quinta-feira, junho 11, 2009

Balanço das eleições europeias

1º) Primeiro, as sondagens: é triste constatar a colaboração cúmplice da Universidade Católica Portuguesa com o poder político socialista na gigantesca tentativa de manipulação do eleitorado em que estas pesquisas da opinião pública se transformaram no nosso País, e através das quais se pretende influenciar a orientação de voto daquele eleitorado no sentido almejado pelo referido poder. É deveras lamentável que uma instituição da Igreja se preste a fazer figura tão pouco airosa, contribuindo assim para a total desacreditação das sondagens em Portugal, hoje em dia, meras armas de propaganda política sem qualquer seriedade ou credibilidade científica.

2º) Dos vinte e dois lugares parlamentares em disputa, vinte foram conquistados por forças políticas (PSD, PS, BE e PCP) que apoiam declarada ou envergonhadamente o aborto e o emparelhamento de homossexuais; os dois partidos mais votados (PSD e PS) sufragam também - sem quaisquer distinções entre ambos - o federalismo maçónico anticristão negador das soberanias nacionais e a islamização forçada da Europa mediante a integração da Turquia na União.

Creio que não é possível compreender estes resultados desastrosos, se não se tiver em conta a renúncia do actual episcopado português a exercer qualquer magistério público, bem como a sua omissão ao não haver lembrado aos fiéis o grave dever que estes têm de não votar em forças políticas cujas posições ideológicas contradigam os princípios basilares da fé e moral católicas. No fundo, bastava que os bispos lusitanos tivessem acatado os ensinamentos da "Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao empenhamento e comportamento dos católicos na vida política", aprovada pelo Papa João Paulo II, em 2002, coisa que não fizeram.

3º) Também pelo supra exposto, é especialmente perturbador o grande avanço eleitoral da extrema-esquerda em Portugal, sinal notório de um evidente terceiro-mundismo mental reinante entre nós, o qual não tem paralelo em qualquer outro país europeu, ocidental e civilizado. Como entender esta situação?

Antes de mais, boa parte do corrente eleitorado da extrema-esquerda (BE) é composto por jovens entre os dezoito e vinte cinco anos de idade que não conheceram os efeitos do comunismo real na Europa, ou ao menos não têm dele uma recordação nítida, o que lhes permite votar despreocupadamente numa força política que, sob uma capa de defensora irreverente de todas as causas pós-modernas, continua a ser apologista dos pressupostos doutrinários da tirania marxista-leninista.

De seguida, estes resultados são também o fruto consumado da guerra cultural de cariz gramsciano que a extrema-esquerda tem conduzido no último quarto de século contra os valores fundamentais da civilização cristã e ocidental, por intermédio do seu domínio cada vez mais intenso do aparelho educativo - o Ministério da Educação é um autêntico Ministério da Reforma Psicológica -, bem como dos meios de comunicação social ditos de referência, e que mais não são do que autênticos órgãos de propaganda política. Deste modo, a nova geração de eleitores é a primeira inteiramente formatada sob os referidos esquemas mentais gramscianos, constituindo a sua aparição um importantíssimo triunfo para os autores de tal guerra cultural. Ora, se tivermos em conta que, ao menos internamente, estes autores não tiveram qualquer oposição séria e que o episcopado português se recusa a travar com firmeza o combate contra este estado de coisas que lhe incumbiria, começa a não ser tão difícil perceber a situação corrente.

Por último, mas não menos importante, deve também ser considerado o voto de protesto deste eleitorado na extrema-esquerda. Voto contra a injusta ordem económica que Portugal vive, onde um governo pomposamente apelidado de socialista mas sem preocupações sociais, despreza absolutamente a dignidade do trabalho e dos trabalhadores, reduzindo-os a meros factores económicos de produção. A não inverter-se este padrão de uma geração inteira sem horizontes, explorada pelo trabalho temporário e a auferir um salário médio de seiscentos euros por mês (quando o aufere…), a extrema-esquerda continuará a galgar terreno, podendo até tornar-se poder, o que seria tenebroso. Assim, também no campo económico e social urge instaurar uma ordem autenticamente cristã, nele fazer reinar Cristo, e abandonar a usura, agiotagem e ganância próprias de um plutocracismo decadente.

4º) Finalmente, os resultados das eleições para o parlamento europeu antevêem que Portugal está a chegar ao fim de um ciclo político. No próximo mês de Outubro, depois de quatro anos de governação ruinosa, José Sócrates (PS) deverá deixar de ser o chefe de governo português, substituído nessas funções por Manuela Ferreira Leite (PSD). Os portugueses despedir-se-ão de um engenheiro que frequentava as reuniões do Clube de Bilderberg e que nunca contou o que por lá acontece, e darão as boas vindas a uma economista que participa nos encontros do Clube de Bilderberg e que jamais relatou o que por lá sucede. Como são belas a alternância e a transparência democráticas!

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