Saio do torpor a que me remeti, fruto de um misto de cansaço decorrente de uma actividade profissional exigente e de desânimo derivado do estado de coisas do mundo que me rodeia, para escrever um breve comentário sobre a anunciada abdicação de Sua Santidade o Papa Bento XVI.
Trata-se de uma notícia que me causou, num primeiro momento, profundo espanto. Subsequentemente, deixou-me triste, muito triste, tristíssimo, com uma intensa vontade de chorar. Confesso-o. Racionalizando, é verdade que pela ordem natural das coisas, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou outra, este dia - o do fim do pontificado do Papa Ratzinger - acabaria sempre por chegar. Mas a sua concretização dói. Bastante.
Com Bento XVI, pela primeira em quarenta anos, a Igreja institucional deixou de ser para os católicos tradicionais, se não motivo de escândalo, pelo menos causa de perplexidade, para passar a ser também razão de legítimo orgulho. Momentos como o discurso de Natal à cúria romana, datado de 22 de Dezembro de 2005, sobre a hermenêutica da continuidade, ou a promulgação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” ficarão como pontos altos de um pontificado que, com todas as falhas que se lhe possam apontar, inverteu uma tendência de degeneração progressista que se verificava desde os anos 60. Por isto, nesta hora, não hesito em dizer: muito obrigado, Santidade!
Quanto ao mais, o futuro próximo do Papado não se me afigura especialmente brilhante. No conclave que se anuncia participarão vários cardeais eleitores absolutamente imprestáveis, impróprios para consumo e com prazo de validade há muito esgotado: Daneels (emérito de Malines), Mahoney (emérito de Los Angeles), Bergoglio (Buenos Aires), Policarpo (Lisboa), Lehmann (Mainz) ou Meisner (Colónia). Sem pretender especular, e na certeza de que quem entra Papa num conclave sai de lá cardeal, Schönborn (Viena) será o candidato natural do progressismo. As esperanças da Catolicidade recairão sobre os ombros de Burke (Tribunal da Assinatura Apostólica) e Ranjith (Colombo), que poderão ser secundados por Scola (Milão) ou Cañizares (Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos).
Repito, humanamente falando, o panorama não é brilhante; porém, a Igreja Católica é uma instituição de origem divina, com auxílios e garantias divinas. Nessa certeza, só nos resta rezar e pedir a intercessão de Nossa Senhora para que o próximo conclave, iluminado pelo Espírito Santo, tenha a capacidade de eleger um Papa que seja um autêntico defensor da ortodoxia da fé e moral católicas, venha ele de onde vier.
Enfim, para terminar, um motivo de não pequena esperança: Bento XVI continua entre nós e vai andar por aí…
4 comentários:
Desejo-lhe que retome o ânimo! Deus lho dará mas só se o quiser, como bem sabe.
Os Senhores não deixem morrer o blog. Faz falta a crentes e a descrentes.
Abraço do eao.
Sem dúvida é necessário que volte a escrever, Miles.
Saudações de um leitor brasileiro,
Renato
Atendendo às circunstâncias actuais do panorama mundial um Papa inteligente e culto como Bento XVI só poderia tomar esta decisão, pois como o autor do blogue diz - ele vai estar por aí...! E isso poderia ser um "entrave" para alguns devaneios que se tem vindo a escutar em relação ao futuro.
Concluido, o problema vai ser dos católicos (verdadeiros)porque a maré modernista está no auge, pelo que este ultimo papadao não passou de uma espécie de grito do ipiranga.
As qualidades internas não serão as mais importantes para o sucessor de Bento XVI, bastando que seja preto ou na "mesma linha".
Sinceramente já não sei se (vos) vale a pena prolongar a agonia.
saudações
Legionário
Infelizmente, compartilho da mesma visão. Não somos os únicos, existe uma leiga americana, Ann Barnhardt, que escreveu praticamente a mesma coisa (v. barnhardt.biz).
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