Enquanto por cá os responsáveis da Igreja portuguesa continuam a elogiar - demonstrando assim as suas preferências estéticas de ruptura - a arquitectura religiosa personificadora da revolução litúrgica pós-conciliar, desde os inqualificáveis mamarrachos de betão armado construídos a partir dos anos 70 até à recente e inenarrável “Capela Árvore da Vida”, é bom constatar que, um pouco pelo resto do mundo, um cada vez mais vigoroso movimento artístico vai contrabalançando a tendência ainda prevalecente em Portugal, defendendo com primor os cânones da ortodoxia tradicional que devem nortear a autêntica arquitectura sagrada cristã e propondo projectos novos inteiramente inspirados por aqueles mesmos cânones.
Nesta última categoria, conforme o comprovam as fotografias aqui publicadas, inclui-se a recém-construída e consagrada Catedral de Nossa Senhora de Fátima, em Karaganda, no Cazaquistão, obra imbuída de um espírito de beleza, reverência e dignidade autenticamente católico, em boa parte fruto do exemplar labor episcopal desenvolvido por Monsenhor Athanasius Schneider naquela diocese da Ásia Central. Ora, com respeito à edificação desta catedral e ao que ela simboliza, convém reter as importantes palavras pronunciadas pelo insigne bispo em entrevista concedida à Agência Zenit, de que os nossos amigos do “Fratres in Unum” dão eco parcial abaixo transcrito:
A arte é seguramente um instrumento de evangelização eficaz, como nos recorda o Magistério, e o Santo Padre insta-nos e encoraja-nos para que a usemos. Pode contar-nos a sua experiência de promotor de obras, que tanta arte e tanta beleza quis na sua diocese como sinal do testemunho da fé católica?
A construção de uma nova catedral com uma estética verdadeiramente sacra e recheada com obras de arte é também uma proclamação daquele que é o primeiro dever da Igreja: dar a Deus, a Deus encarnado, o primeiro lugar, um lugar visível, pois Deus fez-se visível com a Encarnação e na Eucaristia; dar a Deus o primeiro lugar também no sentido de oferecer a beleza artística em sua honra, pois é Deus o autor de toda a beleza e merece receber em sua honra, da parte dos fiéis, obras verdadeiramente belas.
Além disso, uma catedral como esta pode ser uma concreta manifestação do terno amor de uma comunidade fiel, a esposa de Cristo, para com o Corpo de Cristo, que, em certo sentido, oferece em honra deste mesmo Corpo de Cristo a prodigalidade da mulher pecadora, que em honra de Cristo ofereceu aquele vaso de perfume precioso cujo preço era extraordinariamente grande («mais de trezentos denários», cf. Mc 14, 4). A fim de ungir o corpo de Cristo, a mulher pecadora gastou uma soma de dinheiro com a qual poderia sustentar uma família ao longo de um ano inteiro. As pessoas presentes indignaram-se diante de tamanho desperdício. Jesus, porém, louvou este santo desperdício dizendo: «Fez para comigo uma obra boa» (Mc 14, 6). Também hoje se deve continuar a fazer o “santo desperdício” para com Jesus.
Já visitaram a nova catedral muitas pessoas. Na maioria foram pessoas não católicas, e até mesmo não cristãs. Foram atraídas pela beleza e exprimiram de modo claro a sua admiração. Houve mesmo algumas mulheres não cristãs que até choraram de comoção à minha frente. Uma vez, durante meia hora, mostrei e expliquei a catedral a um jovem casal não cristão, com todos os pormenores da arte e das coisas sacras. Quando terminei e depois de sairmos da catedral, esta mulher não cristã disse-me: «Nesta meia hora purifiquei a minha ama. Posso vir cá outra vez sozinha? É que quero admirar no silêncio estas coisas belas?» Ao que eu respondi: «Certamente. Pode voltar todas as vezes que quiser.» Nessa meia hora, com a minha explicação de uma arte que é sacra e bela, consegui dar uma lição sobre a verdade da fé católica. A reacção de quase todas as pessoas que até agora visitaram a catedral, e especialmente das pessoas não cristãs, foi espontânea e neste sentido: admiração, silêncio, abertura ao sobrenatural. Constatei em todos estes casos que a verdade da alma humana é naturalmente cristã, como disse Tertuliano, isto é, Deus inscreveu na alma humana a capacidade para o conhecer e para o venerar. O dever dos católicos é o de conduzir estas almas, assim abertas em relação à fé e à adoração sobrenatural, para a adoração de Cristo, da Santíssima Trindade, é o de conduzir as almas para o céu. Nas grandes portas de bronze à entrada da catedral estão escritas estas palavras da Sagrada Escritura: «Esta é a casa de Deus, esta é a porta do céu» (Domus Dei-porta coeli). Estas palavras sagradas são, por isso, um mote muito adequado para esta catedral, isto é, para esta obra visível de evangelização, como o são também para toda a obra da evangelização.
1 comentários:
Realmente, quem elogia tais aberrações, de tais arquitectos (que, provavelmente nunca entraram numa igreja para rezar ou participar numa Missa), ou tem o espírito embotado, ou então, é um católico "progre" que aceita qualquer aborto destes, desde que "assinado" por um desses "artistas" da moda...
Que tristeza! Esse tal padre Tolentino (outro que está na moda... mas o homem é padre ou poeta...?) também me parece um verdadeiro ignorante...
Enviar um comentário