Há muito tempo que não abordo neste espaço assuntos que não estejam directamente relacionados com a temática religiosa católica tradicional. A verdade é que a minha paciência para outras matérias é cada vez menor: de facto, estas, por mais importância que aparentem ter, serão sempre efémeras e transitórias face às questões que bulem directamente com o destino eterno de cada um e todos os homens.
Sem prejuízo, abro hoje uma excepção ao que ficou dito no parágrafo anterior, para escrever sobre a polémica surgida à volta da possibilidade de submeter a referendo popular o Tratado de Lisboa, o qual mais não é do que um novo passo - importante e determinado - para a instauração da república universal anticristã, meta última das sociedades discretas, dos clubes de opinião e grupos de pressão que a partir da penumbra impõem a sua ditadura de facto às sociedades ocidentais contemporâneas.
Ouço vários daqueles que fazem frequentes "profissões de fé" democráticas, como são os casos do presidente da comissão europeia ou do primeiro-ministro português, sustentarem a desnecessidade de sujeitar a referendo o novo tratado, não só porque isso colocaria em causa os pressupostos da democracia representativa, mas também porque o eleitorado não se encontra tecnicamente preparado para apreciar as complexas questões que o mesmo tratado aborda.
Por mim, e por uma questão de formação, sempre entendi que a representação - qualquer que ela seja - nunca deve deixar de ser feita nos estritos limites previamente estipulados pelo representado, ocorrendo abuso de representação sempre que aqueles limites sejam ultrapassados pelo representante. Em tal situação, o representado pode e deve avocar a si os poderes temporariamente delegados no representante, o que no caso da representação política se efectuará através do recurso à figura do referendo popular.
Assim, compreende-se a razão pela qual os políticos democratas impolutos que existem por essa Europa fora abominam a possibilidade de referendar o Tratado de Lisboa: porque não concebem que se coloque em causa a sua actuação de serventuários e executores da ditadura partidocrática vigente, cujas grandes linhas de orientação são definidas bem longe do espaço público nos conciliábulos das sociedades, clubes e grupos acima referidos, dos quais os ditos políticos não passam de meras marionetas sem personalidade.
Mais grave ainda é escutar tais abencerragens a sustentar que o eleitorado não está genericamente apto para julgar as difíceis matérias regulamentadas pelo Tratado de Lisboa: eu, que sou católico defensor da tradição e monárquico, que à maneira do grande tomista chileno Padre Osvaldo Lira destrinço entre soberania política e soberania social, que acredito que o poder político tem a sua origem em Deus, que creio que a legitimidade do mesmo poder se afere não só relativamente à sua origem mas também quanto ao seu exercício, até poderia concordar com tal perspectiva; todavia, ao constatá-la sobraçada pelos defensores dos imortais princípios de 1789, incondicionais da soberania popular e fundamentalistas do democratismo, mais do que me sentir encontrar perante hipócritas, julgo estar face a autênticos tratantes desprovidos de quaisquer escrúpulos!
Afinal, os eleitores não têm capacidade para referendar o Tratado, mas possuem-na para eleger aqueles que o negociaram e eventualmente ratificarão! Estranho paradoxo! De facto, os democráticos são gente muito estranha!
Sem prejuízo, abro hoje uma excepção ao que ficou dito no parágrafo anterior, para escrever sobre a polémica surgida à volta da possibilidade de submeter a referendo popular o Tratado de Lisboa, o qual mais não é do que um novo passo - importante e determinado - para a instauração da república universal anticristã, meta última das sociedades discretas, dos clubes de opinião e grupos de pressão que a partir da penumbra impõem a sua ditadura de facto às sociedades ocidentais contemporâneas.
Ouço vários daqueles que fazem frequentes "profissões de fé" democráticas, como são os casos do presidente da comissão europeia ou do primeiro-ministro português, sustentarem a desnecessidade de sujeitar a referendo o novo tratado, não só porque isso colocaria em causa os pressupostos da democracia representativa, mas também porque o eleitorado não se encontra tecnicamente preparado para apreciar as complexas questões que o mesmo tratado aborda.
Por mim, e por uma questão de formação, sempre entendi que a representação - qualquer que ela seja - nunca deve deixar de ser feita nos estritos limites previamente estipulados pelo representado, ocorrendo abuso de representação sempre que aqueles limites sejam ultrapassados pelo representante. Em tal situação, o representado pode e deve avocar a si os poderes temporariamente delegados no representante, o que no caso da representação política se efectuará através do recurso à figura do referendo popular.
Assim, compreende-se a razão pela qual os políticos democratas impolutos que existem por essa Europa fora abominam a possibilidade de referendar o Tratado de Lisboa: porque não concebem que se coloque em causa a sua actuação de serventuários e executores da ditadura partidocrática vigente, cujas grandes linhas de orientação são definidas bem longe do espaço público nos conciliábulos das sociedades, clubes e grupos acima referidos, dos quais os ditos políticos não passam de meras marionetas sem personalidade.
Mais grave ainda é escutar tais abencerragens a sustentar que o eleitorado não está genericamente apto para julgar as difíceis matérias regulamentadas pelo Tratado de Lisboa: eu, que sou católico defensor da tradição e monárquico, que à maneira do grande tomista chileno Padre Osvaldo Lira destrinço entre soberania política e soberania social, que acredito que o poder político tem a sua origem em Deus, que creio que a legitimidade do mesmo poder se afere não só relativamente à sua origem mas também quanto ao seu exercício, até poderia concordar com tal perspectiva; todavia, ao constatá-la sobraçada pelos defensores dos imortais princípios de 1789, incondicionais da soberania popular e fundamentalistas do democratismo, mais do que me sentir encontrar perante hipócritas, julgo estar face a autênticos tratantes desprovidos de quaisquer escrúpulos!
Afinal, os eleitores não têm capacidade para referendar o Tratado, mas possuem-na para eleger aqueles que o negociaram e eventualmente ratificarão! Estranho paradoxo! De facto, os democráticos são gente muito estranha!
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