quinta-feira, setembro 01, 2005

A audiência entre o Papa Bento XVI e Monsenhor Bernard Fellay

Conforme havia aqui anunciado atempadamente, Sua Santidade o Papa Bento XVI recebeu em audiência privada, no passado dia 29 de Agosto, Monsenhor Bernard Fellay, Superior da Fraternidade de São Pio X.

Apesar de na sua sequência não ter sido adoptada qualquer medida concreta - situação que, de resto, já era esperada -, a Fraternidade emitiu o seguinte comunicado:

"+Albano Laziale, le 29 août 2005

Communiqué de presse

Aujourd’hui, Mgr Bernard Fellay, Supérieur Général de la Fraternité Sacerdotale Saint Pie X, a rencontré le Saint Père Benoît XVI dans sa résidence de Castelgandolfo. A l’issue de l’audience, il a fait la déclaration suivante :

La rencontre a duré environ 35 minutes, elle s’est déroulée dans un climat serein.

L’audience a été l’occasion pour la Fraternité de manifester qu’elle a toujours été attachée -et qu’elle le sera toujours- au saint-Siège, la Rome éternelle.

Nous avons abordé les difficultés sérieuses, déjà connues, dans un esprit de grand amour pour l’Eglise.

Nous sommes arrivés à un consensus sur le fait de procéder par étapes dans la résolution des problèmes.

La Fraternité Saint Pie X prie afin que le Saint Père puisse trouver la force de mettre fin à la crise de l’Eglise en « restaurant toutes choses dans le Christ ».

+Bernard Fellay
Supérieur Général de la Fraternité Saint Pie X"


Sobre o conteúdo deste comunicado, Orlando Fedeli, responsável da Associação Monfort, um agrupamento católico tradicional brasileiro, publicou no respectivo sítio uma breve e interessante análise que seguidamente transcrevo; porém, descarto nela o uso da expressão "lefevristas", porquanto a verdade é que não existem "lefevristas", mas tão-só católicos fiéis à doutrina tradicional da Igreja, os quais nem sequer se cingem ao âmbito da Fraternidade de São Pio X. Assim:

"O que se lê nas entrelinhas do Comunicado do Vaticano é que foi feito um acordo entre a Santa Sé e os lefrevistas, e que ele será publicado por etapas, em tempo razoável, isto é, logo que for possível, pela superação de certos obstáculos de ordem político-eclesiástica.

Provavelmente, primeiro será levantada a excomunhão de Dom Lefebvre e de Dom Mayer, o que é o mais fácil de ser feito e aceito.

Depois, em segunda etapa, será dada a liberdade para a Missa de São Pio V para todo o mundo.

Estas eram as duas condições postas pela Fraternidade para iniciar as tratativas com Roma.

Finalmente, será feita alguma discussão sobre o Vaticano II e a Nova Missa, o que certamente será bem mais demorado.

*****

O Comunicado de imprensa da Fraternidade São Pio X confirma essa interpretação que fazemos. Mas ela acrescenta alguns pormenores importantes:

1 - Conta que o encontro durou apenas 35 minutos aproximadamente, tempo relativamente curto, durante o qual seria impossível uma discussão sobre os temas de fundo. Portanto, o encontro foi apenas para sancionar acordos a que já se havia chegado.

2 - Nesse curto espaço de tempo, Dom Fellay testemunhou a adesão incondicional da Fraternidade à Santa Sé e a Roma eterna. O que foi excelente.

3 - Os graves problemas de fundo foram apenas “abordados” e não discutidos. Quais são esses grandes problemas de fundo? São o Vaticano II e a Nova Missa.

4 - Um quarto ponto dá um pormenor fundamental, pois diz Monsenhor Fellay:

“Chegamos a um consenso sobre o fato de proceder por etapas na resolução dos problemas”.

Portanto, Bento XVI e a Fraternidade lefrevista chegaram a um acordo, a um consenso, sobre a necessidade de proceder por etapas, vistas as dificuldades que o Papa tem a enfrentar.

5 - Finalmente, um pormenor final, permite confirmar que a dificuldade se acha do lado do Vaticano, pois diz o comunicado da Fraternidade que “reza para que o santo padre possa encontrar a força para por fim à crise da Igreja”.

O que é um modo delicado de fazer compreender que o Papa Bento XVI precisa de orações para enfrentar os lobos atuantes dentro da Igreja...

*****

Congratulamo-nos pelo bom resultado do encontro de Dom Fellay com o Papa Bento XVI, porque ele anuncia que, em tempo razoável, será não só liberada a Missa de sempre, como será feita justiça a Dom Mayer e a Dom Lefevre, na expectativa de se enfrentarem, depois, os problemas doutrinários postos pelo Vaticano II e pela Nova Missa.

Convém salientar que só o fato de o Papa Bento XVI aceitar discutir o Vaticano II demonstra que esse Concílio não foi dogmático, não foi infalível. Se o Vaticano II gozasse de autoridade dogmática infalível, jamais ele poderia ser discutido pelo Papa e com o Papa".

JSarto

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