Teve intensa repercussão nos meios católicos tradicionais, a audiência privada que, no passado dia 29 de Agosto, o Papa Bento XVI concedeu a Monsenhor Bernard Fellay, superior da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. A este propósito, recomendo a leitura da importantíssima entrevista que aquele último concedeu à Dici, bem como os artigos sobre o mesmo assunto escritos por Dom Lourenço Fleichmann, beneditino tradicionalista brasileiro, e por Monsenhor Williamson, um dos quatro bispos da FSSPX.
As reacções de que tenho tomado conhecimento, variam entre o optimismo de Orlando Fedeli, da Associação Monfort, ou de Thomas E. Woods, Jr., colunista do Remnant Newspaper, passam pela grande e sensata prudência oficialmente assumida pela Fraternidade, de que é notório exemplo a entrevista concedida pelo influente Padre Schmidberger ao jornalista vaticanólogo John Allen, Jr., e chegam até à hostilidade indisfarçada do "Novus Ordo Watch" ou agressiva da "Traditio", que acusa Monsenhor Fellay de estar a entregar a FSSPX aos modernistas.
Ora, considerando todos estes factos, e relembrando que os textos publicados neste espaço expressam exclusivamente os pontos de vista dos seus autores, apesar da simpatia assumida que os mesmos têm pelo combate tradicionalista da FSSPX, passo a reflectir sobre a possibilidade de Roma e a Fraternidade chegarem a um acordo que ponha fim às divergências dos últimos trinta anos.
A meu ver, julgo que esse evento será possível, se três condições prévias forem preenchidas:
a) A total liberalização da celebração da Missa tradicional de rito latino-gregoriano, desenleando-a das amarras a que a mesma se encontra presa depois da reforma litúrgica de Paulo VI, num acto que implicaria tão-só a total reconfirmação do conteúdo da Bula "Quo Primum", e mais latamente da reafirmação dos cânones 1º a 6º, da XXII Sessão do Concílio de Trento;
b) Levantamento das excomunhões injustas e infames proferidas pelo Papa João Paulo II contra Monsenhor Marcel Lefebvre, Dom António de Castro Mayer, e os actuais quatro bispos da Fraternidade, as quais são comprovadamente desprovidas de qualquer fundamento canónico, constituindo um dos momentos menos felizes do pontificado do antecessor de Sua Santidade Bento XVI;
c) Transformação da Fraternidade numa administração apostólica ou prelatura pessoal exclusivamente dependente do Papa, sem quaisquer interferências dos ordinários locais, e com a garantia de que os respectivos bispos serão sempre escolhidos de entre os seus membros.
É claro que se fizer isto, Bento XVI muito provavelmente verá ser desencadeada contra a sua autoridade uma guerra sem quartel movida pelos hereges neo-modernistas da estirpe de um Policarpo, Torgal, Martini, Daneels, Lustiger, Mahoney, Kasper, Lehman e outros tantos lobos com pele de cordeiro que fizeram da destruição da fé e tradição católicas, bem como da erecção de uma religião antropolátrica, objectivos principais das suas vidas. De resto, na entrevista à Dici, Monsenhor Bernard Fellay dá precisamente conta desta gravíssima ameaça que paira sobre o Santo Padre. Como é óbvio, não o faria se tal não correspondesse à verdade, e muito menos se para isso não tivesse o expresso consentimento de Bento XVI…
Assim, estará o Romano Pontífice disposto a correr risco de deixar acontecer o verdadeiro cisma com que os hereges o ameaçam? Talvez, se estiver seguro de quem cerrará fileiras do seu lado. Nessa luta, os sacerdotes da Fraternidade desempenharão seguramente um papel de primeira grandeza e linha, e devido à sua formação estritamente ortodoxa, contribuirão com denodo para a limpeza dos estábulos de Augias em que a Igreja se transformou após quarenta anos de modernismo desenfreado. Rezo para que as coisas assim sucedam. Que Cristo e Sua Mãe o permitam!
Por outro lado, a crise da Igreja não acabará instantaneamente, circunstância que outrossim não agradará a certos sectores tradicionalistas próximos do chamado sedevacantismo. Há que consciencializarmo-nos de que Roma não abrirá mão, pelo menos no imediato, das suas posições sobre a colegialidade, a liberdade de religião ou o ecumenismo, como bem o demonstrou a recente viagem papal à Alemanha. Porém, mau-grado esta factualidade, aqui devemos estar esperançados: o pleno resgate da Missa tradicional da catividade em que penava, trará certamente graças extraordinárias à Igreja, e constituirá um profundo golpe no modernismo. Afinal, "lex orandi, lex credendi"... Muitos superarão o receio (infundamentado) que a Fraternidade presentemente lhes provoca, e passarão a frequentar a Missa tradicional. Descobrirão, então, como foram abusadas espiritualmente durante largos anos da sua vida... Tudo o mais começará a vir por acréscimo.
JSarto
As reacções de que tenho tomado conhecimento, variam entre o optimismo de Orlando Fedeli, da Associação Monfort, ou de Thomas E. Woods, Jr., colunista do Remnant Newspaper, passam pela grande e sensata prudência oficialmente assumida pela Fraternidade, de que é notório exemplo a entrevista concedida pelo influente Padre Schmidberger ao jornalista vaticanólogo John Allen, Jr., e chegam até à hostilidade indisfarçada do "Novus Ordo Watch" ou agressiva da "Traditio", que acusa Monsenhor Fellay de estar a entregar a FSSPX aos modernistas.
Ora, considerando todos estes factos, e relembrando que os textos publicados neste espaço expressam exclusivamente os pontos de vista dos seus autores, apesar da simpatia assumida que os mesmos têm pelo combate tradicionalista da FSSPX, passo a reflectir sobre a possibilidade de Roma e a Fraternidade chegarem a um acordo que ponha fim às divergências dos últimos trinta anos.
A meu ver, julgo que esse evento será possível, se três condições prévias forem preenchidas:
a) A total liberalização da celebração da Missa tradicional de rito latino-gregoriano, desenleando-a das amarras a que a mesma se encontra presa depois da reforma litúrgica de Paulo VI, num acto que implicaria tão-só a total reconfirmação do conteúdo da Bula "Quo Primum", e mais latamente da reafirmação dos cânones 1º a 6º, da XXII Sessão do Concílio de Trento;
b) Levantamento das excomunhões injustas e infames proferidas pelo Papa João Paulo II contra Monsenhor Marcel Lefebvre, Dom António de Castro Mayer, e os actuais quatro bispos da Fraternidade, as quais são comprovadamente desprovidas de qualquer fundamento canónico, constituindo um dos momentos menos felizes do pontificado do antecessor de Sua Santidade Bento XVI;
c) Transformação da Fraternidade numa administração apostólica ou prelatura pessoal exclusivamente dependente do Papa, sem quaisquer interferências dos ordinários locais, e com a garantia de que os respectivos bispos serão sempre escolhidos de entre os seus membros.
É claro que se fizer isto, Bento XVI muito provavelmente verá ser desencadeada contra a sua autoridade uma guerra sem quartel movida pelos hereges neo-modernistas da estirpe de um Policarpo, Torgal, Martini, Daneels, Lustiger, Mahoney, Kasper, Lehman e outros tantos lobos com pele de cordeiro que fizeram da destruição da fé e tradição católicas, bem como da erecção de uma religião antropolátrica, objectivos principais das suas vidas. De resto, na entrevista à Dici, Monsenhor Bernard Fellay dá precisamente conta desta gravíssima ameaça que paira sobre o Santo Padre. Como é óbvio, não o faria se tal não correspondesse à verdade, e muito menos se para isso não tivesse o expresso consentimento de Bento XVI…
Assim, estará o Romano Pontífice disposto a correr risco de deixar acontecer o verdadeiro cisma com que os hereges o ameaçam? Talvez, se estiver seguro de quem cerrará fileiras do seu lado. Nessa luta, os sacerdotes da Fraternidade desempenharão seguramente um papel de primeira grandeza e linha, e devido à sua formação estritamente ortodoxa, contribuirão com denodo para a limpeza dos estábulos de Augias em que a Igreja se transformou após quarenta anos de modernismo desenfreado. Rezo para que as coisas assim sucedam. Que Cristo e Sua Mãe o permitam!
Por outro lado, a crise da Igreja não acabará instantaneamente, circunstância que outrossim não agradará a certos sectores tradicionalistas próximos do chamado sedevacantismo. Há que consciencializarmo-nos de que Roma não abrirá mão, pelo menos no imediato, das suas posições sobre a colegialidade, a liberdade de religião ou o ecumenismo, como bem o demonstrou a recente viagem papal à Alemanha. Porém, mau-grado esta factualidade, aqui devemos estar esperançados: o pleno resgate da Missa tradicional da catividade em que penava, trará certamente graças extraordinárias à Igreja, e constituirá um profundo golpe no modernismo. Afinal, "lex orandi, lex credendi"... Muitos superarão o receio (infundamentado) que a Fraternidade presentemente lhes provoca, e passarão a frequentar a Missa tradicional. Descobrirão, então, como foram abusadas espiritualmente durante largos anos da sua vida... Tudo o mais começará a vir por acréscimo.
JSarto
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