terça-feira, maio 26, 2009

Dos políticos católicos dissidentes, livrai-nos Senhor!

Haja quem defenda a Realeza Social de Cristo! Dos políticos católicos dissidentes, livrai-nos Senhor! Magistral Padre Serras Pereira! Não resisto transcrever alguns trechos:

Em Portugal a Lei de Deus, a saber, a Lei que Deus inscreveu no coração de todo e qualquer ser humano, quer dizer, a Lei Moral Natural, isto é, a Lei da Natureza Racional da Pessoa, a que podemos chamar princípios irrenunciáveis ou valores inegociáveis tem sido sistematicamente contestada, verbal e praticamente, por muitos dos que se auto-proclamam políticos católicos praticantes. Como o Episcopado, por razões insondáveis, não denuncia as suas infidelidades e continua, como se nada fosse, a conceder-lhes honras eclesiais, a convidá-los para palestrantes em simpósios ou congressos de doutrinação católica, a dar-lhes a Sagrada Comunhão o povo católico só pode concluir que essas gravíssimas iniquidades são não só de todo compatíveis com a Fé, mas devem ser tidas como virtudes a imitar.

(...)

Os exemplos podiam continuar, mas os que se deram são suficientes para perceber que nenhum destes graves males poderia entrar em vigor sem a cumplicidade dos políticos católicos que dividiram e desuniram profundamente a Igreja, incutiram a confusão no povo crente, açaimaram os Bispos, semearam o erro, produziram heresias morais, existenciais. Estas, como explica Stanley Jaki, são mais danosas e têm mais graves consequências do que as intelectuais. Isto nada tem a ver com moralismo, muito pelo contrário, tem antes a ver com a identidade do Cristianismo, com a verdadeira relação com Jesus Cristo, com a Comunhão com a Igreja, com a Fé que opera pela Justiça e pela Caridade.

Nunca os inimigos de Deus e do género humano teriam conseguido alcançar estes objectivos, em Portugal, sem a traição e infidelidade dos políticos católicos, uma vez que seriam imediatamente reconhecidos como tais, sendo logo combatidos e rebatidos. Fomos infiltrados, enganados e derrotados. Eu não sei se essa malta católica pertence à maçonaria, mas sei que a sua forma de pensar e de actuar é típica dessa associação secreta.

Nós não temos necessidade alguma de políticos católicos, temos é que nos livrar deles, e o mais depressa possível. O que precisamos, isso sim é de Católicos fiéis que sejam políticos, e urgentemente. O Católico não é adjectivo, é substantivo, o político é que adjectiva o católico. O Católico está primeiro, é a base, a substância, o fundamento, a identidade que depois se desdobra coerentemente na política.


E é claro que irei rezar a ladainha proposta pelo Senhor Padre Serras Pereira. Sugiro que os meus leitores façam o mesmo. Mal não trará, de certeza absoluta!

domingo, maio 24, 2009

Breves - 22

- Confesso que não fazia má impressão da pessoa de Paulo Rangel; porém, a recente entrevista por ele concedida retirou-me quaisquer ilusões que pudesse ter acerca da sua pessoa. Nesta, revela-se um vulgar oportunista político, afirmando não o que pensa e sente, mas tão-só aquilo que supõe ser politicamente correcto declarar perante a chamada opinião pública. Isto para além de demonstrar ignorância crassa sobre os deveres dos católicos na política e de manifestar absoluto desconhecimento de um documento de importância fulcral como o é a "Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao empenhamento e comportamento dos católicos na vida política", aprovado pelo Papa João Paulo II, no ano de 2002. Assim como que a modos de um Joseph Biden lusitano. Graças a Deus que em Portugal ainda existe um sacerdote católico corajoso, que logo chamou à razão o autor de tão escandalosa entrevista. Bem-haja o Padre Nuno Serras Pereira, que sozinho faz mais pela defesa da doutrina católica do que toda a Conferência Episcopal Portuguesa em conjunto!

Quanto ao Partido Social Democrata, pelo qual Paulo Rangel se apresenta às eleições europeias, parece ter descoberto com este candidato, na disputa da terra de ninguém que é o centro político, o anticatolicismo contemporâneo bem pensante, supondo que com tal postura atrairá eleitorado proveniente do Partido Socialista e até do Bloco de Esquerda. Puro delírio! Desta maneira, o PSD caminhará antes a passos largos para a total extinção, se continuar a defender a tese de que é ao centro-esquerda que se ganham as eleições, se insistir em ser uma pálida imitação do PS, pois na medida em que o eleitor prefere sempre o produto original às imitações, nessa área ideológica o PS terá sempre vantagem face ao PSD. Não está mal apanhada a coisa, para um partido que diz pertencer à família da democracia cristã europeia…

Na verdade, sem uma matriz doutrinária bem definida, ao sabor dos ventos das modas ideológicas, o PSD não passa de um sindicato de interesses oportunistas que só pensam em gozar tanto quanto possam a coisa pública em proveito privado, de forma em tudo idêntica à do PS. Ora, os católicos tradicionais, bem como a direita dos valores, não podem ter nada a ver com esta enorme falta de moral de uma agremiação que já não hesita em atacar abertamente o magistério ordinário constante da Igreja, a propósito de matérias como a anticoncepção artificial, o emparelhamento de homossexuais ou a ordenação de mulheres.

- Das grandes manifestações de fé pública ocorridas no passado fim-de-semana em Lisboa e Almada, por ocasião da comemoração do cinquentenário da inauguração do Monumento de Cristo-Rei já falaram com muita propriedade os meus amigos João Marchante e Afonso Miguel. Pela minha parte, deploro apenas a lamentável nota pastoral redigida pelo episcopado português a propósito de tão magna ocasião. Os nossos bispos, em vez de aproveitarem a excelente ocasião que se lhes proporcionava para reafirmarem publicamente a Realeza Social de Cristo ou, ao menos, sublinharem a necessidade imperiosa de a sociedade portuguesa continuar a ser ordenada e enformada segundo uma matriz eminentemente cristã, optaram por redigir um documento imbuído do pior espírito de ruptura pós-conciliar, fazendo a apologia de um laicismo positivo que é a mais total negação do Reinado de Cristo.

Pergunto eu: laicismo positivo, mas que é isso? Conceito desconhecido para o Beato Pio IX, Leão XIII, São Pio X ou Pio XI que condenaram o laicismo sem mais, não diferenciando nele o positivo do negativo. Laicismo positivo? Será aquele que facilita ao máximo a dissolução do casamento pelo divórcio, que descriminaliza o aborto a simples pedido, que distribui livremente pelas escolas preservativos e a pílula do dia seguinte, e que proximamente consagrará os emparelhamentos de homossexuais e a eutanásia? Mas, afinal, quando é que os bispos portugueses ganharão juízo e passarão a assumir um discurso efectivo de bispos católicos? Quando?!

- Com respeito ao laicismo, é lamentável que haja quem continue a bramar a necessidade de separação entre a lei religiosa e a lei civil, abanando o espectro do fundamentalismo islâmico e a este associando com notória má fé os católicos tradicionais. Desconhecem os analfabetos que assim procedem, ainda que porventura travestidos de títulos de doutores da mula ruça, que a cidade cristã da civilização ocidental nunca foi uma teocracia e que nela sempre imperou a separação entre a lei religiosa e a lei civil. Bem distinto é o curto-circuito que tais energúmenos pretendem provocar, sob a aparência de defenderem a dita separação: de facto, eles visam antes a cisão entre a lei natural e a lei positiva, com o consequentemente consagrar da soberania ilimitada da vontade humana, desiderato máximo de um outro fundamentalismo - o ateísta - que foi o primeiro e principal responsável por todas as barbáries totalitárias ocorridas ao longo do século XX.

- Leio as notícias sobre a publicação, na Irlanda, do relatório da comissão que investigou os abusos sexuais sobre menores cometidos por membros da Igreja Católica. Como fiel católico, causa-me profunda impressão que tais pessoas, que pelo seu especialíssimo estatuto deveriam ser exemplos de piedade e santidade, tenham conseguido descer até ao nível mais abjecto do escândalo. Estou também consciente de que os imbecis do costume vão aproveitar mais esta ocasião para propulsionarem a sua fúria anticatólica. Para eles, a culpa destes acontecimentos é do celibato sacerdotal e da moral sexual católica, que reputam de desumana por inexequível. Para mim, ela reside antes na perda do sentido do pecado ocorrida em muitos destes sacerdotes e religiosos católicos durante todo o século XX, fruto notório da propagação das teses da nova teologia progressista entre os mesmos. Com os resultados à vista de todos…

- Foi-me solicitada a sua divulgação pelo responsável do projecto e faço-o com muita gosto: aí está o Pope2You, o novo sítio do Vaticano especialmente dirigido aos jovens e destinado à difusão da mensagem do Papa nos novos fóruns da Internet.

segunda-feira, maio 18, 2009

O Triunfo do Imaculado Coração de Maria


Não poderia deixar de assinalar o notável discurso que o Papa proferiu, no passado dia 13 de Maio, em Belém, durante a sua peregrinação à Terra Santa. Acredito com firmeza de que Bento XVI está perfeitamente convicto de qual o rumo que tem de seguir.

Eis pois uma excelente ocasião de os fiéis católicos tradicionais rezarem pelas intenções do Santo Padre, nomeadamente através da sua adesão à Cruzada de Rosários pela Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, lançada pela Fraternidade Sacerdotal de São Pio X e a prosseguir até 25 de Março de 2010. Ler os seus pormenores aqui e aqui.

domingo, maio 17, 2009

"O Senhor do Mundo", de Robert Hugh Benson


Terminei a releitura de "Lord of the World", de Robert Hugh Benson. O autor é um sacerdote católico pertencente à brilhante plêiade de ingleses, na qual se integravam John Henry Newman, Gilbert K. Chesterton ou Hilaire Belloc, que, em finais do século XIX, começos do século XX, se converteram ao catolicismo provenientes do anglicanismo.

Escrito em 1907, "Lord of the World" é um romance premonitório e de antecipação, que em muitos pontos ombreia com o "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", de George Orwell, ou o "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. Nele o autor dá-nos a sua visão do mundo num futuro distante cerca de cem anos, ou seja, correspondente aos dias que vivemos. E pode-se dizer que acerta profeticamente no alvo.

Os primeiros anos do século XXI da distopia de Robert Hugh Benson trazem-nos uma sociedade ocidental dominada por uma ideologia humanitarista de cariz jacobino e marxista, onde a cultura da morte impera - a eutanásia é aplicada de modo amplo e irrestrito - e o catolicismo é tolerado no limiar da perseguição. Apenas na Irlanda e na cidade de Roma, esta regressada ao controlo do poder temporal do Papa, tal não sucede. O mundo vive pendente de um conflito Ocidente/Oriente - o Ocidente, composto pelos Estados Unidos e a Europa; o Oriente, o autor subentende tratar-se da Rússia, da China e da Índia.

É neste contexto que surge a pessoa de Julian Felsenburgh: jovem político norte-americano com cerca de trinta e três anos, que após uma meteórica carreira política o ter elevado às mais altas posições públicas do seu país, muito por força do estranho magnetismo que exerce sobre as multidões, consegue solucionar o conflito Ocidente/Oriente, estabelecer a paz universal e tornar-se Presidente do Mundo unificado. Massas ululantes aclamam-no histericamente pelas principais cidades da América e Europa - Nova Iorque, Moscovo, Berlim, Paris, Londres.

Felsenburgh, actuando como Presidente do Mundo, funda uma nova religião humanitária de adoração do homem em abstracto, a qual paulatinamente vai resvalando para a auto-adoração da sua pessoa. A adesão ao novo culto é compulsiva. O conflito estala com o que resta da Igreja Católica. Instaura-se a perseguição e o assassinato generalizado dos católicos. Roma é arrasada num pavoroso bombardeamento aéreo, no qual perece o Papa João XXIV e a quase totalidade do colégio cardinalício. A Presidência do Mundo parece ter o seu triunfo, o qual, todavia, não prevalece durante muito tempo…

Fugidos para a Terra Santa, os dois cardeais sobreviventes do bombardeamento romano (os Cardeais-Eleitores de Inglaterra e da Alemanha) reunidos num conclave improvisado realizado em Nazaré, no qual participa também o Patriarca de Jerusalém, elegem Papa o inglês Percy Franklin, sob o nome de Silvestre III.

Silvestre III inicia imediatamente a reorganização da Igreja pelo mundo inteiro, agora escondida de novo nas catacumbas. Tal notícia provoca enorme fúria a Felsenburgh, o qual supunha haver erradicado definitivamente a "praga" católica. Sabendo que o Papa permanece em Nazaré, ordena a destruição de tal localidade, mediante um novo bombardeamento aéreo. E quando tudo parece perdido para a causa da Igreja, eis que no céu…

Ignoro se "Lord of the World" foi alguma vez vertido para português; mas compreendo perfeitamente por que razão o seu tradutor para espanhol foi o Padre Leonardo Castellani - a Providência tem destas coisas.

segunda-feira, maio 11, 2009

¿"Milenio" o tiempo de paz?

El original se encuentra en la bitácora La Honda de David.

La promesa de la Santísima Virgen de Fátima para una vez efectuada la consagración de Rusia en la forma ordenada -esto es, por el Papa y todos los Obispos del mundo, en un mismo instante, haciendo mención explícita de Rusia- es la que le será dado al mundo "un cierto tiempo de paz" (amén de la conversión de Rusia).
¿Qué es exactamente ese tiempo de paz? ¿Tiene ese tiempo de paz algún paralelo en las Escrituras? ¿El tiempo de paz puede asimilarse a lo que se ha dado en llamar el "milenio"? Es lo que procuraremos desentrañar en esta nota.
No puede caber ninguna que cuando se habla de un "tiempo de paz" el mismo no puede revestir el significado de una simple época con ausencia de conflictos armados. Y esto porque las guerras son una consecuencia del pecado, del alejamiento de Dios. Por tanto cuando el Cielo refiere a la "paz", ésta no es la que entiende el mundo -"cuando digan paz y seguridad de repente vendrá sobre ellos la ruina" (1 Tes. 5, 3)- sino que presupone la paz de las conciencias.
Por otro lado, hace casi cincuenta años que la Cristiandad está en estado de apostasía, la cual no es posible que sea "una crisis más" de las tantas que ha tenido que sufrir la Iglesia, máxime cuando la misma ha invadido el Santuario: "Vete, mide el Templo de Dios y el altar, y haz el censo de los que vienen a adorar. No midas el patio exterior ni lo tomes en cuenta, pues ha sido entregado a los paganos, quienes pisotearán la Ciudad Santa durante cuarenta y dos meses" (meses que a mi juicio no deben tomarse en forma literal sino como tipo de tiempo de persecución) (Ap. 11, 1-2).
Y la apostasía es inseparable del “misterio de iniquidad” que "ya estaba actuando" en tiempos de Juan (1 Juan 2, 18-29).
Así es que no pueden quedar dudas en cuanto a que el "tiempo de paz" es de alcance escatológico, y como dice el Catecismo de la Iglesia católica (versión de Juan Pablo II):

"677 La Iglesia sólo entrará en la gloria del Reino a través de esta última Pascua en la que seguirá a su Señor en su muerte y su Resurrección. El Reino no se realizará, por tanto, mediante un triunfo histórico de la Iglesia en forma de un proceso creciente, sino por una victoria de Dios sobre el último desencadenamiento del mal que hará descender desde el Cielo a su Esposa. El triunfo de Dios sobre la rebelión del mal tomará la forma de Juicio final después de la última sacudida cósmica de este mundo que pasa".

Llegados a este punto debemos buscar si existe un paralelo de ese tiempo de paz en las Escrituras (no olvidemos que la promesa de Fátima se enmarca en lo que es una "revelación privada" aunque ciertamente aprobada y avalada desde la más alta jerarquía de la Iglesia) y efectivamente encontramos muchísimos pasajes que no pueden entenderse sino de una época futura. Para no cansar al lector citaremos dos que nos parecieron ilustrativos:

“El Señor juzgará a las gentes Y dictará sus leyes a numerosos pueblos, y de sus espadas harán rejas de arado y de sus lanzas, hoces. No alzarán las espadas gente contra gente, ni se ejercitarán para la guerra…” (Is. 2,4)
“He aquí que yo creo cielos nuevos y tierra nueva, y no serán recordados los primeros ni vendrán a la memoria; antes habrá gozo y regocijo por siempre jamás por lo que voy a crear. Me regocijaré por Jerusalén y me alegraré por mi pueblo, sin que se oiga ahí jamás lloro ni quejido. No habrá allí niño que viva pocos días ni viejo que no llene sus días, pues morir joven será morir a los cien años y el que no alcance los cien años será maldito. Edificarán casas y las habitarán, plantarán viñas y comerán sus frutos. No edificarán para que otro habite, no ablandarán para que otro coma, pues cuanto vive un árbol vivirá mi pueblo y mis elegidos disfrutarán del trabajo de sus manos. No se fatigarán en vano ni tendrán hijos por sobresalto, pues serán raza bendita de Yavéh ellos y sus retoños con ellos; el lobo y el cordero pacerán lado a lado y el león comerá paja con el buey, la serpiente se alimentará de polvo; no habrá daño ni destrucción en mi monte santo, porque la tierra estará llena del conocimiento del amor de Dios como una invasión de las aguas del mar, dice Yavéh” (Is. 65, 17).


Ahora bien, la derrota de los poderes anticristianos se dará por intervención directa de Dios:

“Y vi el cielo abierto; y he aquí un caballo blanco, y el que lo montaba era llamado Fiel, el Verdadero, el que con justicia juzga y hace la guerra. Sus ojos, como llamas de fuego; sobre su cabeza lleva muchas diademas, y tiene un nombre escrito que nadie conoce sino Él. Iba envuelto en un manto salpicado de sangre y es llamado por nombre el Verbo de Dios. Y las huestes del cielo le seguían montadas en caballos blancos y vestido de finísimo lino blanco y nítido. De la boca de Él sale una espada filosa con que herir a las naciones; él las regirá con vara de hierro, y él pisa el lagar del vino del furor de la ira de Dios Omnipotente; y sobre su muslo lleva escrito un nombre: Rey de reyes y Señor de señores...” (Ap. 19, 11).

Y también:

“Y vi a la bestia (el Anticristo) y a los reyes de la tierra reunidos para dar la batalla al que iba montado en el caballo blanco y a sus huestes. Y fue agarrada la bestia y con ella el falso profeta que en su presencia había obrado los prodigios con que había embaucado a los que recibieron la marca de la bestia y habían adorado su imagen. Y ambos fueron arrojados vivos al estanque de fuego y azufre.” (19, 19-20).

Con este aserto, ¿estamos afiliándonos a la tesis "milenarista"? En las "consideraciones sobre la escatología" hacíamos una distinción entre el “juicio de las naciones” y la Segunda Venida, no obstante nos sentimos en la obligación de precisar este aspecto atento a alguna evolución que hemos tenido al respecto.
Veamos lo que dice el enigmático pasaje de Ap. 20:

(1)Vi a un ángel que descendía del cielo, con la llave del abismo, y una gran cadena en la mano. (2)Y prendió al dragón, la serpiente antigua, que es el diablo y Satanás, y lo ató por mil años; (3)y lo arrojó al abismo, y lo encerró, y puso su sello sobre él, para que no engañase más a las naciones, hasta que fuesen cumplidos mil años; y después de esto debe ser desatado por un poco de tiempo. (4)Y vi tronos, y se sentaron sobre ellos los que recibieron facultad de juzgar; y vi las almas de los decapitados por causa del testimonio de Jesús y por la palabra de Dios, los que no habían adorado a la bestia ni a su imagen, y que no recibieron la marca en sus frentes ni en sus manos; y vivieron y reinaron con Cristo mil años. Pero los otros muertos no volvieron a vivir hasta que se cumplieron mil años. (5)Esta es la primera resurrección. (6)Bienaventurado y santo el que tiene parte en la primera resurrección; la segunda muerte no tiene potestad sobre éstos, sino que serán sacerdotes de Dios y de Cristo, y reinarán con él mil años. (7)Cuando los mil años se cumplan, Satanás será suelto de su prisión, (8)y saldrá a engañar a las naciones que están en los cuatro ángulos de la tierra, a Gog y a Magog, a fin de reunirlos para la batalla; el número de los cuales es como la arena del mar. (9)Y subieron sobre la anchura de la tierra, y rodearon el campamento de los santos y la ciudad amada; y de Dios descendió fuego de cielo, y los consumió. (10)Y el diablo que los engañaba fue lanzado en el lago de fuego y azufre, donde estaban la bestia y el falso profeta; y serán atormentados día y noche por los siglos de los siglos.

Repasemos la tesis "alegórica" desarrollada por San Agustín y luego adoptada por la mayoría de los intérpretes: el “milenio” es el tiempo de la Iglesia desde la Ascensión hasta la Segunda Venida, la "primera resurrección" es la de los que murieron en estado de gracia y que en espera de la resurrección de los cuerpos ya reinan con Cristo en el Cielo. Los "demás muertos" en esta interpretación son aquellas almas que habrán de participar de la "segunda resurreción" o resurrección final.
Y ahora hagamos lo mismo con la tesis del "milenismo espiritual": el "milenio" se inicia con la Venida de Cristo, quien trae consigo a los suyos (los justos que resucitan en la "primera resurrección") a los que se suman los santos que quedan en la tierra los cuales son "arrebatados al encuentro del Señor" (1Tes. 4, 16-17). Hay un remanente que queda en la tierra para el reino milenario, que son los llamados “viadores”, los cuales a su tiempo mueren. Los "demás muertos no volvieron a vivir hasta que se cumplieron mil años", esto es, en la “segunda resurrección” o resurrección final.
Ahora bien, Jesús se pregunta:

“cuándo venga el Hijo del Hombre ¿encontrará fe en la tierra?" (Lc. 18, 8)

Lo cual dicho de otro modo y sin retórica implica que Cristo vendrá en un momento de apostasía general y no en un tiempo en el que “todos conocerán al Señor” (Jer. 31, 34).
Y es igualmente cierto que los "mil años" se terminan con el asalto de “Gog y Magog”, el cual es al mismo tiempo un asalto a la Iglesia y a la Tierra Santa (léanse los capítulos de Ezequiel 38 y 39). ¿Pero acaso el tiempo de paz no es un triunfo definido y categórico en el cual no habrá más guerras? Si. Y no sólo eso sino que es a partir de la guerra no simbólica sino real (puesto que a su finalización se "quemarán las armas" -Ez. 39, 9-) contra la tierra de Israel que los hebreos se convertirán a Cristo: “Entonces y para siempre la casa de Israel sabrá que yo soy Yavé, su Dios” (Ez. 39, 22). Ergo, esto no puede entenderse de una guerra al final del por así decirlo “milenio de los milenistas” donde supuestamente todos los pueblos ya se encuentran convertidos al Señor y no se usan armas.
¿Qué significa entonces "vivir y reinar con Cristo mil años"? La salvación del alma (por eso se dice que a ésta no le alcanza la "segunda muerte" que es la condenación eterna), ya sea durante la llamada "era de la Iglesia" (desde la Ascensión hasta un tiempo poco antes de la Segunda Venida) y esto para los "decapitados por causa del testimonio de Jesús" o bien durante la llamada "era de paz" (desde la Segunda Venida -juicio de vivos- hasta el juicio final) y esto para los que "no adoraron a la bestia ni a su imagen" (poderes ante-cristos). Los versículos 1 a 3 y 7 a 9 corresponden a la primera era y los versículos 4 a 6, según de qué "alma" se trate, a una era como a la otra.
Así pues, debemos descartar un milenarismo literal (que anticipa la resurrección de los muertos), pero afirmar un Reinado de Cristo sobre las naciones posterior a su "Venida" (porque Cristo le llama así a su intervención para castigar a las naciones y traer la paz al mundo) y anterior al juicio final o resurrección final. Si algunos pasajes de las Escrituras parecen hacer coincidir ambos eventos se debe simplemente a que Cristo no quiso desvirtuar el propósito principal de nuestro "velar y orar" que es el de estar prontos en todo tiempo para comparecer ante El a fin de ser dignos de alcanzar la salvación eterna y no tanto de ser partícipes de su Reino en la tierra por más que esto último pueda significar una prenda de la salvación por el grado de santidad que se experimentará en él.
Resumiendo: tenemos una única Segunda Venida dividida en dos fases: un juicio de vivos y un juicio de muertos separados por un tiempo de paz que no es el "milenio" tal como lo entienden los "milenistas", pero ciertamente es el Reino de los Corazones de Jesús y de María.

LHD

(RCS)

quinta-feira, maio 07, 2009

Dois Estados irremovivelmente independentes; duas Nações fraternalmente solidárias


Na sequência de um comentário feito pelo amigo "In diebus illis", a propósito da canonização de São Frei Nuno de Santa Maria, deparei providencialmente com o texto que abaixo transcrevo. Há uns dias que matutava publicá-lo. O notável artigo que o Rafael escreveu sobre a mesma questão, impeliu-me a concretizar tal desejo. Aqui fica, pois, o texto em causa:

Portugal e Espanha são obrigados a viver paredes meias na Península; a boa ou má vizinhança favorece-os ou prejudica-os a ambos. Muitas vezes em oito séculos de vida Portugal lutou contra a Espanha ou contra Estados espanhóis, para manter ou consolidar a sua independência; muitas vezes também lutou a seu lado contra terceiros. Este traço é característico e resume a em si a História das relações peninsulares: dois Estados irremovivelmente independentes; duas nações fraternalmente solidárias. Não sei porquê, mas a liberdade e a independência da Espanha parecem ser postulado da política portuguesa; e na última crise mais uma vez se fez ouvir a voz da História e Portugal se manteve fiel à tradição. (…)

Em todos os domínios onde era livre a nossa acção ajudámos no que pudemos o nacionalismo espanhol e a civilização cristã (…) arrostando com más vontades, ameaças e perigos; umas vezes acompanhados, algumas vezes sós e guiados apenas por mais exacto conhecimento das situações e mais clara visão dos interesses da Europa ocidental, que através de tudo pretendíamos defender; sem cansaço, sem desânimo, sem cálculo, fomos desde a primeira hora o que deveríamos ter sido - amigos fiéis da Espanha, no fundo peninsulares. Despendemos esforços, perdemos vidas, corremos riscos, compartilhámos sofrimentos; e não temos nada a pedir nem contas a apresentar. Vencemos - eis tudo.


Salazar - discurso de 22 de Maio de 1939, citado por Mendo Castro Henriques e Gonçalo de Sampaio Mello, in "Salazar - Pensamento e Doutrina Política - Textos Antológicos", Lisboa e São Paulo, Verbo, 2007, páginas 350 e 351.

segunda-feira, maio 04, 2009

San Nuno Alvares Pereira (carta abierta a R)

Querido R (In diebus illis):

He visto tus comentarios al texto de Monseñor Francisco Rendeiro sobre el nuevo Santo, Nuno Alvares Pereira, que mi hermano en la Fe y amigo JSarto reproduce en esta bitácora. Y permíteme que esté en desacuerdo contigo y te explique por qué.
Me parece que estás algo desenfocado con respecto a Aljubarrota. Aunque ahora entremos en detalles quiero recordarte que la Providencia selló este dualismo hispánico no sólo en Aljubarrota, sino también en Toro. La derrota del expansionismo castellano hacia Portugal tuvo el contrapunto de tener que ser derrotado el expansionismo portugués hacia Castilla.
Quisiera compartir contigo algunas consideraciones para aclararnos todos mejor y para aportar un granito de arena que, ojalá, sirva para mejorar las relaciones portugueso-españolas.

Unidad hispánica de partida
Es verdad, innegable, que hubo un interés de todos los Reyes de los distintos Reinos de la Reconquista, incluído el de León (o este más que todos los demás incluso), de reclamar la antigua legitimidad visigótica, la unidad hispánica, de la cual los portugueses también forman parte.
Admito que en algunos manuales, portugueses y algunos hoy día gallegos, se hace demasiada apología de los suevos para intentar buscar la diferencia donde no existe. Y sin embargo nadie habla de la herencia sueva más importante: la creación en Galicia del primer señorío católico de las Españas, que luego llegara a convertirse en seña de identidad ineludible de todos los Reinos españoles y de todas las Españas, y donde la abjuración del arrianismo por parte de los germanos antecede en 40 años a la de Recaredo en Toledo. Y, por cierto, un reino suevo que abarcaba por el 440 a la Bética y la Cartaginense. Lee el segundo capítulo de la obra conjunta de Elías de Tejada y Gabriela Pércopo titulada “El Reino de Galicia”. Ni lusitanos ni suevos justifican, de por sí, la independencia portuguesa.
El Profesor José Orlandis ha demostrado a lo largo de toda su obra la importancia de los visigodos y el hecho es incuestionable: Hubo un tiempo en que toda la Península Ibérica estaba sometida a la misma Ley (el Fuero Juzgo y la Lex Visigothorum) y a la misma Corona. Lo demás, bien lo sabemos, son especulaciones vacuas hechas para uso y disfrute de estos pseudohistoriadores con almas de político. Como es innegable que entre España y Portugal no existen fronteras naturales obvias, como mucho algún tramo de algún río y poco más, que bien poco separan. Un breve texto desapasionado, como el de Stanley Payne, de historia de Portugal, te confirmaría todo esto.
Dicho esto hay que analizar con detenimiento, y creo que los mejores han sido António Sardinha y Francisco Elías de Tejada –uno a cada lado no de la frontera, pero sí de la raya- el nacimiento de Portugal.

Nacimiento de Portugal como nación
Si sigues a estos autores te percatarás que Portugal fue la primera nación de Occidente (ya que las Españas de los visigodos fueron volatilizadas por la invasión musulmana) en configurarse como tal. A fecha de 1383 Portugal había dado ya muestras repetidas y evidentes que quería configurarse como nación. Aljubarrota sólo sella lo que ya existe: un Portugal independiente.
Es verdad, como reconocen insignes figuras como Alexandre Herculano, Oliveira Martins, Teophilo Braga, Carolina Michaëlis de Vasconcelos y otros, que hubo algo de fortuito y casual en el nacimiento de la Patria portuguesa. ¿Crees que la Providencia deja algo al azar? Yo, como católico, sé que no. Por eso, ¿qué pasa para que entre la batalla de Sao Mamede de 1128 y la de Aljubarrota en 1385 la Providencia selle a Portugal como nación distinta y separada del resto de las Españas que, siguiendo la tendencia natural, acaban confluyendo?
La independencia que tiene que ver con la historia, con lo jurídico (una interpretación “a la francesa” de la legislación Justiniano, de tinte electivo que luego otorga poderes cuasiabsolutos al Monarca) y con los designios de Dios; no con los burdos caracteres físicos y positivistas que la historiografía moderna nos presenta. Portugal, a diferencia de otras naciones, “nace de su monarquía en vez de cuajar en ella; fue poder antes que realidad sociológica”, como nos explica Elías de Tejada.
En este sentido decisionista cabe entender a Afonso Henriques, y el nacimiento de Portugal como nación, y a lo que se puede objetivamente entender como deslealtad hacia el Rey de León. De todas maneras, deslealtad o no, ésta es luego sancionada por el Rey de León en medio de otras vicisitudes, así que sea como fuere, aquello fue legitimado y nada hay que decir. No se puede negar habilidad política y guerrillera (no sé tanto si guerrera) a Afonso Henriques; menos aún deseo de ser Rey y, por tanto, de que Portugal fuera Reino propio y distinto.

San Nuño de Santa María
Pero yo, R, te quiero explicar que Nuno Alvares Pereira, el Santo Condestable, quien tomase por nombre de religión el de Nuño de Santa María, es esa figura que consagra todo esto, porque toda nación necesita un Santo fundador, y éste es para Portugal San Nuño de Santa María. Y ya era hora de que a este Santo Varón de vida ejemplar le canonizaran.
“Curiosamente” el Santo Condestable es canonizado en la Festividad de San Isidoro, el 26 de Abril. San Isidoro, sí, el Santo Fundador de España. Uno portugués, otro español: los dos hispanos. ¿No te parece incluso providencial y nada casual que la Voluntad Divina haya dispuesto que San Nuno Alvares Pereira fuera a ser canonizado el mismo día de la Festividad de San Isidoro? ¿Has reparado en el mensaje profundo que la Providencia envía a los súbditos de ambos lados de la raya con este pequeño detalle?
Acerca de cómo eran aquellas relaciones entre naciones católicas, por desavenidas que éstas pudieran ser en un momento dado, te quiero plantear una pregunta: ¿cómo es posible ver con claves de este nacionalismo moderno, espúreo, pútrido, romántico, ilustrado, iluminado y hasta iluminista, que el Regente del derrotado Reino de Castilla en Aljubarrota sea nada menos que un Arzobispo portugués, el de Toledo, Don Pedro Tenorio –natural de el Algarbe-? Evidentemente no hubo ni podía haber un sentimiento tan encontrado entre ambas patrias como el moderno nacionalismo, en especial la versión lusa, pretende.
Cuando quiera que en medio de las reyertas el enemigo común amenazaba, se dejaban de lado las diferencias. Esto fue siempre así durante la Reconquista y hasta hemos tenido un episodio reciente durante la Cruzada de 1936, cuando faltó tiempo a los voluntarios portugueses para ayudar a conjurar el peligro con que la hidra roja y atea amenazaba a España. ¿Te imaginas que no hubiera habido Portugal independiente en aquel momento crucial de nuestra historia?
Cómo no recordar, también, que el Santo Condestable quería llevar como escudo a Santiago, junto a San Jorge, pero a Santiago también. Porque Sant Yago es, precisamente, el Apóstol que nos dio la Fe a ambos pueblos. Y ambos debemos venerarle y respetarle como debe el discípulo respetar al Maestro que encima le enseñó lecciones de Salvación. Y el Santo Condestable se sabe deudor de Santiago, que tantas batallas ha ayudado a ganar frente al sarraceno y al que él siempre implora.

Hechos religiosos en la configuración de Portugal
Hay un factor configurador de Portugal que está en la génesis de su independencia, y este factor es de primer orden. Me refiero al Cluny, y al Cluny borgoñés a fuer de ser más específico … y don Enrique de Borgoña, claro está. Sobre ese sustrato inicial del Condado de Portugal añades ese Cluny de sabor borgoñés y tendrás el embrión de la nación portuguesa como tal. Primer dato que como católico te deberías plantear: el tema del Cluny como especificidad dentro de un señorío que es católico y quiere seguir siendo católico. Fíjate que hasta entonces los Reinos españoles, que intentan venir a ser todos uno, tienen como factor configurador lo benedictino y el Císter, que llegan por el Camino de Santiago. He aquí una diferencia aparentemente menor, pero significativa.
La independencia política de Portugal fue consolidada en Aljubarrota y consagrada a la Virgen María en el Monasterio de Batalha. La de España, a través de una Castilla todavía no unida a Aragón, en Toro y consagrada a Dios en los Reyes Nuevos, en Toledo. Esta última tendrá luego continuación a través de la Aparición del Sagrado Corazón al Padre Hoyos, su Promesa a España en la Basílica de Valladolid, y cristalizada en la Consagración de los Obispos españoles y el Rey al Sagrado Corazón. En esto se vuelve a ver más esta fecundidad del dualismo peninsular, donde lo portugués enfatiza –Fátima de por medio- el Inmaculado Corazón de María y lo español el Sagrado Corazón de Jesús. Y ambos, juntos, anticipan el Reinado de los Dos Corazones al que la Humanidad está abocada. Cuando se contempla todo esto, ¿se puede querer que seamos uno? Flaco favor le haríamos a los planes de Dios con semejante unidad.
Este dualismo hispánico es también mariano porque me atrevo a afirmar que las dos Apariciones marianas más grandes de la historia por su efecto y significado son las del Pilar y la de Fátima. Hace casi 2000 años una, la otra de ayer mismo, de 1917. Ambas en solares ibéricos. Ambas ratificadas y selladas con los dos milagros no eucarísticos más grandes de la historia, el del cojo de Calanda y la danza del sol, respectivamente. Ambas precediendo etapas de mártires (recuerdo siempre la Iglesia de los Innumerables Mártires de Zaragoza, por ejemplo), sean las persecuciones romanas o las persecuciones que ya se empiezan a palpar. Ambas precediendo, también, victorias decisivas. La primera la victoria de la Fe sobre el solar ibérico que no ha de quedarse ahí, sino que se expande –literalmente- sobre los cinco continentes. La segunda, nada menos, la victoria sobre el Anticristo, ya implícita en Fátima.
Los Reyes son designados de Dios e instrumentos predilectos del Altísimo en el gobierno de las naciones. ¿Te has preguntado las numerosas veces que ha habido intentos de unión dinástica para unión de los Reinos? Excluyamos a Felipe II, católico hasta la médula, por tanto respetuoso con la subsidiariedad y preservador hasta la saciedad de la independencia de Portugal, cosa que no se puede decir de su hijo Felipe III y muchísimo menos de su nieto Felipe IV. Hablo de las veces que ha habido esos acuerdos matrimoniales para unificar ambos Reinos. El epítome es la vida misma de Don Manuel I, que casa con dos hijas de los Reyes Católicos y con Leonor, hermana de Carlos I de España y V de Alemania. Las vicisitudes del Príncipe Miguel de la Paz, nacido en 1498, son la guinda de intentos siempre infructuosos de unificar ambas patrias. Y, sin embargo, ¡qué admiración la de la fecundidad de las Casas Reales de ambos lados de la raya! ¿Podremos olvidar que nuestra [Santa] Isabel la Católica era medio portuguesa?
Finalmente retomo el tema de Fátima. Porque Portugal es central, junto con Rusia, al mensaje de Fátima. Y España, en la continuación de Fátima que es Tuy, también aparece. Pero hay una promesa de la Santísima Virgen sobre la conservación del Dogma de la Fe en Portugal que es específica de Portugal. ¿No es esto una evidencia indirecta de la ratificación de la Santísima Virgen de que Portugal es distinto e independiente de España? ¿Iremos a contradecir a nuestra Santa Madre en esto?
Voy un punto más allá: ¿no podría ser, y los hechos así parecieran indicarlo, que en España se va a perder la Fe? Si así fuera, para que ésta se recuperara, debería permanecer firme e incólume en algún sitio. Este es Portugal. Y en este escencario, mucho me temo que bien plausible, Portugal salvará a España. ¿Qué habría sido de no permanecer Portugal independiente? Posiblemente la apostasía de todos.

Las lecciones del Santo Condestable
Hay que quedarse con varias virtudes, y todas ellas encomiables. La primera lección, sin duda, es la de su patriotismo, bien reflejada en el texto de Monseñor Francisco Rendeiro sobre Santo Nuño de Santa María. Y el patriotismo pertenece a la virtud de la Piedad. La Piedad hacia la Patria, que está esculpida en piedra en el Cuarto Mandamiento, y que obliga incluso más que la Piedad hacia la propia familia. San Nuño de Santa María sufrió a su propia familia, que mantenían rivalidades políticas, pero él nos dio ejemplo de estar con la Patria.
La segunda lección, conectada con la anterior, es lo que él regeneró a Portugal. Porque Portugal se encontraba en una pésima situación, como el XIV europeo en general. La decadencia de costumbres, quizás no tan pronunciada como en Castilla, era moneda de uso común en Portugal. El ejemplo de Fray Nuño de Santa María con sus oraciones, sus ayunos frecuentes, su vida frugal y su pureza contribuyó a regenerar las costumbres.
Cuando el Santo Condestable había conseguido a una joven edad los laureles de la gloria y de la victoria la pronta viudez le dejó desarbolado. Prefirió la viudez, la soledad y la castidad –no siempre fáciles, especialmente la primera-, que es un estado más perfecto que el de volverse a casar, legítimo siempre este último. Su pureza, rematada por el voto de castidad de la vida religiosa es todo un ejemplo en nuestros días de podredumbre sensual.
Nuno Alvares Pereira era hombre adinerado para sus tiempos, pero utilizó su fortuna en el fomento del bien común. Tras la victoria de Aljubarrota dio mucho dinero a los supervivientes de la misma. Financió la construcción de varias iglesias y monasterios mientras él vivía pobremente. De nuevo esto fue rematado por el voto de pobreza, que perfeccionó todo lo anterior. Más aún, atendía a los pobres con una solicitud realmente ejemplar. Pero en estos tiempos donde el hedonismo y el uso individual del dinero, con desprecio olímpico por el bien común, está tan instaurado, ¡qué noble ejemplo el del Santo Condestable!
No es fácil, humanamente hablando, que un hombre que ha sido la mano derecha del Rey y el Comandante de sus ejércitos (eso significa Condestable) se hiciera pequeño. Sin embargo Nuño, al entrar en la vida religiosa, escogió para sí el más humilde de los puestos dentro del Monasterio Carmelita en que entró, rechazando privilegio alguno pese a ser ya en vida un héroe para sus contemporáneos. Con una vivencia realmente heroica de la humildad allanaba así el camino de la obediencia, posiblemente el más difícil de los tres consejos evangélicos.
Fray Nuño de Santa María era un hombre de una grandísima devoción eucarística, que él siempre recibía cuanto le era posible. Su otra grande devoción, aparte del Santísimo Sacramento, era a la Virgen María. Se anticipa así a aspectos de la vida cristiana que han sido luego tremendamente subrayados por los Papas, incluso por nuestro actual Santo Padre, Benedicto XVI.
Verdaderamente Nuno Alvares Pereira, en su desprecio por todo lo mundano, en su Piedad, en su cumplimiento fiel de los tres consejos evangélicos, en su devoción a María y a la Santa Eucaristía, es un Santo terriblemente actual en nuestros días, tan mundanos ellos, tan promiscuos, tan soberbios, tan contrarios a la Santa Religión, tan laminadores de las patrias.

Algunas opiniones a tener en cuenta
Espigo aquí algunos textos de algunos autores que me parece debes ponderar antes de lamentarte por Aljubarrota. Aljubarrota fue bueno para Castilla y Toro fue bueno para Portugal. Manuel Múrias da en el clavo al afirmar que:

“Basta reparar que, libertando Portugal das hegemonias de Castela, ao mesmo tempo se definiam as circunstâncias em que haveriam de desenvolver-se a actividade de Portugal, alongando-se para o mar, e a de Castela, lançando as bases da Espanha futura.
Pensando bem, a vitória de Portugal em Aljubarrota corresponde ao triunfo da civilização — porque tão necessária era à civilização do Ocidente a independência de Portugal como a de Castela. Por isso é que, providencialmente, a fortuna das armas se inclinou no mesmo sentido civilizador, afinal, em Aljubarrota como em Toro.”

El Maestro António Sardinha, a quien tanto debo, afirmaba:

“Assim, por paradoxal que isso possa parecer, é exactamente na separação das duas pátrias que reside a sua unidade imortal. Olhemos para as páginas da história e sem demora se reconhecerá que o desastre de Toro consolidou a vitória de Aljubarrota!”

Conclusión
¿Portugal y España unidos? ¡Jamás!, debiera exclamar un católico. ¿Ir contra la Providencia, contra la historia, contra la Tradición …? No, gracias.
Que necesitamos coordinarnos y actuar como si fuéramos uno en materias de política exterior y de defensa, sin duda, como proponía Sardinha. Incluso más todavía, ¿una monarquía dual que preservase las identidades nacionales de ambas naciones? ¿Por qué no, siempre que eso permita acometer mejor la tarea metapolítica a la que estamos llamados?
Al menos esa última es la tesis de los hermanos de los acás y los allás, el Irmão de Cá y Fray Trabucaire, los del blog Sagrada Hispania. Y Dios les bendiga por esto, por seguir la estela que marcó Don Francisco Elías de Tejada.
Nosotros tenemos ya una hoja de ruta señalada: un Portugal y una España independientes, un dualismo hispánico inapelable, pero hermanados y conjuntados en la única tarea posible para nosotros. La de San Nuno Alvares Pereira y la de San Isidoro. La de Juan Vázquez de Mella y de António Sardinha.
Tarea única que no es otra que la misión que Dios nos dio a portugueses y españoles: defender la Fe y expandirla hasta los confines del mundo para hacer realidad encarnada a Cristo Rey. Hermanados y conjuntados porque la historia y la Tradición, que nos dieron diferencias, nos dan hasta el mismo solar ibérico y una historia parelela en victorias y castigos. No hay otra opción.
Lo demás, apartarnos de nuestra vocación, no es sino ruta inexorable hacia el desastre.
Espero, querido R, que estas consideraciones anteriores te hagan ver con ojos verdaderamente católicos, y quizás distintos a aquellos con que hiciste tus comentarios, la batalla de Aljubarrota y sus implicaciones. Las cortapisas nacionalistas de uno y otro lado no son sino una lacra inmensa; y mucho más a quienes por religión tenemos que ver la historia como el libro donde el plan de Dios se va escribiendo entre líneas.
Y en ese plan de Dios ya previó que la Hispania, o las Hispaniae –como prefieras-, tuvieran dos realidades concretas: Portugal y España. Gracias a Aljubarrota. Gracias a Toro.
Gracias a Dios.
Un cordial abrazo en Cristo Rey y María Reina,

Rafael Castela Santos