sentir bem a Fé. Respondeu-me prontamente que a Fé não se sente, e que das duas, uma: ou se tem, ou se não tem. Acrescentou que mesmo no deserto existe a Fé, e que se Deus nos coloca no deserto, temos de atravessá-lo com essa Fé.

Lembrei-me deste diálogo, durante a recente leitura do extraordinário livro "Las Parábolas de Cristo", do Padre Leonardo Castellani - por sinal, autor muito apreciado pelo meu interlocutor, que amiudadas vezes o referia -, no qual o ilustre sacerdote argentino, a dado passo da sua análise da parábola da videira e dos ramos (São João 15, 1), afirma o seguinte:

Una persona que está tremendamente en cruz, me dijo: Dicen que el dolor eleva; a mí no me ha elevado". La única respuesta es: "Nosotros como sensitivos, quisiéramos sentir la elevación; pero la elevación a veces no se siente (de momento) pues la gracia es invisible e insensibilible. El sarmiento enjertado puede que no se sienta crecer; o que no crezca; pero ha sido elevado al ser injertado. Nadie ve a una raíz crecer; y es preciso crezca ella primero para que se vea crecer el árbol. La gracia trabaja primero"para abajo".

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