Nos Estados Unidos, mesmo nos meios católicos tradicionais, tem gerado forte polémica a reforma das leis da imigração presentemente em discussão, a qual afecta sobretudo os imigrantes hispânicos, na maior parte originários do México. A este respeito, manifesto a minha concordância com o autor de "Dappled Things" quando sustenta que não há seres humanos ilegais, mas acrescento - e isso sim - que existem comportamentos humanos ilegais, e que a imigração em infracção às leis de entrada e permanência em determinado Estado é obviamente um deles, configurando uma postura errada, excessiva e abusiva, para mais quando assume uma matriz irredentista em relação ao país hospedeiro.
Sobre esta matéria, convém recordar o ensinamento oficial da Igreja, plasmado no Catecismo aprovado pelo Papa João Paulo II, em 11 de Outubro de 1992:
"§2241 As nações mais favorecidas devem acolher, na medida do possível, o estrangeiro em busca da segurança e dos recursos vitais que não pode encontrar em seu país de origem. Os poderes públicos zelarão pelo respeito do direito natural que põe o hóspede sob a protecção daqueles que o recebem.
Em vista do bem comum de que estão encarregadas, as autoridades políticas podem subordinar o exercício do direito de imigração a diversas condições jurídicas, principalmente com respeito aos deveres dos migrantes para com o país de adopção. O migrante é obrigado a respeitar com gratidão o património material e espiritual do país que o acolhe, a obedecer às suas leis e a dar sua contribuição financeira" (destaques meus).
Sem prejuízo, cabe perguntar: por que motivo numa nação como o México, com receitas petrolíferas superiores às do Koweit, e rendimentos turísticos maiores do que os de Espanha, grande parte da sua população continua a viver miseravelmente, e a ser compelida à necessidade de imigrar? Reside aqui o busílis da questão, na natureza do regime de inspiração jacobina, marxista e anticristã que governou ininterruptamente o México entre 1917 e 2000, primeiro responsável pela criação de estrutura tentacular profundamente ineficaz e corrupta que continua a oprimir com resultados ruinosos a quase totalidade da vida administrativa e económica mexicana, uma vez que o actual Presidente Vicente Fox não a conseguiu reformar.
Ora, tão longa duração da oligarquia jacobina mexicana no poder não teria sido possível sem o contributo decisivo dos Estados Unidos para esse efeito, uma vez que tanto a Norte como a Sul do Rio Grande, quem dita boa parte da chuva e o bom tempo, a partir da penumbra em que se costuma mover tanto em Washington como na Cidade do México, é a sociedade discreta do costume… Convém relembrar que a insurreição "Cristera" de 1926 - 1929 (ver segunda fotografia) levantamento católico e patriótico do povo mexicano contra aqueles que o oprimiam no mais profundo das suas convicções, e que, sob a constante invocação de Cristo-Rei e Nossa Senhora de Guadalupe (ver primeira fotografia), chegou a controlar militarmente 3/4 do total do território mexicano - com os federais jacobinos cingidos à Cidade do México, algumas capitais estaduais e pouco mais… -, não conseguiu triunfar totalmente apenas devido ao maciço e vital apoio militar que o regime anticristão, então encarnado sucessivamente pelas figuras dos Presidentes Plutarco Elias Calles, e Fortes Gil, recebeu dos… Estados Unidos da América, secundado pela estranha leniência que outrossim conseguiu alcançar junto de Roma, esta última fruto de um misto de grave ingenuidade política e do obrar do vírus modernista, o qual começava de novo a infiltrar-se ao mais alto nível. Ficou perdida a oportunidade de se erguer um Estado organizado socialmente segundo os princípios da doutrina tradicional cristã, à imagem do que sucederia mais tarde na Espanha de Franco, e que teria seguramente tornado o México num país mais próspero material e espiritualmente, bem diferente daquilo que é hoje. Quanto aos Estados Unidos, afinal, recolhem tão-só as tempestades dos ventos que semearam há muito. De facto, os "yankees" nunca aprendem, e não apenas na questão mexicana…
Duas notas finais: tão tarde quanto 1977, o regime mexicano recusou a entrada no país a Monsenhor Marcel Lefebvre, devido às infames pressões efectuadas pelo episcopado local, então na sua quase totalidade rendido às teses modernistas e progressistas. Quatro anos depois, corria 1981, o arcebispo tradicionalista conseguiu finalmente entrar em território mexicano, tendo então sido vigorosamente aclamado pela população mais pobre e humilde de origem indígena - "Marcel Lefebvre, el hombre justo" - (ver terceira e quarta fotografias), como jamais o foram quaisquer dos fautores da perversa "Teologia da Libertação", recordando o lema proclamado por São Pio X de que os tradicionalistas são os melhores amigos do povo.
JSarto
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