segunda-feira, setembro 13, 2010

Missa de rito latino-gregoriano na Basílica de Fátima: Deus é beleza!


Na passada Sexta-feira, dia 10 de Setembro, pelas 20.00 horas, tive a enorme graça de poder assistir a uma Missa votiva em honra de Nossa Senhora, celebrada segundo o rito tradicional latino-gregoriano, na Basílica do Sagrado Rosário de Fátima. Tratou-se de um momento inolvidável, de indescritível felicidade e indizível beleza: como já escrevi em postal anterior, a liturgia oficiada desta forma é autenticamente o céu descido à terra! E não havendo mais palavras que possam transmitir o que então senti, passo a transcrever parte do magnífico sermão que o Reverendo Padre Scott A. Haynes, SJC (Cónegos Regulares de São João Câncio), proferiu nesta ocasião histórica para a Tradição Católica:

Quando os emissários do príncipe de Kiev voltaram após assistir à Divina Liturgia, na Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla, no século X, escreveram no seu relatório: "Não sabíamos se estávamos no céu o na terra, pois certamente tal esplendor e beleza não existe noutro lugar da Terra. Não conseguimos descrevê-lo; só sabemos que Deus lá habita entre os homens, e que o seu serviço ultrapassa a cerimónia de todos os outros lugares. Sua beleza é simplesmente inesquecível".

O amor da beleza e sua expressão em obras de arte manifesta uma homenagem a Deus, pois, segundo São Tomás de Aquino, "a beleza é um dos nomes de Deus". Assim, quando a Igreja é convocada para celebrar os divinos mistérios, ela emprega todas as artes que tocam os sentidos, porque aquilo que é verdadeiramente belo nos agrada quando o contemplamos.

É por isso que Santa Teresa de Ávila declarou: "Fico sempre profundamente tocada pela grandiosidade das cerimónias da Igreja". A capacidade única do canto gregoriano para evocar em nós o espírito de oração contemplativa, os paramentos festivos, o uso do incenso, velas, objectos de ouro e prata, água benta, etc. - tudo isso nos auxilia na adoração do Deus Uno e Trino, que criou a beleza, a sustenta, a redimiu e é Ele mesmo a própria beleza. A Igreja sempre envolveu o Santo Sacrifício da Missa num ambiente de reverência e mistério. Ao utilizar os bens da Criação, em sua transcendente existência, ela leva seus filhos a Deus; e pelos mesmos meios, Deus desce a eles. Na Idade Média colocava-se grande ênfase na beleza da Missa. Hoje, devemos novamente tomar consciência dela.

O Cardeal Joseph Ratzinger uma vez lamentou-se: "Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja voltou as costas à beleza". Palavras ousadas. E se forem verdadeiras? Se verdadeiramente nos empobrecemos neste aspecto, deixando-nos vitimar por uma mentalidade iconoclasta, talvez tenha sido porque "vivemos em uma época sem imaginação", como disse certa vez Paul Claudel. Ao reflectir sobre a visita dos representantes do príncipe Vladimir de Kiev a Constantinopla, o Papa Bento XVI observou que a delegação e o príncipe aceitaram a verdade do Cristianismo, não pelo poder de persuasão dos seus argumentos teológicos, mas pela beleza do mistério de sua sagrada liturgia. Se estamos falhando na divina missão que o Senhor nos confiou de converter o mundo à nossa fé, talvez devamos começar por restaurar a reverência, o silêncio, a adoração e uma atmosfera de sagrada beleza na nossa santa liturgia. Se as nossas igrejas não forem os lugares mais sagrados da Terra, a verdadeira reverência e beleza tão pouco podem existir noutro lugar.

Aguardando que Scott Smith, fotógrafo oficial da peregrinação a Fátima dos Cónegos Regulares de São João Câncio, publique as fotografias desta Missa histórica, aqui deixo a ligação para as fotografias da mesma Missa tiradas pelo infatigável autor do blogue "Missa Gregoriana em Portugal", porque uma imagem vale mais do que mil palavras!

0 comentários: