domingo, março 30, 2008

"Puros", Música e Livros

Segunda-feira passada, acordei com uma enorme boa disposição, uma graça ainda decorrente do Domingo de Páscoa, de certeza. Logo de manhã cedo, apeteceu-me ouvir o "Glória" de Vivaldi, e sentir o agradável odor de um "puro" Partagas - apesar de há muito ter deixado de fumar, continuo a guardar um bom lote deles num pote de porcelana da "Vista Alegre", conservando-os melhor do que em qualquer humidificador. Ao final do dia, uma agradabilíssima surpresa: recebo via postal um pacotão, expedido pela "Fundación Francisco Elias de Tejada", de Madrid, com a oferta de quatro livros no seu interior - três da autoria de Miguel Ayuso, e mais o essencial "La Tradición Portuguesa", do próprio Francisco Elias de Tejada. Parece que não fui o único a quem chegou um presente de tal quilate, e concordo com o "Corcunda" quando diz que é uma honra ter amigos como o Rafael. E para remate final, já que não fumei o "Partagas", aqui deixo à laia de comemoração o "Glória", de Vivaldi.

Harpias homicidas

quinta-feira, março 27, 2008

Cristo ressuscitou!



Canto gregoriano pelos monges beneditinos da Abadia de Saint-Wandrille, em França.

Um homem de imperecível memória


O influente “Rorate-Caeli” evoca em termos significativamente muito elogiosos a pessoa de Monsenhor Marcel Lefebvre, na passagem do décimo sétimo aniversário da sua morte. Com inteira justiça, relembra-nos que o actual vigor da Tradição Católica e da Santa Missa de rito latino-gregoriano se devem, acima de tudo, ao difícil combate travado pelo grande arcebispo francês, de imperecível memória, na última parte da sua vida.

Blogues da Tradição Católica

Meu caro Manuel, “A Casa de Sarto” nunca esteve sozinha na defesa da Tradição Católica, mas sempre bem acompanhada pelo seu "Sexo dos Anjos". É justo realçá-lo.

Sem prejuízo, a nova onda de blogues que se inspiram na tradição de sempre demonstra à saciedade mais uma virtude da blogosfera: com esta, “os católicos” sistematicamente referenciados e citados pelos órgãos de propaganda política disfarçados de meios de comunicação social cederam o seu lugar aos Católicos, que fazem agora ouvir a sua voz não mais silenciada. E isto custa muito aos monopolistas da opinião publicada, a “verdade” a que temos direito…

quarta-feira, março 26, 2008

Contra a comunhão na mão



Eis uma magnífica entrevista - em português - de Monsenhor Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar de Karaganda, no Cazaquistão, que com profunda sapiência e notável ortodoxia doutrinária censura um dos mais repugnantes abusos modernistas e progressistas do pós-V2 - a comunhão na mão -, demolindo a falácia herética de que tal prática retoma um antigo uso cristão dos primeiros séculos. Saliente-se Monsenhor Athanasius Schneider é autor do livro "Dominus Est", editado pela própria "Libreria Editrice Vaticana", no qual analisa criticamente o uso da comunhão na mão, e que foi prefaciado em termos muito elogiosos por Monsenhor Malcolm Ranjith.

Recorde-se ainda que a Igreja, desde muito cedo, interditou a prática da comunhão na mão, por ela ser vulgarmente utilizada entre hereges como modo de negação da Presença Real de Cristo nas espécies consagradas, e isto desde os arianos do século IV, passando pelos protestantes da pseudo-reforma do século XVI, até aos modernistas da actualidade. No ano de 1969, na sequência da turbulência revolucionária que a Igreja então sofria, o Papa Paulo VI, através da Instrução "Memoriale Domini", permitiu excepcionalmente a comunhão na mão, mas apenas nos países onde o abuso já se havia instalado depois do V-2 (Holanda, Bélgica, França e Alemanha), mantendo a forma de comunhão tradicional como regra nos restantes; porém, como muito do que foi sucedendo nesses anos, a regra rapidamente tornou-se excepção e a excepção regra, tudo por força da nefasta influência de um clero rebelde e completamente rendido aos erros do progressismo.

Uma nota final sobre um pequeno lapso do vídeo supra: o tratamento devido a um bispo é "Vossa Excelência Reverendíssima" e não "Vossa Excelência".

domingo, março 23, 2008

Domingo de Páscoa, Domingo de Triunfo


Domingo de Páscoa, Domingo de Triunfo; da Vida sobre a morte; da Liberdade sobre o pecado; do Bem sobre o mal; da Igreja sobre a sinagoga; de Cristo sobre o príncipe deste mundo.

Gazeta da Restauração em grande


Parabéns ao nosso amigo GdR, em grande no extraordinário "The New Liturgical Movement", com a publicação de um belíssimo conjunto de fotografias da Procissão de Sexta-Feira Santa, em Setúbal. Aos nossos leitores, especialmente os portugueses, convido-os a passarem por lá e aí deixarem os seus comentários, dando a conhecer ao mundo o estado deplorável em que os bispos portugueses insistem em manter a tradição católica no nosso País.

sexta-feira, março 21, 2008

Sobre Viernes Santo y el Pecado Original

En este día tremendo donde la contemplación de nuestros pecados contestada por el Amor de Dios hacia nosotros sin límites, Amor hasta la muerte, nos debería hacer caer de bruces, llenar nuestros ojos de lágrimas, nuestro corazón de dolor, nuestra alma de desgarros espirituales y nuestras gargantas suspiros inenarrables, Sor Ana Catalina Emmerich nos da una pista de la delicadeza de Dios.
El solo pensamiento, que hoy meditábamos durante el Via Crucis, de que si cada uno de nosotros hubiera sido el único pecador sobre la tierra, igualmente Cristo hubiera padecido todo lo que padeció para salvar el alma de cada uno nos hace recaer una responsabilidad máxima sobre nuestros pecados. Ojalá nunca, ni un solo momento siquiera, nos abandonara este sentimiento de deuda imperecedera hacia Nuestro Redentor.
Dios Nuestro Señor todo lo dispone para bien. Incluso el mal acaba por rendir su fruto en la Obra de Dios. Aquí, en esta capacidad sin par de sacar bien de mal, es donde se demuestra la Divina Omnipotencia.
Volvamos a Ana Catalina Emmerich, cuyas visiones han recibido no pocas aprobaciones episcopales y aún papales. Tuvo una confirmación en sus visiones la monja alemana acerca de la venerable tradición que ponía el sepulcro de nuestros primeros padres, Adán y Eva, en el mismo sitio del Calvario. Así la Sangre Redentora de Nuestro Salvador saldaba la deuda infinita –que sólo un Ser Infinito podía por tanto pagar- del Pecado Original. El manto de Sangre Redentora caía sobre el sepulcro del primer pecado.
Sobre nuestra primera madre, sobre la vieja Eva y sobre la decrepitud de su muerte, se alzaba la figura de Nuestra Señora de Dolores, la Santísima Virgen María, siempre joven y siempre atenta a la Voluntad de Dios y sorda a los deseos de la serpiente. Esa nueva Eva exenta de Pecado Original y Corredentora participaba de todos los tormentos de Su Hijo. ¡Quién me hubiera dado estar allí siquiera para consolar a nuestra Madre! En la visión de Sor Ana Catalina Emmerich la figura de María cobra más relieve. En ese momento de aparente derrota, de unión íntima de la Madre al Hijo en el sufrimiento del Calvario y la Cruz, no sólo el pecado es derrotado. La Muerte es derrotada y el viejo enemigo ya sabe que de modo ineludible la Mujer Virgen le va a aplastar la cabeza con su calcañal.
Hace unos años vi en Gran Bretaña un documental realizado por un arqueólogo protestante quien afirmaba que el Arca de la Alianza estaba también en el Gólgota, justo por debajo de donde crucificaron a Jesús. Si así fuera, de lo que no tengo otra comprobación, se cerraría el círculo: la primera revelación a nuestros primeros padres, la segunda revelación a Moisés cifrada en el Arca luego escondida por el Profeta Daniel y la tercera y definitiva Revelación de Cristo estarían alineadas y coronadas por la Cruz en ese lugar físico donde la historia de la humanidad alcanzó su clímax: la Santa Cruz de donde colgaba el Cuerpo de Dios Vivo hecho Verdadero Hombre por nuestra Redención.
Ma si non è vero è ben trovato.
¡Bendito seas por siempre, Señor, que hasta en el recuerdo amargo de tu Pasión acerbísima nos das esperanzas y lecciones inefables!

Rafael Castela Santos

Meditação para Sexta-Feira Santa

Puro Castellani


Em 1947, Jacques Maritain gozava o auge da sua glória mundana, na sequência da qual receberia a nomeação de embaixador de França junto da Santa Sé; ao invés, o Padre Leonardo Castellani atravessava uma das piores fases da sua vida, que culminaria na sua infame expulsão da Companhia de Jesus.

Ora, Castellani, que conhecia Maritain desde o começo dos anos 30, altura em que estudara na Sorbonne parisiense, e que o reencontraria anos mais tarde (1937) em Buenos Aires, cruzar-se-ia de novo com o autor de "Humanisme Integral" nesse ano de 1947, em Roma, aproveitando então para lhe dizer, olhos nos olhos, o que pensava do rumo que a obra deste último havia tomado. É curioso salientar como Castellani, numa única e simples frase, sintetiza lapidarmente tudo aquilo que levaria o Padre Júlio Meinvielle a travar uma intensa polémica com o mesmo Maritain ao longo de mais de uma década, iniciada durante a Guerra de Espanha, e que no seu auge envolveria também o Padre Garrigou-Lagrange, que vindo em socorro do francês acabaria por reconhecer que razão estava do lado do sacerdote portenho. O delicioso episódio que transcrevo de seguida, retiro-o da magnífica biografia de autoria de Sebastián Randle intitulada "Castellani, 1899-1949", publicada pelas "Ediciones Vórtice", da capital da Argentina. Desconheço se o autor tenciona escrever um segundo volume dedicado aos anos restantes de vida de Castellani (1950-1981), embora desejasse muito que isso sucedesse (o Rafael, que conhece Don Sebastián, talvez me possa esclarecer). Aqui fica, alertando apenas para o facto de que o Mejía nele referido, de quem Castellani rapidamente se apartaria, é o modernista Cardeal Jorge Mejía:

"Resulta que Maritain hacía una gran recepción en la embajada de Francia, siendo reciente su designación de embajador ante el Vaticano. Castellani le pidió a Mejía que lo acompañara y allá fueron los dos, una tarde la primavera romana de 1947. Al llegar a la embajada, vieron que se formaba una larga fila de a dos que presentaban sus respetos a Raíssa y Jacques, ambos muy formalmente vestidos para la ocasión. Cuando les tocó el turno a Castellani y a Mejía, Castellani le espetó a Maritain: "C'est dommage que vous êtes devenu un herétique..." (es una lástima que se nos ha vuelto hereje). Mejía pedía que se lo tragara la tierra. Se hizo un largo silencio en el que nadie atinó a decir nada...

Como se ve, puro Castellani, más loco que nunca."

Chapéus de coco e coroas


Debater se o presidente da república deve andar com a cabeça descoberta, coberta por um chapéu de coco ou uma coroa é discussão que os monárquicos devem evitar, pois não lhes fica bem compartilhar um núcleo fundamental de ideias - da idolatria da vontade popular ao concomitante desprez0 da soberania de Cristo - com o chefe dos pedreiros-livres. Por mim, que nunca militei nos velhos grupos monárquicos, e assim me poupei às figuras menos airosas feitas por muitos dos seus membros que tanto contribuíram para o descrédito da ideia de Monarquia em Portugal, prefiro compartilhar o destino da causa com a novíssima geração que surge agora no horizonte - e que em boa parte, um pouco por todo o mundo, é também uma das razões do grande vigor actual da tradição católica -, ademais de reflectir nas ideias propugnadas pelos grandes mestres de sempre, de São Tomás de Aquino até ao nosso António Sardinha.

Do progressismo que nunca foi progresso


El católico progressista habla de dimensión histórica del cristianismo, a fin de pervertir la historicidad de su origen en terrenismo de las metas. "Reino de Dios" en el léxico progresista, es el sinónimo de reino del hombre.

Nicolás Gómez Dávila

quinta-feira, março 20, 2008

Sobre Jueves Santo, Eucaristía, aborto y mi añorado amigo Frederick Wilhelmsen

Querido Fred:

Te echo de menos, querido amigo. Echo de menos esas largas, larguísimas, conversaciones telefónicas en tu Texas, esa parte de Nueva España que me robó el corazón. La distancia entre San Antonio y Dallas era infinita comparada con la distancia que mediaba entre nuestros corazones y nuestros comunes amores al Tomismo, la Cristiandad, la Hispanidad y a la España Eterna. También nuestros amores al Carlismo, a la subsidiariedad como base de toda política sostenible, amén de nuestra común simpatía por la Confederación. Y nuestras conversaciones sobre Voegelin, Donoso Cortés o sobre McLuhan, que tanto gustábamos.
Vente al Escorial de nuevo, como aquel mágico verano que nos vimos allí. ¡Cuánto lo añoro! Ese Escorial –con todo lo que ello significa- en el que tú y yo seguimos radicados.
Hoy me acuerdo de ti y estuve releyendo hasta muy altas horas de la noche uno de tus libros, el que me dedicaste en El Escorial: “El problema de Occidente y los cristianos”.
Te tengo presente, Fred, en mis oraciones. Bien lo sabes. En este día del Amor Fraterno es casi imposible no recordar tu defensa de la familia y tu afirmación de la vida virtuosa como clave de toda sociedad.
Que Dios te bendiga en el otro mundo. Me gustaría tomarme contigo un gin-tonic después de la Vigilia del Sábado Santo. Ojalá te dieran permiso allá para darte una vuelta por acá. Se te echa mucho de menos por estos lares.
Un fuerte abrazo, amigo mío … y ¡Viva Cristo Rey!

Rafael Castela Santos

“The empty womb stripped of its child by an abortionist is analogous to the empty altar stripped of its God by the theological abortionist –the man who either denies, or, what is more frequent, ignores or plays down the Real Presence of Our Lord Jesus Christ in the Sacrifice of the Mass and in the Blessed sacrament of the Altar.”

Frederick Wilhelmsen, Affirming the Truth

“In one supreme, ineffable thing, the Eucharist, the world is God.”

Frederick Wilhelmsen, Citizen of Rome

quinta-feira, março 13, 2008

Santa Sé não reconhece o Kosovo


A Santa Sé não tenciona reconhecer o Estado pirata do Kosovo. Sabendo-se a relevância que um reconhecimento diplomático por ela efectuado - ou a falta dele - tem no mundo das relações internacionais, esta é indubitavelmente uma excelente notícia, que já há-de ter feito ranger muitos dentes nos meandros de Washington, capital do Estado flibusteiro-mor que é a Ianquilândia, primeiro fautor da feitoria mafiosa kosovar em pleno coração da Europa!

quarta-feira, março 12, 2008

Tanatofilia

Reproducimos aquí este artículo del siempre formidable Aquilino Duque recientemente aparecido en El Manifiesto.

«Lo que hoy se entiende por “política social” no tiene nada que ver con lo que se llamaba “justicia social”, es decir, las justas reivindicaciones del trabajador explotado. Diluidas estas reivindicaciones en la sociedad sin clases de las democracias igualitarias, máxime en las que son los obreros los que, al menos en teoría, detentan el poder político, la economía pierde peso en la retórica revolucionaria a expensas de una cosa que llaman ética, cultura o progreso, según se encarte, y cuya finalidad no es llenar los estómagos, sino lavar los cerebros. La expresión lavage de cerveau (lavado de cerebro) vino a sustituir, en Francia al menos, a la expresión bourrage de crâne (relleno de cráneo), operación en la que rayaron a gran altura las “vanguardias del proletariado”, una de las cuales, la china, la llamaría nada menos que “revolución cultural”. Esa “revolución cultural” acabaría por imponerse en Occidente a partir del mayo francés de 1968 y hoy se imponen sus dogmas en nombre de la llamada “corrección política”. A tenor de la “corrección política” de esa “revolución cultural”, la “política social” se reduce a una cultura de la muerte, orientada a mantener a raya la demografía del planeta y a erradicar determinadas culturas; de ahí que la “política social” se cifre en el aborto, la eutanasia y el amor estéril. No señalo a nadie en particular. El Tribunal Constitucional de la República Federal de Alemania, cuya sede está o estaba en Karlsruhe, celebró el cincuentenario de su creación congratulándose de haber legalizado el aborto y hecho retirar el crucifijo de las escuelas.»

Aquilino Duque

(RCS)

domingo, março 09, 2008

Uma má entrevista de D. José Policarpo


No passado Sábado, dia 1 de Março, tive uma recaída em relação a um velho e mau hábito que julgava ter perdido em definitivo há alguns anos: comprei um jornal de fim-de-semana, mais concretamente "O Sol". Foi a primeira vez que adquiri tal pasquim, ao septuagésimo sétimo número que publica, e em má hora o fiz. Ademais de ter desperdiçado dois euros e meio numa folha que nada traz de novo ao medíocre panorama da imprensa nacional, limitando-se a repetir em traços gerais a linha editorial seguida pelo "Expresso" e "Público" - os jornais portugueses estão cada vez mais semelhantes aos da antiga União Soviética em falta de originalidade; à imagem do que sucedia com o "Pravda" e o "Izvestia", já quase só se distinguem pelo título -, sucedeu que a dita folha, logo no número em causa, publicou uma entrevista ao Cardeal-Patriarca de Lisboa, que passo agora a comentar.

Num trabalho conduzido pela jornalista Margarida Marante, D. José Policarpo surge ao leitor menos prevenido com uma aparência de bispo doutrinariamente ortodoxo, considerando o teor das respostas que dá àquela entrevistadora, nas quais - destaque-se - culpa a secularização hodierna pela quebra da natalidade e falta de vocações sacerdotais, e realça que na sociedade contemporânea dá muito trabalho ser cristão. Pura ilusão, porém, pois o entrevistado não consegue esconder o modernismo de que é notório apaniguado!

De facto, utilizando as palavras do próprio Patriarca de Lisboa, é de um simplismo confrangedor - mas muito conveniente para eclesiocratas alijarem as suas responsabilidades - imputar os males de que a Igreja Católica sofre na actualidade em exclusivo à secularização imperante no mundo moderno. Obviamente que tal secularização existe, imposta por forças poderosas - mais ou menos secretas, mais ou menos discretas - que o magistério papal nos dois séculos e meios anteriores ao Vaticano II denunciou sempre com vigor; todavia, a derrocada de que a Igreja foi vítima no último meio século, deveu-se antes de mais à sua autêntica capitulação face ao mundo, ao seu desarme espiritual perante as modas do dia. Ao prescindir da Realeza Social de Cristo, e ao renunciar à sociedade cristã optando pela maritainiana sociedade de cristãos - olvidando-se de que uma sociedade cristã é necessariamente uma sociedade de cristãos, mas uma sociedade de cristãos não é forçosamente uma sociedade cristã -, os maus homens de Igreja abriram as portas ao desastre cujas causas efectivas Dom José Policarpo tenta agora infrutiferamente esconder! Na verdade, quem semeia ventos, arrisca-se a colher tempestades!

E, de resto, só posso estranhar que o Patriarca de Lisboa surja com tantas lamentações, num tom que roça o farisaísmo. Sem esquecer a deplorabilíssima omissão por ele protagonizada no ano transacto, ao recusar empenhar-se seriamente no combate contra a legalização do aborto a simples pedido em Portugal, sustentando que este não era um problema de foro religioso, no que tange à grave quebra da natalidade, não me lembro de quando é que o episcopado português defendeu publicamente pela última vez o ensinamento tradicional da Igreja que condena o controlo e regulação artificial dos nascimentos, bem plasmado nas fundamentais encíclicas "Casti Connubii", de Pio XI, e "Humanae Vitae", de Paulo VI. Quanto às homílias do comum dos sacerdotes diocesanos, não vale a pena sequer tecer comentários sobre comédias de gosto duvidoso. Por seu turno, no que concerne às vocações, é outro campo onde os maus homens de Igreja vêem medrar os frutos daninhos das opções tomadas nas últimas décadas. Se o padre não é mais um sacerdote que age em nome de Cristo, um outro Cristo, mas antes um homem como qualquer outro, um mero funcionário do "povo de Deus" à maneira protestante, que sentido faz ainda ser padre perante este quadro factual? Nenhum! E não falo sequer da perseguição que é levada a cabo sistematicamente em muitos seminários dominados pelos modernistas contra os candidatos ao sacerdócio que se atrevem ainda a esboçar sinais de um mínimo de ortodoxia doutrinária, tornando-lhes impossível a concretização da sua vocação.

Da entrevista de Dom José Policarpo, também não posso deixar passar em claro o indisfarçável rancor que lhe continua a provocar a acção de Sua Santidade o Papa em matéria de restauração litúrgica. Questionado pela jornalista Margarida Marante que o Papa gosta muito da "Missa em latim" - e aqui a dita jornalista comete um erro grave motivado pela sua ignorância acerca da matéria, reduzindo o problema da oposição entre o rito latino-gregoriano e o rito paulino a uma mera questão de estética linguística, quando o que está em causa é a opção entre um rito que afirma integralmente as verdades da fé católica e um outro que as minimiza -, o Patriarca de Lisboa, com fria astúcia modernista, responde que só viu uma vez Bento XVI celebrar em latim, mais precisamente na Missa que se seguiu à entronização papal. O Cardeal-Patriarca de Lisboa finge ignorar com notória audácia as notícias que lhe chegam do Vaticano, mas afirmar o que ele afirma na semana em que em na diocese de Roma, a cabeça da Igreja, foi constituída uma paróquia pessoal para os fiéis católicos do rito latino-gregoriano, que o Papa pretende exemplar, constitui uma autêntica fífia, um verdadeiro tiro no próprio pé!

Para concluir, apenas mais um comentário sobre um outro ponto da entrevista em análise que não pode ser ignorado: no final da mesma, tecendo longas considerações acerca do Islamismo, D. José Policarpo ousa dizer que reza para que os muçulmanos sejam bons muçulmanos! À boa maneira modernista, não conceberá sequer orar para que os muçulmanos se convertam à única religião verdadeira - a Católica - e adorem o Deus Uno e Trino por eles negado…

quarta-feira, março 05, 2008

Sentido común

De todo lo que he leído sobre la controversia sobre la Oración del Viernes Santo sobre los judíos –que no ha sido poco- me parece a mí, y admito que es una opinión personal, que esto es lo más sensato que he leído. Y lo recomiendo fehacientemente.
Ahí dejo el enlace porque creo que debería ser motivo de reflexión para todos nosotros. Especialmente para los que militamos en la Tradición.
De todas maneras, y por encima de todo, el Obispo Williamson –sin duda el más sagaz de los cuatro Obispos de la Hermandad de San Pío X-, nos insiste en que amar a nuestros hermanos los judíos implica querer su salvación eterna. De ahí que tengamos que hacer la distinción entre falso antisemitismo y, por otro lado, el antisemitismo verdadero. Reflexiones estas, las de Don Ricardo Williamson –quien se nos está argentinizando, y para bien-, breves y certeras.
Con todo pienso yo que lo prudente sobrenaturalmente hablando es apoyar y estar con el Santo Padre en esto. Al diablo con la prudencia humana, que de esta no hablamos. Insisto, y es una opinión personal, que siguiendo a Santo Tomás de Aquino (ST: II II Q.33, a.4, ad 2m) uno sólo puede enfrentarse a la Autoridad del Santo Padre cuando la Fe está en juego. Aquí, pese a quien pese, no lo está.
Lo cual no quita ni una iota para seguir afirmando a machamartillo la Doctrina de siempre: que los judíos al rechazar a Cristo Nuestro Señor, Nuestro Salvador, de su misma raza y de su misma sangre nacido de María Virgen, al rechazar el depósito de las Profecías que se cumplieron en Jesucristo, al condenarle inicuamente el Sanedrín (véase el libro “La Asamblea que condenó a Jesucristo”, escrito por dos judíos conversos al Catolicismo y luego ordenados Sacerdotes y hoy día publicado por Rialp), al demandar en masa que la responsabilidad por la Crucifixión de Jesucristo cayera sobre los judíos de entonces y sobre sus descendientes (Mt 27, 25) y al persistir en su obstinado rechazo a través de los siglos de Quien toda Salvación procede se empecinan en su ceguera de no ver y no querer ver al Verdadero Dios, hecho también Verdadero Hombre para nuestra Salvación. Y, como se dice en castellano, “no hay peor ciego que el que no quiere ver”.
Con todo no es lícito imponer por fuerza o coerción la Fe a nadie. Dios quiere que vayamos hacia El a través de su Hijo Unico. Pero quiere que vayamos desde el corazón de cada uno, libremente, no desde el “cree o muere”. Al cristiano sólo le queda pues rezar por la conversión de los judíos e invitarles a que se conviertan. No puede hacer más. Ni menos.
De la conversión de los judíos al Catolicismo dependen muchas cosas. La salvación de la humanidad, por ejemplo, ya que “la salvación del mundo viene de los judíos” (Jn 4, 22).
Ahí es nada.

Rafael Castela Santos

terça-feira, março 04, 2008

In English, please!

My article “Tradición y modernismo en la Iglesia”, previously published in Spanish in the Portuguese digital journal Alameda Digital, has been now translated into English thanks to the good efforts of TTony, of The Muniment Room,
As we have a few readers who are from English-speaking countries, it will help those of “tolkienian” and/or “chestertonian” disposition and persuasion in linguistic matters.
We reproduce here this entry of The Muniment Room
Once more, thanks to TTony.

The very essence of the Church demands continuity between Jesus Christ, Our Lord and Saviour, and our times. So those who call themselves “Christians”, but who have broken this continuity, cannot be part of the Church. Neither Lutherans, nor Calvinists, nor Methodists, nor members of any Protestant sect, are part of the Church, however much they might claim to be.
The Catholic Church doesn’t just have a 2000 year history of real and effective existence: it actually has a 6000 year history, because the Old Testament Prophecies are fulfilled in Christ. All of Judaism pours out into Christ, however little the Jewish people see it. In fact Judaism, in order to survive into modern times, has to drink deeper from the Talmud than from the Old Testament, and the Talmud was compiled after the time of Christ. As many theologians have noted throughout history, the new Israel – the chosen people – is the Catholic Church. A marvellous book called “How Jesus Christ Said the First Mass” explains how the institution of the Eucharist and the Mass at the Last Supper thrusts its roots deeply into the Sacred History of the Old Testament. Many of the things which take place prefigure the third and definitive Revelation which is of God himself: Christ.
Of course none of this is possible without the existence of Tradition, a deposit of Faith, Doctrine and Liturgy which is passed from generation to generation and which is changeless. The Faith requires some basic assumptions, which we call Dogmas, and which Catholics have to believe if they are going to continue to be Catholics. Dogmas are immutable, as is the Faith. Of course it is possible to make clearer something which is implicit in Doctrine: for example, the proclamation of the Dogma of the Immaculate Conception happened in the nineteenth century, but there is evidence that this feast was celebrated as early as the third. One of the authors who writes most clearly about this is Fr Juan González Arintero OP, who in the three volumes of “Development and Vitality of the Church”, and in his “Mystical Evolution” explains how the development of doctrine is organic, yet does not introduce novelties or, even less, contradictions.
The best expression of the biblical saying “one Faith and one Shepherd” is the Mass codified by Pope St Pius V. There are several Catholic rites, but they have always shared three nuclear aspects which come from Tradition: the Canon, the Offertory and the Consecration. Various additions were made to this foundation through the centuries, because Tradition is not about stagnation, but about sensible, accurate, thought-through, organic progress. The Roman Canon codified this one Faith – while respecting venerable Rites such as the Hispano-Visigothic (often referred to inaccurately as the Mozarabic Rite), the Rite of Braga, or the several eastern Catholic Rites. Pope St Pius V accepted that the Mass could be added to in the future, as happened with the Leonine prayers to St Michael at the foot of the altar. But “Anathema Sit” was hurled at those who would change what was codified: modification of the Canon of the Mass, which had been sealed by the Holy Pope at a time when the enemies of God and His Church moved towards their high tide, could not be accepted.
It is Tradition which links us directly to the time of the Apostles and to Our Lord himself. Because if Christ instituted One Church, the Catholic Church, it is no less certain that He gave it the power to bind in Heaven: Tradition means respect for the past, the impossibility of a rupture with the past. Pope St Pius V codified the Mass, and there is no human nor angelic power able to change this dogmatic statement. Nobody, not even the Holy Father himself, can change a dogma which has been proclaimed. As Chesterton said: “Tradition is the democracy of the dead”. And as the Church has three parts (the Militant, the Suffering and the Triumphant) we have no right to attack the link which, across time, unites those of us who are alive on Earth with those who live in the hereafter. The democracy of the dead has one of its axes in Christ, and is therefore theocentic.
The modernist proposes that all our principles and our dogmas should be adapted to the spirit of the times, the Zeitgeist. Modernism, which Pope St Pius X called “the sewer of all heresies” empties the Faith of content because it empties dogmas of content. Although there has to be an intimate connection between Faith and Liturgy, modernism has managed to make of the Catholic Liturgy of today a multiple, chaotic, changeable and ugly thing, which reflects the philosophy which inspires it.
Grass doesn’t grow beneath the feet of the modernist, because he might cut it at any moment. In modernism, the axis is no longer centred in Christ: it has become anthropocentric. Modernism is, therefore, immanentism.
And a word about that weak creature that can be seen here and there: the Vatican II conservative. He is not a defender of Tradition. He is somebody who has accepted some of the precepts of the Revolution while rejecting others. He wants to freeze the Revolution at point that suits his interest or his convenience. He wants to preserve odd remnants of the Traditional order of things, even though they may already have been emptied of content or meaning. Unlike the Traditionalist, the Vatican II conservative is stagnant, even though, much to his discomfiture, he is permanently surfing the waves of Revolution. He is disguised as a chameleon.
If the liberals are high speed anthropocentrists, the Vatican II conservative is a low profile anthropocentric: but they are still both anthropocentrists.
Neither those who openly favour rupture with the past: the modernists; nor those who tacitly allow it to happen: the Vatican II conservatives; belong in Christ’s Church. The Mystical Spouse of Our Lord admits neither circumlocution nor compromise. The Mystical Spouse is outside time, and even at Her foundation She sinks her roots deep into the first Revelation to our first parents. The Mystical Spouse can only be understood and loved through Tradition.
The Catechism says that there are three pillars of authority: the Holy Scriptures, the Fathers, and Tradition. And isn’t it Tradition which connects and holds everything together?
Juan Vázquez de Mella says that the difference between men and animals is traditionalism.
He is spot on.

Rafael Castela Santos

segunda-feira, março 03, 2008

A Fé no deserto


Há cerca de uns quatro/cinco anos, em conversa com um sacerdote que então servia no Priorado da Fraternidade de São Pio X, em Lisboa, disse-lhe que às vezes não conseguia sentir bem a Fé. Respondeu-me prontamente que a Fé não se sente, e que das duas, uma: ou se tem, ou se não tem. Acrescentou que mesmo no deserto existe a Fé, e que se Deus nos coloca no deserto, temos de atravessá-lo com essa Fé.

Lembrei-me deste diálogo, durante a recente leitura do extraordinário livro "Las Parábolas de Cristo", do Padre Leonardo Castellani - por sinal, autor muito apreciado pelo meu interlocutor, que amiudadas vezes o referia -, no qual o ilustre sacerdote argentino, a dado passo da sua análise da parábola da videira e dos ramos (São João 15, 1), afirma o seguinte:

Una persona que está tremendamente en cruz, me dijo: Dicen que el dolor eleva; a mí no me ha elevado". La única respuesta es: "Nosotros como sensitivos, quisiéramos sentir la elevación; pero la elevación a veces no se siente (de momento) pues la gracia es invisible e insensibilible. El sarmiento enjertado puede que no se sienta crecer; o que no crezca; pero ha sido elevado al ser injertado. Nadie ve a una raíz crecer; y es preciso crezca ella primero para que se vea crecer el árbol. La gracia trabaja primero"para abajo".

Distributismo



Je Maintiendrai


Há muito que não desfrutava de um Domingo como o que hoje gozei: sem quaisquer assuntos pendentes de trabalho à espera de resolução, inteiramente dedicado aos deveres religiosos e ao ócio (no bom sentido que em tempos foi aqui analisado), permitindo que regressasse a estas lides quase um mês depois.

E antes de mais, constatando que a falta de tempo para actualizar os respectivos blogues é mal que parece atingir vários amigos desta "Casa de Sarto", não posso deixar de lamentar o fim do "Je Maintiendrai". Tratava-se de um espaço que paulatinamente se havia imposto como um dos meus locais de visita quase diária, admirador que me tornara da elegância de trato e do requinte intelectual do seu responsável, ademais senhor de um fino sentido católico bem escorado numa vigorosa espiritualidade inaciana.

Nas férias do Verão passado, entre outros locais, estive em Bragança: aí tirei várias fotografias ao antigo Colégio da Companhia de Jesus e à sua respectiva Igreja, que durante mais de dois séculos - e após a expulsão dos Jesuítas por Pombal - serviu como Sé Catedral da diocese bragançana. Enquanto captava tais imagens, por diversas vezes me recordei do "Je Maintiendrai". Pensei desde logo publicá-las neste espaço, mas não sei porquê, tal acabou por nunca suceder. Supro doravante a falha em relação a uma delas, como modo de homenagear o autor de um grande blogue que agora findou.