segunda-feira, setembro 05, 2005

Breves - 13

- O nada recomendável Mário Soares anunciou a sua candidatura à Presidência da República, certamente sob o seu inefável mote de "republicano, socialista e laico", que é como quem diz de jacobino e de esquerdista q.b., ou seja, de não despicienda parte daquilo que por estas bandas católicas e monárquicas tradicionais se abomina. Porém, reconhece-se-lhe a "virtude" de ninguém melhor do que ele simbolizar a desgraça que se abateu sobre Portugal nos últimos trinta anos: primeiro, personifica a sua fase revolucionária e patológica, a da debandada traiçoeira dos territórios ultramarinos e da entrega apressada dos mesmos aos movimentos ditos de libertação controlados pelo imperialismo comunista (que apoiou), bem como a da destruição da parcela mais importante do aparelho produtivo português, através das nacionalizações e da reforma agrária (com a qual foi conivente); de seguida, encarna a sua fase normalizada, a da ditadura partidocrática, a da tirania do extremo-centro reinante e de todo o tráfico de influências, clientelismo e compadrio que gira à volta dela. De certo modo, pode-se dizer que a sua candidatura é o balão de oxigénio com o qual tenta salvar a podridão em que o tal extremo-centro se atascou.

- Em consequência da enorme catástrofe sofrida por Nova Orleães, cidade muitas vezes louvada pela sua sofisticação cosmopolita, pelo seu requinte multicultural, e pela liberalidade dos seus costumes, apesar disso ou talvez por causa disso, o pior da natureza humana de parte dos que nela habitam veio ao de cima, não hesitando os mesmos em dar azo aos seus instintos mais baixos, e, aproveitando-se da tragédia caída sobre a sua urbe, dedicarem-se a uma orgia de pilhagens descontroladas. Comprova-se uma mais à exaustão a inanidade de qualquer optimismo antropológico, bem explicitada no aforismo de Nicolás Goméz Dávila de que "Ser-se reaccionário, é compreender que o homem é um problema sem solução humana".

- Ao que rezam as crónicas, parece que o actual Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, se deslocou à "Festa do Avante", onde manifestou a sua admiração pela pessoa de Álvaro Cunhal, apontando-o como uma referência que sempre teve. E é isto o principal candidato de "direita" à chefia da mais importante autarquia do País… A título de curiosidade, pergunta-se: Se existisse em Portugal uma festa semelhante à "Bleu, Blanc et Rouge" francesa, o Eng. Carmona Rodrigues honrá-la-ia com a sua presença? E atrever-se-ia a manifestar nela um eventual entusiasmo por figuras como o Professor Oliveira Salazar, o Generalíssimo Franco ou Benito Mussolini? Suspeito bem que saiba de ginjeira a resposta a ambas as perguntas…

JSarto

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