domingo, fevereiro 15, 2009

O caso Williamson


Só esta semana me foi possível escutar as polémicas declarações de Monsenhor Richard Williamson à televisão sueca. Que dizer?

Abstraindo-me dos preconceitos ruidosos do mundo e pensando com verdadeira liberdade, não vislumbro qualquer afirmação negacionista nas palavras do bispo tradicionalista. Acaso este refutou a índole pagã e anticristã do regime nacional-socialista ou que o mesmo, durante a II Guerra Mundial, houvesse perseguido e assassinado um elevadíssimo número de judeus em toda a Europa ocupada? Objectivamente, não! Monsenhor Williamson limitou-se a questionar o número oficial habitualmente apresentado como sendo o do total de vítimas de tal perseguição - seis milhões de mortos -, bem como a duvidar da existência de um dos meios de execução empregues naquela - as câmaras de gás. Por isto só, chamar-lhe de imediato "nazi" e "negacionista" parece-me notório extremismo de tolerantes intolerantes reflexivamente estimulados, os quais demonstram à saciedade a farsa hipócrita em que a liberdade de expressão se transformou nas sociedades ocidentais contemporâneas supostamente democráticas, mas de facto cada vez mais tirânicas à maneira orwelliana. Sociedades, ademais, invertidas onde se nega a existência de Deus e blasfema com toda a impunidade, onde se assassinam crianças indefesas no interior do ventre materno e se matam doentes nos seus leitos… Quem é nazi, afinal?!

Sem prejuízo, deveria Monsenhor Williamson ter proferido publicamente estas afirmações? Entendo que não! E causa-me profunda estranheza que um homem com o seu saber e traquejo o haja feito, caindo assim numa armadilha infantil, já que é consabida a natureza anticristã e canalha - por força de quem os controla - da generalidade dos meios de comunicação social modernos. Ao fazê-lo, foi notoriamente imponderado, embaraçou em público a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X e o Papa Bento XVI, e forneceu aos inimigos internos da Igreja Católica - os hereges modernistas - um precioso argumento para atacarem com despudor selvático a tradição católica e pessoa do Santo Padre, vomitando sobre ambas todo o ódio que lhes têm. Algo que até os judeus de boa fé reconhecem… Em suma, parece-me que Monsenhor Williamson nunca se deveria ter exposto em público da maneira que se expôs, quando em causa nem sequer estava a defesa de matéria de fé ou moral, mas apenas a discussão das dimensões de um acontecimento histórico que não é assunto de fé ou moral.

Deste modo, e em face da tempestade desencadeada, é compreensível e canonicamente fundamentada a exigência que Sua Santidade lhe impôs de se retractar publicamente de tais pontos de vista, caso pretenda ser admitido ao desempenho de funções episcopais na Igreja institucional. Porém, chegado a este ponto, não posso deixar de sublinhar o seguinte: porque precisamente o denominado Holocausto não é matéria de fé ou moral, ao elevar a crença na versão aceite deste a requisito imprescindível para o exercício do múnus episcopal, o Papa em coerência há-de ter igual grau de rigor para com todo o conjunto de verdades de fé e moral católicas. O que por enquanto, e de modo surpreendente, continua a não suceder em relação a muitos lobos com pele de cordeiro no seio da Igreja. Alguns até com barrete cardinalício. Acredito todavia que tal panorama mude em breve.

Complementarmente, sugiro a também a leitura dos seguintes artigos abaixo indicados, com cujo teor concordo genericamente (com reservas em relação ao de Mosebach):

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