quinta-feira, julho 14, 2011

História de um blogue e de um pseudónimo

Este espaço tem quase sete anos e meio de vida. Iniciei-o em Fevereiro de 2004, numa altura em que não existiam blogues católicos tradicionais em língua portuguesa e eram muito raros os escritos noutras línguas. Pretendia, então, dirigir-me eminentemente à blogosfera nacional, em defesa e promoção de uma tradição católica nessa época marginalizada ao máximo em Portugal e no resto do mundo. Inspirado no nome de uma pequena editora tradicionalista norte-americana, a “Sarto House” (responsável pela edição em língua inglesa de “Iota Unum”, de Romano Amerio), decidi chamar-lhe “A Casa de Sarto”, como forma de homenagear o Papa Giuseppe Sarto, São Pio X, o maior defensor da ortodoxia católica e o mais acérrimo adversário da heresia modernista na primeira metade do século XX. Como é bom de verificar, a adopção pela minha parte do pseudónimo “JSarto” pretendia constituir uma extensão subtil de tal homenagem, num país onde a tradição católica era desprezada e a figura e obra desse Santo Papa votadas ao esquecimento.

Desde Fevereiro de 2004, as coisas mudaram grandemente. A Igreja recebeu a graça imensa da eleição papal de Bento XVI, agora gloriosamente reinante. No mesmo período, caracterizado por um enorme incremento da tradição católica, também muito se modificou em relação a este espaço, que ganhou uma expansão e audiência à escala global inimagináveis no momento da sua criação. Hoje, a maioria dos seus leitores são estrangeiros e chegam de países tão diferentes quanto o Brasil, a Espanha, os Estados Unidos, a Argentina, a Holanda, o Canadá e Cabo Verde. “A Casa de Sarto” consta da lista de ligações de sítios tão importantes como o “Rorate-Caeli”, o “Fratres in Unum” e o “Stat Veritas”, entre muitos outros que mereceriam menção.

Ora, em face deste contexto, no seu todo excelente para o combate aqui travado, perdeu-se contudo o efeito de homenagem subtil decorrente da utilização do pseudónimo “JSarto”: a maior parte dos actuais visitantes sabe muitíssimo bem quem foi Giuseppe (José) Sarto. Assim, não faz sentido que eu continue a usar esse pseudónimo, e já há algum (muito) tempo vinha reflectindo seriamente se não seria presunção grave da minha parte continuar a insistir no seu uso. Afinal, não possuo - e muito provavelmente nunca possuirei... - nem uma pequeníssima parte da santidade e sabedoria de São Pio X. Abandono, pois, a utilização de tal pseudónimo e substituo-o pelo de “Miles”, que em latim significa singelamente soldado. E soldados devem ser todos os católicos na defesa da ortodoxia da sua religião. Que São Pio X possa interceder por tal combate!

4 comentários:

Bruno Luís Santana disse...

Fiat voluntas tua!
Miles, então.

Afonso Miguel disse...

Amigo,

Compreendo a decisão, mas tenho pena que o nome JSarto, tão conhecido, citado e respeitado na blogosfera nacional e internacional, desapareça de circulação. Para mim, mesmo te conhecendo pessoalmente e saibendo o teu nome de baptismo, serás sempre o mítico JSarto, que comecei a ler desde cedo (ainda não sonhava eu aderir a este veículo poderoso de evangelização e luta) e com quem aprendi, e aprendo, valiosíssimas lições. Algumas delas ajudaram-me a discernir posições que hoje defendo a teu lado, certo de que, um dia, a verdade acabará por vencer e a Igreja recuperará o lugar no mundo que é o lugar de Deus.

Um forte abraço amigo JSarto, mui valoroso soldado de Cristo.

Nuno Soares Franco disse...

Meu Caro,
Lamento imenso que não publique os meus comentários pois bem gostaria de ler as suas críticas.
Será por eu ter tratado o Cardeal por Policarpo ou sr Policarpo?
Agradeço responda. É que eu acho que ele não merece outro tratamento como, já disse a quem o rodeia.

Anónimo disse...

Ao terminar um pseudónimo, esperaría-se pela identificação natural, a do batismo.

Substituir um por outro, não me parece correto.

Joaquim Costa