sábado, julho 30, 2011

Reflexões sobre um caso norueguês



A cobertura jornalística dos recentes atentados terroristas na Noruega propiciou ocasião para os órgãos de comunicação social ditos de referência, uma vez mais, praticarem um flagrante delito de desinformação. Tomando os seus desejos pela realidade, logo concluíram - sem se perceber como - que o autor material de tão ignóbeis actos seria um “cristão” apodado de “fundamentalista”, seja lá o que isso signifique em jargão jornaleiro. Em França e Itália, o delírio ainda foi mais longe, acusando-se esse autor de ser um “católico integrista”, não se atingindo também o sentido deste “integrista”. Assim, um “cristão” - quiçá um “católico integrista” - seria o responsável pelos crimes de Oslo e Utoya, como outrora, para Nero, os cristãos eram os responsáveis pelos males do Império Romano…

Porém, para azar dos regurgitadores do fel e da bílis a que chamam imprensa, pagos para escreverem à linha nos jornais ou debitarem ao segundo nas rádios e televisões, o rosto da verdade é bem outro: Anders Behring Breivik tem muito pouco de cristão, nada de católico e menos ainda de tradicionalista. Nos seus escritos, bizarra e indigesta mistura de israelismo britânico, sionismo radical, gnosticismo hermético e também de um pan-europeísmo denotador de leituras mal digeridas e pior absorvidas, o ser-se “cristão” é entendido, não como a decisão livremente assumida de enformar a vivência pessoal do quotidiano em conformidade integral com o conjunto de verdades reveladas de fé e moral que constituem o corpo doutrinário do Cristianismo, mas antes como vago qualificativo de pertença a um mero “clube” com certas características étnicas e culturais, à maneira do protestantismo herético anglo-saxónico e nórdico, e não mais do que isso. Portanto, Breivik não é um cristão no sentido estrito da palavra, no de praticante da realidade religiosa a ela subjacente.

Ao invés, se existe religião com a qual o mesmo Breivik pode ser conotado, esta não é o Cristianismo mas antes a Maçonaria: de facto, aquele professava a religião maçónica - pois que de uma religião se trata, e totalmente incompatível com o Cristianismo -, que praticava numa loja de maçons de Oslo, da qual viria a ser apressadamente expulso no dia seguinte ao dos atentados por ele cometidos.

Ora, em face deste importantíssimo dado, sistematicamente omitido pela comunicação social dita de referência, é legítimo questionar, sem que com isso se pretenda acusar por arrasto quaisquer terceiros: não terá o ambiente de indiferentismo, relativismo e subjectivismo inerentes à doutrina maçónica, bem como o constante sobraçar por parte desta das causas conotadas com a cultura da morte anticristã, constituído um poderoso catalisador para Breivik agir como agiu, inibindo-o de escrúpulos de ordem moral, e assassinar quase uma centena de pessoas?..

Repete-se: é legítimo suscitar tal questão. E deplora-se, mas não se estranha, que ela não seja feita nem pelos órgãos de comunicação social acima referidos, nem por todos os que repercutem com alarvidade as falácias daqueles, sempre mais preocupados na difusão de uma agenda ideológica e propagandística bem concreta do que na busca da verdade. Como, de resto, é próprio de gente moralmente analfabeta, radicalmente desonesta e rasteiramente canalha.

A ler, também - Homo Modernus, na "Tribuna".

2 comentários:

Elias, O Profeta disse...

Manipuladores, Abutres, Túmulos podres e fétidos são os verdadeiros propagandista da mentira. A mídia usa a tão valorizada "liberdade de expressão" para impor a sociedade um pensamento que contraria as regras de Deus e traz em si a ruina da sociedade ocidental.

Afonso Miguel disse...

Excelente texto.