Ouvi recentemente um sacerdote católico, que reputo de reverente e piedoso, defender que a baixa prática religiosa nas sociedades contemporâneas se deve ao mau exemplo que os católicos leigos dão aos não crentes e não praticantes.
É uma afirmação ousada que recuso sufragar. Não duvido de que os católicos de "letreiro", incapazes de assumirem com rigor os compromissos impostos pela sua religião, são uma praga que lesa com gravidade o Catolicismo. Porém, invocar tal paradigma negativo para sem mais repudiar a prática religiosa, parece-me argumento imaturo e irreflectido, muito conveniente para todos aqueles que preferem permanecer num cómodo indiferentismo religioso que lhes permite pensar da mesma maneira que vivem, em vez de imporem a si próprios as exigências que uma prática religiosa séria e coerente necessariamente reclama.
Confrontado sobre este problema, escreveu o Padre Leonardo Castellani com a sapiência que lhe é própria:
"Una señora literata me decía: "Yo no pratico la religión porque las práticas religiosas me aburren; y tengo miedo de arrutinarme, como tantas personas que veo que comulgan cada día y han perdido la humanidad, los sentimientos humanos". No sé si es verdad esto; pero en todo caso no es razón para dejar la práctica religiosa. Es cuestión de necesidad, no de gusto".[1]
De resto, acredito que o problema da reduzida prática religiosa hodierna decorre muito mais das concepções doutrinárias que a Igreja passou oficialmente a sobraçar depois do Vaticano II, em matérias como a liberdade de religião e o ecumenismo, do que do eventual mau exemplo da vida levada por alguns leigos. Na verdade, aquelas concepções fizeram involuntariamente (?) medrar entre os fiéis o indiferentismo religioso, ao darem a entender que tanto faz ser ou não ser católico e que todas as religiões se equiparam entre si, desvalorizando assim a necessidade da prática religiosa e acarretando a diminuição abissal desta. E isto em sociedades já por si dominadas por um poderoso influxo das forças secularizadoras…
[1] In "Castellani por Castellani", Mendoza, Jauja, 1999, página 131.
É uma afirmação ousada que recuso sufragar. Não duvido de que os católicos de "letreiro", incapazes de assumirem com rigor os compromissos impostos pela sua religião, são uma praga que lesa com gravidade o Catolicismo. Porém, invocar tal paradigma negativo para sem mais repudiar a prática religiosa, parece-me argumento imaturo e irreflectido, muito conveniente para todos aqueles que preferem permanecer num cómodo indiferentismo religioso que lhes permite pensar da mesma maneira que vivem, em vez de imporem a si próprios as exigências que uma prática religiosa séria e coerente necessariamente reclama.
Confrontado sobre este problema, escreveu o Padre Leonardo Castellani com a sapiência que lhe é própria:
"Una señora literata me decía: "Yo no pratico la religión porque las práticas religiosas me aburren; y tengo miedo de arrutinarme, como tantas personas que veo que comulgan cada día y han perdido la humanidad, los sentimientos humanos". No sé si es verdad esto; pero en todo caso no es razón para dejar la práctica religiosa. Es cuestión de necesidad, no de gusto".[1]
De resto, acredito que o problema da reduzida prática religiosa hodierna decorre muito mais das concepções doutrinárias que a Igreja passou oficialmente a sobraçar depois do Vaticano II, em matérias como a liberdade de religião e o ecumenismo, do que do eventual mau exemplo da vida levada por alguns leigos. Na verdade, aquelas concepções fizeram involuntariamente (?) medrar entre os fiéis o indiferentismo religioso, ao darem a entender que tanto faz ser ou não ser católico e que todas as religiões se equiparam entre si, desvalorizando assim a necessidade da prática religiosa e acarretando a diminuição abissal desta. E isto em sociedades já por si dominadas por um poderoso influxo das forças secularizadoras…
[1] In "Castellani por Castellani", Mendoza, Jauja, 1999, página 131.
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