quinta-feira, março 14, 2013

Papa Francisco

De um ponto de vista católico tradicional, que é aquele de que me reclamo, mentiria se dissesse que a eleição do Cardeal Bergoglio como Papa Francisco era a que esperava e desejava ou que a mesma me deixou contente; não era, nem deixou e não passo um pano, como se nada fosse, sobre aquilo que aqui escrevi após a abdicação de Bento XVI.

Confesso que deste novo pontificado não aguardo nada de especialmente positivo; o passado do recém-eleito Papa como bispo portenho faz-me temer e recear o pior. As minhas expectativas são nulas, o que afinal até é capaz de ser uma vantagem comparativa na forma de encarar Francisco I: a actuação deste será insusceptível de me causar desilusões (o que poderia ocorrer se diversa fosse a pessoa que tivesse ascendido ao Trono de São Pedro); por outro lado, qualquer bem que daquela mesma actuação decorra será sempre um proveito a favor do novo Bispo de Roma.

Sem prejuízo, Francisco I é doravante merecedor em pleno de obediência legítima e, por agora, deve gozar do benefício da dúvida por parte de todos os católicos que se reclamam da tradição. Nesta convicção, rezo portanto pelo novo Papa, para que o Espírito Santo o ilumine e Nossa Senhora por ele interceda nas pesadas tarefas que proximamente o aguardam.

11 comentários:

Victor Tomás Henriques disse...

Que situação trágica a da nossa Santa Igreja! Agora temos um papa errático e com pouca firmeza doutrinal! Nunca a Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo esteve tão à beira da desagregação! Vou apelar a todos os verdadeiros fiéis católicos que amam a sua Igreja, que lancemos o movimento "PELO REGRESSO DE BENTO XVI"!
Victor Henriques
(autor do blog martiresdeespanha.blogspot.pt)
Stat Crux Dum Volvitur Orbis!

Luís disse...

Não tenho nenhuma simpatia por este novo papa, sobretudo pelas suas atitudes desde o primeiro minuto, mas para quem está a falar da desagregação da Igreja apelar ao regresso de Bento XVI é uma emenda pior que o soneto.
O cardeal Bergoglio bom ou mau é Papa por direito e é este que devemos seguir ou corrigir quando necessário. Que mais não seja rezar por ele.

Miles disse...

Caros amigos, a situação não me parece especialmente brilhante, sobretudo do ponto de vista litúrgico; porém, vamos dar o benefício da dúvida ao Papa Francisco, por muito mais que gostássemos de Bento XVI. Esqueçamos Bergoglio e rezemos por Francisco. Irei escrever sobre tudo isto tendo um bocado mais tempo, quiçá mais logo,

Emmanuel disse...

Acho que é muito mais simples dizer:

João Paulo II foi um Papa extraordinário.

Bento XVI foi um Papa extraordinário.

Francisco é e será um Papa extraordinário.

Viva o Papa!

Anónimo disse...

Viva o Papa. O Papa é sempre o Papa, quem quer que ele seja.

Estes protestante demoníacos já estão a minar os caminhos do Papa Francisco.

Joaquim Costa

anónimo disse...

Salve Maria.

O Padre Basílio Meramo, num sermão, condenou este artigo com os argumentos que deu. Eu não me pronuncio a respeito.

Contudo lembro que não há ortodoxia alguma naquele que está convicto de que a ordinariedade na Igreja pode ser "superada" por um documento papal que não pertence por isso ao Magistério Ordinário nem pode pertencer ao Magistério Extraordinário. O uso e abuso do misterioso "superar" tem servido no pós-concílio como panaceia para toda a impossibilidade.

http://www.blogger.com/comment.g?blogID=4056076114655031640&postID=3413787567607194136&isPopup=true

Miles disse...

Meu caro Ascendens, com o devido respeito, agora é que não percebi mesmo. O que é que o Padre Basílio Méramo condenou? Este meu artigo sobre o Papa Francisco?!... Ou outro? Qual? Já agora, em que sermão? Se dispuser de "link", deixe-o aqui. Agradeço.

Miles disse...

Caro Ascendens, quanto ao seu comentário propriamente dito, mas não sei se percebe o alcance do que acabou de escrever: na sua ânsia de me rotular de heterodoxo, acabou por acusar de heterodoxia o Papa Gregório XVI... Olhe, sinceramente não sei o que diga...

Miles disse...

Meu caro Ascendens, não se incomode mais, já sei do que se trata: não será por causa disso que me zangarei - muito pelo contrário - com o Padre Basílio Méramo; para mim, ser referido por uma pessoa com a erudição desse sacerdote que tive o gosto de conhecer pessoalmente aquando da sua passagem por Portugal, até é um motivo de justo e legítimo orgulho, pesem as divergências - mais de forma do que de fundo… - que com ele possa ter.

Quanto à minha suposta heterodoxia por ter usado o verbo “superar”, passo a explicar: o mesmo há-de ser entendido no sentido de “aperfeiçoar”, enquadrado sempre numa lógica de continuidade e de desenvolvimento orgânico, na qual o magistério se apura e aperfeiçoa, expressando de forma explícita e perfeita o que antes dissera de forma implícita e/ou imperfeita; jamais há-de ser entendido no sentido de “romper”, numa lógica de ruptura. Ora, é no primeiro destes sentidos que eu entendo a Carta “In Supremo”, do Papa Gregório XVI, que - sim - é magistério ordinário em tais exactas condições.

anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
anónimo disse...

Caro Miles,

Não sei qual é o sermão exactamente. Deve ser o primeiro ou o segundo destas publicações:

http://radiocristiandad.wordpress.com/category/p-basilio-meramo/

Quanto à "ortodoxia" que temos estado a debater:
- O Miles tem que decidir-se porcolocar esse documento Papal contra a unidade de TODOS os documentos da Igreja que falam no mesmo assunto (entre elas Bulas Papais e a Sagrada Escritura, o costume etc.), ou o tratá-lo como um caso especial;
- Dizer que a unidade de documentos, Sagradas escrituras, e costumes, ou seja, a Tradição da Igreja, foi desautorizado por um documento Papal, é absurdo... É certo que não usa a palavra "desautorizado" e sim "ultrapassado", que pode parecer fazer desaparecer a contradição que defende;
- Seria mais simples começar por definir a autoridade do documento (e não do Papa porque o Papa pode emitir documentos com níveis diferentes de autoridade... O Miles bem o sabe porque, há anos, aqui mesmo, falava-se no nível de autoridade que teve ou não teve a Bula de S. Pio V ao promulgar o Missal (uns diziam, acho que o Miles também, que a dita Bula era apenas "disciplinar". Seria justo então fazer uma apreciação do nível de autoridade da Tradição da Igreja (inquestionável) no que toca a este assunto, o mesmo fazer com os restantes documentos e costumes... pois é pela autoridade maior que se há-de resolver a "disputa".
- Apenas depois de saber o nível de autoridade de todas as partes será possível identificar dois grupos: um é o documento Papal que o Miles ergue, e o outro grupo é de tudo o restante. Como então explicar entre os dois grupos um "desenvolvimento orgânico"se no primeiro grupo os feitos e documentos não apresentam um desenvolvimento entre eles!? O que um grupo permitiu durante séculos o outro parece ter proibido. Ora "permitir" e "proibir" não são coisas semelhantes!;
- Por fim, a sua teoria nem pode ser experimentada se constatar que a "homogeneidade" suposta pelo Miles, a que estaria "ultrapassada" hoje, e na verdade ORDINÁRIA na Igreja...

Miles, o Concílio Vaticano II é um fruto de um desenvolvimento homogéneo que ultrapassou certos pontos do magistério ordinário!? É que hoje quase todos dizem que sim. Gostaria de saber se concorda com eles.

Obrigado...

Até logo