domingo, novembro 13, 2005

Ainda a Liturgia, ou as minhas aventuras no Reino do "Novus Ordo"


Costuma dizer-se que se Deus tolera um mal, é tão-só para permitir a realização de um bem maior. De certo modo, foi isso que sucedeu comigo. "Exilado" em Leiria, cingido ao facto de poder assistir apenas uma vez por mês à celebração da Missa de rito latino-gregoriano, que por estas bandas é oficiada no primeiro Domingo de cada nova trintena de dias, na capela da Fraternidade de São Pio X, em Fátima, resignei-me a frequentar uma Missa do novo rito de Paulo VI nos restantes Domingos, talvez influenciado pela ideia confortável, mas puramente teórica e sem suporte fáctico concreto, com que muitos tradicionalistas se tentam enganar a si próprios, de que tal Missa não sendo boa, nem por isso deixa de ser válida e lícita para o cumprimento do preceito dominical.

Pela minha parte, desenganei-me rapidamente: perdi conta ao número de vezes que abandonei a Igreja onde havia entrado para assistir à Missa, tais eram os abusos que os meus olhos presenciavam, e as aberrações que os meus ouvidos escutavam: de um padre a tocar guitarra em pleno altar-mor, a um outro que se sentou na cadeira da "presidência" durante a distribuição da comunhão, deixada a cargo de dois leigos; daquele que perorava em "douta" homília que Cristo não fundou nenhuma religião, àquele outro que tentou fazer do mesmo Cristo um apóstolo do indiferentismo religioso, passando pelas mais primárias defesas de um internacionalismo completamente rasteiro e de um igualitarismo totalmente crasso, escoradas em interpretações distorcidas e deturpadas dos Evangelhos, em absoluta dissidência com toda a tradição cristã, foi um desfilar de situações que depressa esgotaram a minha paciência de católico. Chega, disse eu! E pus-me a pensar sobre a monstruosidade de base que permitia todas estas aberrações, isto é, a Missa do novo rito de Paulo VI, paradigma acabado da revolução modernista que ocupou a Igreja. Feita muita reflexão, auxiliada por outra tanta leitura, concluí:

1º) A Missa do novo rito de Paulo VI é uma má Missa;

2º) É inteiramente artificial, na sua totalidade concebida por um herege modernista, suspeito de pertencer à seita dos pedreiros-livres - Monsenhor Bunigni -, e promulgada pelo Papa mais antitradicional de toda a História da Igreja - Paulo VI;

3º) Obnubila as verdades fundamentais da Fé Católica, e enfatiza realidades que lhe são espúrias, provenientes directamente da heresia protestante;

4º) Afasta o entendimento tradicional da Missa como a repetição real, não sangrenta, do sacrifício de Cristo na Cruz, concebendo-a antes como uma mero memorial litúrgico - uma refeição comemorativa - daquele sacrifício, à maneira protestante;

5º) Contradiz a doutrina dogmaticamente definida na Vigésima Sessão do Concílio de Trento, dedicada ao Santo Sacrifício da Missa, violando ostensivamente os canônes 3º, 6º, 7º e 9º nela promulgados, bem como três pronunciamentos infalíveis de outros tantos Papas, a saber: a Bula "Quo Primum", de São Pio V, que consagra perpétua e irrevogavelmente a Missa de rito latino-gregoriano como a Missa única e inalterável da Igreja do Ocidente; a Encíclica "Apostolicae Curae", de Leão XIII, e a Constituição Apostólica "Veterum Sapientia", de João XXIII;

6º) Apartando-se de modo decisivo da Missa infalivelmente aprovada pela Igreja, e denegando a dimensão sacrificial que esta última sempre lhe atribuiu, torna-se legítimo questionar a sua própria validade sacramental;

7º) Em conclusão, a Missa do novo rito de Paulo VI é profundamente antitradicional, e por esse exacto motivo nenhuma pessoa pode ser obrigada em consciência a assistir-lhe, ainda que ela seja porventura oficiada reverente e piedosamente por um sacerdote católico conservador, uma vez que a matéria e a intenção jamais dispensam a forma. E, se for impossível, por motivos de distância, participar numa Missa de rito latino-gregoriano, nem por esse facto a Missa do novo rito de Paulo VI se torna uma alternativa viável, pois a ninguém é lícito, em nome de uma suposta obediência formal ao preceito dominical, colocar em perigo a integridade da sua fé católica, mediante a participação num ritual notoriamente herético, característico da seita neomodernista e neoprotestante que se esconde sob a fachada e o prestígio da Igreja Católica para mais facilmente tentar destruí-la. E em vão…

JSarto

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